14 outubro 2009

Orgulhosamente sós, aparentemente, nos risos e sorrisos

Parece que a «silly season» perdura nos comportamentos de alguns portugueses. No «rescaldo» do último acto eleitoral as atenções mediáticas viram-se para um vídeo, com cerca de dois anos de existência, «caseiro» embora exposto num canal televisivo brasileiro, de uma famosa actriz brasileira. Neste vídeo, Maîte Proença brinca e troça com o egrégio povo português. Nada de especial, faço-o todos dias e, no entanto, sinto-me alegre e culturalmente português. Porém, houve um súbito interesse por este vídeo. Com isso, despertou-se um «nacionalismo» bacoco e um mau-humor patriótico em alguns seres. Esta erupção sentimental levou muitos a assinar uma petição e exigir um pedido de desculpas (já efectuado). Com este episódio, no mínimo inútil, prova-se que ainda existe um intenso ressabiar histórico entranhado na alma de muitos portugueses que, vejam só como é difícil, não conseguem sorrir sobre o seu conjunto e país.

3 comentários:

  1. A falta de sentido de humor é quase directamente proporcional à falta de cultura e de inteligência. Infelizmente há muita gente que não consegue rir-se de si própria, e perceber que esse é o caminho certo para encarar a vida de forma positiva e modificar aquilo que está mal. Com um sorriso ou uma gargalhada é mais fácil enfrentar as dificuldades. Mas há pessoas que preferem ignorar as fraquezas e os defeitos ressabiando-se de imediato à mínima intenção de "crítica", ainda que seja pelo sentido humorístico.

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  2. Quem tem medo de ser alvo de piadas?

    O medo de que se riam de nós tem um nome: gelotofobia. Um estudo prova que ultrapassa fronteiras

    No mundo há dois tipos de pessoas: as que não se deixam afectar quando se riem delas e as que ficam profundamente marcadas por isso. Na realidade o mundo divide-se em mais grupos, mas para os 93 cientistas que fizeram um estudo sobre o medo de que se riam de nós - a gelotofobia - a divisão é um ponto de partida.

    O tema foi discutido em Espanha pela primeira vez no passado Verão, durante o 9.o Simpósio Internacional do Riso e do Humor. "As pessoas riem-se dos outros por várias razões", explica Victor Rubio, psicólogo da Universidade Autónoma de Madrid e um dos espanhóis que participaram no estudo. "A pessoa que é alvo do riso fica ansiosa, o que a leva a evitar situações em que isso pode acontecer, criando problemas sérios no seu desenvolvimento social", adianta.

    De um universo de 22 610 pessoas de todo o mundo, os investigadores não só conseguiram dividir os gelotofóbicos em duas classes (os que ficam inseguros e os que passam a evitar as circunstâncias em que possam ser alvo de riso), como concluíram que a fobia varia de cultura para cultura. Em países como o Turquemenistão e o Camboja, os gelotofóbicos tendem para o pólo da insegurança, mas no Iraque, na Jordânia ou no Egipto, a maioria das pessoas passa a evitar os locais onde já foi alvo de gozo. Com o estudo concluiu-se ainda que é na Finlândia que menos pessoas se deixam afectar pelo riso. O pólo oposto? A Tailândia, onde 80% das pessoas julgam estar a ser gozadas quando alguém se ri por perto.

    Joana Azevedo Viana
    Jornal i
    15 de outubro 2009

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  3. Porreiro pá!

    Então, os portugueses são uns "gelotofóbicos" (não sei se é assim que se escreve, aquele que sofre, vá lá, de gelotofobia) mas na vertente cultural próximo do Camboja, pois a insegurança sente-se.

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