07 dezembro 2008

A continuidade da «esperança»

Barack Obama, o eloquente e enigmático recém-eleito presidente dos grandiosos EUA, está a preparar a sua equipa governativa. Não me surpreende a natureza política desta equipa. Por detrás da voz, do discurso e da euforia, a ligação de Barack ao the establishment, ou seja à elite governativa (a tal que governa na prática), era evidente. Fosse pela vacuidade das sua palavras ou pela generalização do conceito de mudança, era a "indisponibilidade" de concretizar o que pretendia fazer (ou mudar) que marcava verdadeiramente esta ligação.

Resultou. Barack Obama está onde, para muitos, deve estar. Agora, é o tempo de concretizar a afamada mudança. E eis que, naquilo que vai ser a linha orientadora da futura política da Casa Branca, surge os nomes a constituir o governo. Dos elementos conhecidos até ao momento, destacam-se a origem e a natureza politica destes. Na procura de uma equipa governamental consensual (de reparar como a palavra dominante no discurso mudou) e equilibrada, Barack Obama, se refugiou na continuidade em muitos sectores-chaves para a governação.

São dois ex-presidentes do FED -um da secção de Nova Iorque e o outro do FED Nacional: o retornado Paul Volcker-, um secretário de defesa da administração Bush, vários ex-participantes da Administração Clinton e, a verdadeira cereja em cima the establishment cake, a Hilary Clinton como constituintes na "nova" Administração, a entronizar. Para quem acreditava na mudança, mesmo a nível interno, sente-se, actualmente, "traído" com "eleição" destes nomes para a determinação do futuro dos EUA.

Onde está a acção de rompimento com a actual situação, a mudança, e a possibilidade de conseguir mudar o país? O único resquício prático, do discurso cativante e enigmático da campanha eleitoral, é o sentimento de esperança. A esperança que algum dia algo mude substancialmente nos EUA.

Adenda: «Obama escolhe os que fracassaram» via [Troll-Urbano]

2 comentários:

  1. Lá como cá os Pinóquios da política vão-nos mentindo, vendendo-nos realidades ilusórias e fazendo promessas que não podem cumprir.
    São marionetas num espectáculo no qual em palco o público se antes via Bush agora ve Obama mas os cordeis continuam a ser manobrados pelos senhores de sempre. Os mesmos que puseram isto como está...

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