16 fevereiro 2009

Preconceito e ignorância são as "algemas" das vítimas de doença mental

Hoje no JN uma notícia intitulada de - "Estado ignora doentes bipolares", alerta para um caso de alegada discriminação. Obviamente não conheço as condicionantes deste caso, mas não me espanta que por este país fora, as vítimas de doença mental sofram de discriminação por parte do Estado, uma vez que, a própria sociedade os discrimina, quer pela ignorância, quer pela falta de respeito altiva pelo "maluquinho". No entanto, devo alertar que sofrer de doença mental não implica reforma por invalidez. Há centenas de pessoas que sofrem destas patologias, que quando compensadas do ponto de vista terapêutico e, essencialmente do ponto de vista de suporte social e institucional, têm uma vida perfeitamente normal. Contudo, como disse anteriormente, não conheço as condicionantes deste caso em particular.
Por outro lado não resisto em dizer que a saúde mental/psiquiátrica em Portugal, quando comparada com outras especialidades, se encontra muito atrasada e pouco adaptada às sociedades actuais. Muita da culpa é dos sucessivos governos que têm olhado para este sector da saúde como um mal menor, negligenciando o investimento nas instituições psiquiátricas e na importante reinserção/acompanhamento social das vítimas destas patologias. Se o Estado ignorasse os diabéticos, os doentes cardíacos, os doentes oncológicos..., etc como ignora os doentes psiquiátricos, a saúde em Portugal seria um verdadeiro caos (discriminação portanto).

7 comentários:

  1. Sendo esta a área em que eu trabalho,conheço bem de perto esta realidade.
    O caminho da psiquiatria tende para a desinstitucionalização. O objectivo é acabar com o "depósito" dos doentes nas instituições. No entanto, é necessária a criação de uma série de apoios e suporte social que permitam o acompanhamento destes doentes.
    O estigma e o preconceito são grandes condicionante para todo este processo. É fundamental a sensibilização da comunidade, só assim será possível uma eficaz reinserção social.

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  2. Charlene peço-te perdão por ter elaborado este post, que certamente terias tido gosto em fazê-lo, sendo a área em que exerces a tua actividade profissional. Para a próxima informo-te quando houver uma notícia destas, para fazeres tu o post, prometo. Quanto ao teu comentário subscrevo na totalidade. A problemática da desinstitucionalização passa pela escassez de apoio no acompanhamento e reinserção social acrescidos à ignorância e ao preconceito da sociedade. No entanto, nem todos os doentes poderão ser desinstitucionalizados, e a esses têm de ser dadas condições dignas de seres-humanos. Infelizmente alguns departamentos psiquiátricos que conheci, assemelham-se a autênticas masmorras ou catacumbas, que em nada contribuem para o equilíbrio do doente e sua possível recuperação. E é aqui que culpo os governos, por não investirem devidamente neste sector tão importante da saúde.

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  3. Não tens que pedir perdão,o teu post está muito bem escrito. Concordo plenamente com o que dizes. De facto, muitos doentes não têm condições para serem inseridos na comunidade e as condições das instituições não são,regra geral, as melhores.Unidades com demasiados doentes, poucos profissionais por cada unidade, são alguns dos muitos problemas com que me deparo. Mas como nem tudo é mau, a instituição onde eu trabalho será completamente remodelada, quer em termos físicos, quer em termos organizacionais, com a criação de unidades mais pequenas e novas valências que permitirão colmatar algumas falhas que existem no apoio aos doentes mentais.

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  4. Não, é shit!
    Como são diversos escritores no blog sempre podem escrever e ao mesmo tempo comentar. Não tem o messenger!

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  5. Não vejo qual é o problema de os escritores no blog poderem comentar em artigos do mesmo blog...

    A liberdade de expressão pratica-se em qualquer parte.

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  6. Caro(a) Cartera, subscrevo as palavras do Marco e acrescento o facto de eu e a Charlene para além de não termos trocado ainda os endereços de e-mail, sermos enfermeiros, logo trabalhamos por turnos, logo muitas vezes tá ela a dormir e eu acordado e vice-versa. Há ainda outro pormenor, que é o facto de eu não ter internet disponível os 30 dias do mês.

    Mas também lhe pergunto - porque gastou tempo a escrever um comentário que não faz qualquer tipo de alusão ao post publicado?????

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