26 maio 2011

Para não perder o hábito...

...de escrever, que bem tenho andado distante da blogosfera.
...de partilhar o que penso com quem nem sempre posso.
...de me lembrar que vivo num país que está sempre em campanha eleitoral, porque parece ser a única coisa que a classe politica sabe fazer a toda hora, a todo o momento.
...de me lembrar que desde pequenino pouco mudou. Melhorou-se a cosmética e a retórica dos discursos, nada mais.
...de continuar a ouvir as mesmas promessas isoladas, as ideias em flash que ninguém consegue explicar como começar, acabar, ou simplesmente enquadrar no panorama actual, a falta de coerência, a troca de acusações e a nomeação de culpados para distrair e camuflar impotência e incompetência. Mas sobretudo, a ausência de um fim, um propósito.
...de recordar que temos partidos, Governo e Assembleia da República para vomitarem leis à mercê das oligarquias, em vez de pensarem nelas para estabelecer a harmonia e a justiça, damdo-lhes vida de uma forma estruturada, e em compromisso com a sociedade.
...pensar que a história se vai continuar a repetir, porque quando alguém não tem objectivos não luta, não procura, não tem esperança. Assim acontece com uma Nação.
...de analisar cada candidato com a distância partidária que me caracteriza, e de achar que nenhum tem um modelo ou uma linha de pensamento com cabeça, tronco e membros, enquadrada com a realidade actual, e que nos dê algo em que possamos acreditar ou pelo menos compreender. Resta-nos continuar a rastejar para pagar as dividas e seguir os chefes da Troika, pois nem vale a pena pensar que nos vão dar descanso até que acertemos as contas.
...de entender que vamos trabalhar mais, talvez ganhar menos, que o nosso dinheiro vai também valer menos e que vamos ter menos direitos, que o desemprego vai aumentar, os impostos vão subir, etc. Sim ok, é um esforço nacional para tirar o estado do fosso, mas até quando? Não foram estas as políticas da última década? Em que medida isso resolveu ou resolverá o problema estrutural da nossa economia?
...de estar plenamente convencido que qualquer partido ou coligação que venha a governar portugal não terá hipóteses de oferecer na primeira metade da legislatura medidas e reformas agradáveis. A menos que queira mesmo levar o país à banca rota.
...de estar plenamente convencido que igualmente o país irá à falência se mantivermos apenas como eixos orientadores o défice, e as consequentes medidas austeridade.
...de continuar a sonhar que a política e sociedade se unam e percebem que somos todos UM, que precisamos uns dos outros, mas que necessitamos de saber o que esperar, o que fazer, como fazer, o que procurar, que compromissos assumir de parte a parte, quais as metas, quais os riscos, quais os desafios, quais os recursos... Onde raio devemos investir as energias de uma vida? Temo que não haja nenhum candidato que dê resposta a estas questões. Por isso, até lá vou me divertindo com debates entre senhores a brincarem aos partidos.
...de ter a ousadia de criticar quando também não tenho todas as respostas para estas questões. Porém, tenho esse direito porque sou contribuínte, e parte do que me é sugado a mim e aos demais pelos impostos tem servido para pagar os salários destes senhores deputados e candidatos que o melhor que sabem fazer é olhar pra trás em busca dos mártires, falar muito dos problemas que toda a gente já sabem que existe, e passar "batatas quentes" uns aos outros.
IRRA... que cansaço! Olhem para o futuro com a consciência do presente que é pra isso que são eleitos e pagos, mas não se esqueçam do povo que é quem vos elege, idolatra ou derruba, e, sobretudo, quem pode ser capaz, com a vossa ajuda, de por este país no rumo certo.

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