27 agosto 2008

E se o silêncio for quebrado?

A disponibilidade de discussão na sociedade cabeceirense é restrita. As causas são várias: os pretextos, as desculpas, os preconceitos, a cidadania debilitada, a sociedade, o individualismo, a adulação à moralidade e ao dever de pacatez, etc. Como gostaria de ver, ouvir e sentir opiniões dos demais cidadãos, sem complexos, sem a preocupação vexatória de ter o consentimento moral do outro para falar ou estar. Temáticas transversais, tais como a homossexualidade, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, a liberalização das drogas leves, a energia nuclear, a religião, a sociedade, os valores, a moral, a freguesia, o concelho, as pessoas e o futuro, necessitam de se ouvir. As organizações para tal funcionam mal, pelo simples facto, de não haver um são debate sobre tudo e qualquer coisa. Existe um vazio de debate, nunca de opinião, porque até na surdina a mais inóspita e inconcebível opinião é gerada. Mas o que será que falta?

Lembra-me, estas linhas, um evento ao qual fui em 2005. Em, plena época eleitoral, fui convidado a assistir a um debate/conferência organizado pela juventude socialista. O evento, realizou-se num espaço de diversão nocturna no centro da vila de Refojos de Basto. Rigorosamente, não me recordo do que foi discutido ou o que faltou discutir. Lembro-me, neste âmbito, de um episódio, na habitual troca de opiniões entre o público e os conferencistas, que causou espanto e perplexidade. Alguém insurgiu-se do atónito público e questionou os conferencistas sobre qual seria a opinião deles sobre a legalização das drogas leves. De imediato, risinhos cínicos rompiam a atmosfera de conformidade política. Quais espíritos incomodados por dentro e menosprezáveis por fora. Enfim, aí mostrou-se, num público maioritariamente jovem, quanto a "mentalidade colectiva" desta terra está constrangida. No meio do sarcasmo e da ironia, e da pertinência de tal perturbadora questão, concluiu-se que: para quem foi dirigido a questão com nada respondeu. Evadiu-se através da retórica política. Enfim, um elucidativo episódio de como são as coisas e sobre aquilo que é necessário mudar.

4 comentários:

  1. É aqui que a sociedade civil pode e deve intervir. Eu concordo e estou contigo.
    Porque não organizas um encontro?

    "Ain't our society a bitch?"

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  2. "a little bit"

    Certas questões mereciam ser discutidas pela sociedade. Sem duvida. Uma sociedade civil bem informada, sem problemas em discutir sobre um pouco de tudo é duplamente "protegida" e bem mais interveniente no espaço que a envolve.

    Quanto ao encontro, já se questionou uma proposta para uma tertúlia, que se esvaeceu nos afazeres ou não...o nome do blog não é por acaso.

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  3. Marco, podemos muito bem organizar uma tertúlia, numa destas tardes de início de Setembro. Aliás, já nos foi proposta a organização do 2º encontro de blogues do Minho. Larga a mangueira dos bombeiros e anda combater outros fogos. ;)

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  4. Organizar e programar(?), não é algo que me agrada. Como disse anteriormente, o nome do blog não o é por acaso.

    Quanto à tua proposta, além de ser deveras generalista (meu, quais fogos?) é inocente. Vítor, a crise paga-se com trabalho. Por isso, o tempo escasseia e o trabalho abunda.

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