10 janeiro 2009

Um «Governo Mundial»

Gideon Rachman, comentador em chefe de assuntos estrangeiros no jornal Financial Times, escreveu um editorial deveras provocador. Na minha opinião, este editorial possui o intento de desbravar e sensibilizar (dito de outra forma, preparar) a opinião pública para um recente (mas antigo na pretensão) conceito de governo: «O Governo Mundial».

Escreveu sobre a ideia profética que visa a criação de um «Governo Mundial», em que, e arredando o multilateralismo que se tenda impor nos dias que correm, os problemas de âmbito mundial (segurança, ambientais, sociais e económicos) e trans-nacionais teriam a sua resolução facilitada devido à centralização do poder num (a criar) «Governo Mundial», à semelhança da União Europeia.

Este editorial é ironicamente delicioso, para quem já se converteu ao "The Zeitgeist Movement" e acredita na possibilidade que uma elite de pessoas (algumas bem identificadas) implemente (indirecta ou directamente) um «Governo Mundial». Um sinal angustiante a ter em conta, tanto pelo conteúdo da «mensagem» como pela relevância do autor e as ligações deste com as "elites" mundiais.

Se num mundo preenchido de variabilidade política, como se pretende e à luz das leis fundamentais da vida e da Democracia, o cidadão, o elemento base de toda a estrutura governamental, se sinta impotente e, por vezes, efectivamente arredado de participar ou, pelo menos, ser "escutado" pelo seu governo, imaginem como seria a "democracia" de um «Governo Mundial», omnipresente e elitista. É evidente que a Democracia teria que ser sacrificada em prol, segundo estes ideólogos, de um objectivo maior e conveniente. Uma Democracia em toda a sua plenitude é inexequível com este conceito. Em suma, um «Governo Mundial» só é possível e praticável se consubstanciar numa "ditadura" à escala global. E isto, é algo inaceitável e a evitar.

De leitura obrigatória:
Editorial do Financial Times admite agenda para criação de um governo mundial ditatorial;
Rachman se diz horrorizado com a reação ao editorial "O Governo Mundial".

De visualização obrigatória:
Zeitgeist
Zeitgeist addendum.

2 comentários:

  1. Por um lado há quem pense que isto vai acabar por estoirar, opinião que ganhou força depois de assistirmos ao que se passa na Grécia, por outro lado o discurso do governo mundial começa a subir de tom, como que a preparar a opinião pública para o que se avizinha a médio longo prazo. Duas realidades opostas que poderão não se excluir uma à outra.

    mescalero

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  2. Diria, directamente proporcionais:
    Quanto maior a aceitação e a implementação deste conceito (governo mundial) maior será a sua contestação (à "coacção" mundial).

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