07 outubro 2009

Há cada vez mais gente a pensar como eles

Rui Rio afirmou que o «Governo está a criar um país de subsidio-dependentes», aconselhando um «arrepiar de caminho» na atribuição do Rendimento Social de Inserção (RSI). Rui Rio, seguindo uma lógica populista assenta o seu discurso político na crítica aos subsidiados dos rendimentos de inserção social, inferindo a «acomodação» destes ao subsídio. Exige uma maior fiscalização e a implementação da contrapartida do trabalho comunitário a quem beneficie do RSI.Como base deste discurso está o aumento de 50 mil beneficiários do RSI em relação ao ano de 2008.

Isto é um tipo de discurso popular que tem a direita portuguesa como a origem política dos seus maiores oradores. Neste âmbito, o CDS-PP é o partido que mais se evidencia. Como exemplo, temos uma campanha eleitoral recheada com a premissa demagógica que quem recebe o RSI não são os mais pobres dos mais pobres mas sim os preguiçosos e burlões. São os que pensam como eles que devemos desmascarar.

Rui Rio, e outros que pensam como ele, não destaca a relação directa entre a crise económica e o aumento do número de beneficiários de subsídios estatais. Prefere iludir dizendo que o Governo não ajuda os que menos têm mas que cria «subsídio-dependentes».

Rui Rio, e outros que pensam como ele, não publicita que a taxa de risco de pobreza aumentou em Portugal e só com o apoio do Estado é que o processo pode reverter. Pois, num quadro de crise económica o sector privado, pela sua natureza e objectivo, não subsidiará a diminuição da pobreza. Rui Rio, e outros que pensam como ele, prefere reivindicar a contrapartida do trabalho comunitário.

Rui Rio, e outros que pensam como ele, não destaca que entre os 385 mil beneficiários existem 38 mil que tendo outros rendimentos (e.g.trabalhadores) necessitam do RSI para sobreviverem. Provavelmente, quem pensa assim, não realçará que as causas principais deste estado de necessidade são a inexistência de emprego e, de uma forma preocupante, o prolongamento dos baixos salários pagos em Portugal. Sobre as causas, Rui Rio, e aqueles que pensam como ele, prefere não «popularizar».

Rui Rio, e outros que pensam como ele, não refere que os beneficiários de certos subsídios estatais (e .g. RSI e complemento solidário) não estão sujeitos a um verdadeiro sigilo bancário. Em concreto, quem recebe o «malogrado» rendimento não está imune a uma vistoria governamental (via Segurança Social) às suas contas bancárias ao contrário de quem não precisa deste rendimento.

Porém, Rui Rio, e outros que pensam como ele, não defendem o «levantamento do sigilo bancário» para efeitos de crime económico e burla fiscal mas para os beneficiários do RSI exigem uma maior e mais «asfixiante» fiscalização. A título de exemplo, entre 2003 e 31 de Outubro de 2008 foram detectadas irregularidades na atribuição do RSI que consubstanciaram 21,3 milhões de euros entregues indevidamente pelo Estado. O Estado tem entre 10 e 14 mil milhões de euros em dívidas fiscais a cobrar. No entanto, Rui Rio, e outros que pensam como ele, dão mais relevância política à fiscalização sobre os RSI.

Como conclusão afirmo que há quem consiga "escapar" à fiscalização sobre os RSI e abuse da solidariedade estatal. Há e haverá sempre quem transgrida as regras. Só que tomar a parte pelo todo é um erro grave e injusto que é impulsionado pela constatação que quando falamos em subsídios estatais, estamos a discutir casos de emergência social e o que está em causa seja a sobrevivência de muitos cidadãos. Por isso, e por tudo o resto, repudio o discurso populista, que tem assolado os média portugueses, proferido por políticos e partidos que usam e abusam do oportunismo político para elevar aos céus os seus interesses políticos, nem que para isso tenham de ostracizar os mais «pobres dos pobres». Racismo social, não!

20 comentários:

  1. Este tipo de discurso infelizmente ainda faz percurso junto de amplas camadas da população. É o apelo ao que de pior temos: a inveja e a sovinice.

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  2. eu sei que nao tem nada a ver com o post... mas passem por este blog http://ouricomc.blogspot.com/

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  3. Impressionante como este discurso "cai bem". Inúmeras pessoas aceitam-no. Falta de informação...só pode.

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  4. Eu penso como Rui Rio. Eu penso que é necessário fiscalizar de uma forma mais eficaz os beneficiários do RSI. De poder contar com esses beneficiários para a realização de trabalho comunitário. Que o RSI da maneira como é aplicado é uma politica perigosa e que funciona como uma politica de desinserção e não de inserção como originalmente foi planificado. Não tenho duvidas de que o RSI é em muitos casos vital para garantir algumas condições básicas de sobrevivência, sobretudo num momento de crise como o que vivemos. Por isso mesmo, e por os recursos serem poucos, por isso mesmo se deve apertar a fiscalização e punir os infractores e os intermediários que garantiram o acesso a um privilégio que não merecem e que descredibiliza o sistema e penaliza a medida que é justa e necessária. Ninguém de bem dirá o contrário.
    Mas penso também como Paulo Portas quando afirma que esse complemento social poderia ser distribuído em bens. Em bens que beneficiem as famílias, bens úteis, acabando com situações de usos de fundos que deveriam servir para garantir mínimos de dignidade e servem muitas vezes para cavar ainda mais o distanciamento da sociedade.
    Penso por isso na prestação de serviço à comunidade como uma politica de integração e não de castigo em relação a quem beneficia do RSI.
    A possibilidade de conviver, de se sentir útil de conseguir produzir fugindo assim daquilo que Rui Rio chamou,e eu penso como ele,País Subsídio-Dependente. Grupo crescente de pessoas, gente esquecida a quem se dá uma pequena esmola para todos podermos dormir mais descansados.

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  5. País Bastos: até admito que pessoas de poucos recursos inventem pequenas mentiras para receber o RSI que apesar de valores irrisórios ajudam muito quem não tem quase nada. O que me mete asco é saber que no meio de tanta fraude fiscal, corrupção, fuga ao fisco, lavagens de dinheiro, enriquecimentos não esclarecidos, as prioridades desses senhores sejam fazer caça aos mais pobres. Não está em causa portanto corrigir e combater a fraude. Mas gostaria de os ver colocar o foco onde deve ser. Na fuga ao fisco, na fraude fiscal, na corrupção, no enriquecimento ilícito. Em apoiarem o levantamento do sigilo bancário. E depois ouvir dessas coisas na boca de pessoas que inventam "jacintos capela regos" para receber dinheiro ilícito, que acolhem nas suas contas bancárias milhões de euros caídos dos "céus". Que fazem negócios suspeitos e injustificados como a compra de submarinos. Que sempre fugiram ao combate efectivo à corrupção, votando contra as propostas apresentadas no parlamento por outros partidos ... por amor de deus! Essa gente não merece o meu respeito!

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  6. Até concordaria com Paulo Portas e Rui Rio, se a conjuntura fosse outra, se houvesse emprego em todas as esquinas, e se Portugal fosse a terra das oportunidades, em que, só não trabalha quem não quer. Mas a crise económica caiu que nem uma bomba, o desemprego disparou, muitas empresas faliram e muitas famílias, já de si sócio-economicamente desfavorecidas e de baixo potencial no que toca a empregabilidade (pelas fracas habilitações literárias e recursos de mobilidade)cairam num beco em que só podem sair se forem ajudados de alguma forma.

    Vamos perguntar ao Paulo Portas, que diz que vai retirar o RSI a quem não quer trabalhar, o que vai fazer depois a esses ex-benificiários?
    Será que o homem anda com os pés assentes na terra? Será que o problema económico do país está no dinheiro que se gasta com RSI, ou será o dinheiro fantasma que ninguém sabe onde pára? (os desvios, as luvas brancas, o branqueamento, os offshores, as derrapagens...)
    Será que o Paulo Portas não vê que hoje em dia é mais dificil encontrar emprego que em qualquer outra altura. Ele diz que muitos não querem trabalhar (e é verdade), mas serão assim tantos? E os que querem trabalhar e não têm maneira de o fazer, com tanto desemprego e falta de oportunidades pela ausência de mercado de trabalho? Serão assim tantos os benificiários do RSI? E serão este desgraçados, pobres na sua maioria, os responsáveis pelo défice e pelo empobrecimento do país, com os miseros 90 euros por cabeça?
    Então retira-se o RSI, e depois os que não têm oportunidade de trabalho (mesmo que queiram trabalhar), vão viver de quê?? e sustentar as suas famílias com o quê?
    Será que quer acabar com a pobreza ignorando-a, mal-tratando-a, deixando-a sem qualquer tipo de apoio? Incendiando ainda a opinião pública contra os pobres e consequentemente a falta de solidariedade para com eles em tempo de crise? Será que para Paulo Portas, a culpa do estado da nação é dos pobres? Será que temos de sair da crise á custa deles e não dos muito ricos. Uma vergonha. E são estes meninos elitistas riquinhos, que rotulam a esquerda de demagogica. Chama-se a isto pura demagogia populista, porque para além de em nada resolver os problemas económicos de base do país, vai desfavorecer ainda mais quem já é desfavorecido.


    Sabemos todos dos abusos que existem neste tipo de subsídios, mas não são apenas nestes apoios sociais que há abusos. Acho até, que deve haver uma intervenção rápida neste caso em especial, quer para uma melhor avaliação social, quer para uma mais eficaz fiscalização.
    Apenas concordo com a hipótese de em vez dos benificiárias auferirem de dinheiro, poderem vir a auferir de bens, como: alimentos, condições sanitárias, etc. Isso até me parece adequado para evitar que alguns benificiários usem indevidamente o dinheiro que lhes é dado.
    Mas, penso que Paulo Portas fica muito mal na fotografia ao dirigir o seu discurso contra os mais pobres e com frases em que diz que vai retirar o RSI a quem não quer trabalhar. Isso só prova o seu desfazamento com a realidade global do país e o usar de um discurso que se pode tornar perigoso para a estabilidade social.
    Paulo Portas tem sempre umas ideias interessantes, que até simpatizoe as acho necessárias, mas depois quando se vai a ver o seu fundamento e o seu objectivo, depressa fico desiludido com o tipo de político que é - manipulador da opinião pública e demagogico como só ele o sabe ser.



    Carlos Rego

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  7. Voltando ao ponto de partida desta discussão. As declarações de Rui Rio (que tenho pena a TSF não disponibiliza em PodCast para podermos ouvir). Em momento algum se refere à extinção do RSI. Fala antes na necessidade de maior fiscalização e castigar os abusos. Paralelamente fala em poder contar (enquanto Presidente de Câmara)com pessoas que usufruem do RSI para a realização de serviço comunitário. Tudo o que juntou a estas declarações são interpretações abusivas de elementos do Status Quo de esquerda que não querem discutir estas medidas e que tentam colar medidas umas às outras no sentido de descredibilizar e ostracizar as propostas.
    É óbvio que não se pode pensar que a crise e a falta de dinheiro no estado Português se deve ao RSI, é claro que os números são diminutos, é natural que os políticos que fazem estas propostas tenham telhados de vidro e não lhes fique muito bem a critica à mentira, ao engano e à vigarice. É por demais óbvio que existirão outras prioridades de cobrança ao uso de fundos indevidos. Mas também não devem servir estas motivações para cruzar os braços e deixar andar. Até porque os mais prejudicados são, no meu entender, aqueles que beneficiando destes baixos valores de inserção se possam iludir de que esse é um caminho definitivo para a sua vida e da sua família. Radicalismos de esquerda também não se podem aceitar. Concordo com o Estado previdente e amigo, sobretudo nesta altura de enorme crise financeira e por consequência social, mas julgo mesmo que o maior trabalho do estado nesta matéria será o de manter as pessoas ligadas ao sistema e não o de promover o seu afastamento para franjas mais obscuras da vida em sociedade. Factos que infelizmente se verificam na situação actual. Volto a referir, não está em causa o RSI em si, medida que julgo ser útil e justa mas que no entanto, devido à sua má aplicação poderá contribuir e já contribui para a criação de um País subsidio-dependente com todo o mal que isso acarreta. Veja-se a nossa agricultura por exemplo.

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  8. Caro País Basto, concordo com a afirmação que
    «(...)os mais prejudicados são, no meu entender, aqueles que beneficiando destes baixos valores de inserção se possam iludir de que esse é um caminho definitivo para a sua vida e da sua família.»

    E isto deverá ser a ilusão que os 14% dos beneficiários irregulares tiveram. Pois, é a taxa (conhecida) no relatório de inspecção a 24 mil famílias que recebiam o RSI. Sobre este tópico (o recepção indevida do RSI) penso que o problema não estará na (pouca) fiscalização, pois tem instrumentos poderosos, mas sim (a priori) nos critérios de atribuição do RSI.
    Pedir uma maior e mais exigente fiscalização aos beneficiários do RSI e, ao mesmo tempo, ser um pouco "laxista" na atribuição de instrumentos mais poderosos na fiscalização fiscal é deveras demagógico.

    Sobre o trabalho comunitário em "troca" da ajuda estatal, não penso que seja uma boa ideia para os subsidiados com o RSI. As razões são simples:

    -Existe uma elevada percentagem de subsidiados que trabalham, portanto não haverá o tempo nem a contrapartida ideal para exercerem trabalho comunitário.

    -Um complemento de 90 euros (em média) não deverá justificar, por si só, a exigência da contrapartida do trabalho comunitário.

    -40% dos beneficiados são jovens com idades inferiores a 19 anos. Naturalmente, exigir trabalho comunitário a menores de idade e a jovens estudantes não é uma boa solução.

    Nesta ordem de pensamento (exigir trabalho comunitário aos "subsídio-dependentes") porque é que o Rui Rio, e os que pensam como ele, não exigem a mesma contrapartida aos que recebem o subsídio de desemprego (não trabalham, o subsídio é substancialmente (em média) superior, beneficiados em idade activa etc.) ?? Porque será?

    O RSI pode ser atribuído em forma de géneros ou outro tipo de benefício? Claro que sim, contudo isto é uma questão de forma não de substância.

    O RSI é necessário. Acho que estamos de acordo com esta sentença, portanto a ajuda Estatal é essencial.

    Não acredito que o RSI esteja a ser mal aplicado. A taxa (conhecida) de irregularidades é elevada (14%) não chega para adjectivar que o RSI esteja mal aplicado.

    Quanto à criação de um País «subsídio-dependente», não acredito que seja com o número de subsídios que temos e muito menos com os valores destes.

    Agora, e mais uma vez, o discurso de Rui Rio, Paulo Portas e afins é deveras condenável. É um discurso inconsequente e que tem laivos de racismo social. Há quem diga que as palavras são acções.

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  9. É mesmo subsidio dependência, até algumas Associações de Cabeceiras, só fazem festas e se deslocam onde pretendem através de subsidios. Tenham olhos... para ver...

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  10. Caro Marco Gomes.
    De acordo que o problema começa à Priori, com a atribuição indevida do RSI.
    Relativamente ao trabalho comunitário, não vejo como castigo ou medida punitiva ou algo que se aplica para tranquilizar os contribuintes por os seus impostos estarem a ser bem aplicados. Vejo esse trabalho comunitário como factor de integração e manter as pessoas no trabalho, no sistema, impedindo que resvalem para franjas da sociedade onde possam comprometer irremediavelmente o seu futuro, por isso continuo a pensar ser uma medida válida, questionável sem dúvida, mas ainda assim merecedora de estar numa mesa de debate sem carregar com ela outras conotações que não aquela que a medida em si vale.
    Obviamente que este serviço comunitário deve ser pedido a quem tenha disponibilidade para o mesmo. Da mesma maneira penso em relação ao subsídio de desemprego e às pessoas a quem involuntariamente a ele recorrem.
    Os números que apresenta desvalorizam esta discussão é certo mas não a tornam inconsequente nem desnecessária. Até porque todas as medidas no âmbito social devem ser construídas em conjunto, contribuintes e beneficiários e motivando a própria sociedade para que seja mais solidária, mas também mais exigente na execução de politicas que não se pode colocar em causa a necessidade, a justiça e me muitos casos, a urgência.
    Sinceramente,não consigo ver o racismo Social destas propostas.
    Eventualmente serei já eu um racista social e não o sei.
    Palavras são reflexos de acções como também podem ser geradoras de acções.
    Sobre a importância das palavras e o seu poder das ficou-me sempre na memória o diálogo no filme "O Ultimo Imperador" que aqui, sem presunção tenho o gosto de partilhar.

    "If you cannot say what you mean, you will never mean what you say and a gentleman should always mean what he says."

    Reginald Fleming 'R.J.' Johnston

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  11. Concordo na íntegra e subscrevo as palavras do "País Basto".

    E mais o Marco diz que: " 40% dos beneficiários têm idade inferior a 19 anos e não é boa solução exigir trabalho comunitário a menores e jovens estudantes não é boa medida". Não posso discordar mais deste ponto de vista. Penso que o trabalho comunitário a jovens estudantes entre os 16 e os 19 nada tem de condenável, bem pelo contrário serve como inserção e integração na sociedade e é quando a mim importante. Claro que este trabalho tem de ser articulado de forma a não colidir com as naturais e necessárias horas de estudo destas pessoas. Mas uma meia dúzia de horas semanais penso não trazer mal nenhum, nem a eles nem a ninguém. Depois temos de ser justos nas medidas, se queremos que um jovem de 16 anos possa participar nas decisões do país como votar, escolher o seu próprio caminho, não podemos depois dizer que são novos demais para ajudarem a sociedade. Aí sim estamos a incorrer numa espécie de racismo Social (não gosto muito da expressão mas foi só para citar).

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  12. Caro País Basto

    «As palavras são acções e podem fazer com que aconteçam coisas. Depois de ditas não se podem mais recuperar». in “Intimidade”, de Hanif Kureish.

    Esclareço um ponto: a afirmação de «racismo social» é uma afirmação forte. Contudo, não posso permitir que seja interpretada à letra pois a intenção não foi esta mas, sim, o efeito de caracterizar os políticos e políticas de ostracização social em relação ao RSI.
    Provavelmente, se a expressão estivesse "protegida" com aspas o efeito não seria o mesmo.

    Agora, qual é o sentimento, em relação aos beneficiários do RSI, que o cidadão comum promove ao ouvir as afirmações de Rui Rio e outros que pensam e oram como ele? Certamente, não será solidariedade...

    Caro Carlos Silva,

    Penso que fui claro em afirmar que não concordo com o trabalho comunitário como exigência e como contrapartida (obrigatória) por receber o RSI, pelas razões que atrás anunciei.

    O trabalho comunitário é algo bom e recomendável. Não é uma boa medida se for instalada como obrigatoriedade de uma contrapartida a um jovem menor de idade ou alguém limitado física ou temporalmente. Não é a substância (o trabalho comunitário) mas sim a forma (a contrapartida obrigatória) como, aparentemente, querem implementar, que discordo.

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  13. Meus senhores, as questões essenciais aqui são as seguintes:

    Estamos num tempo de crise, logo, há prioridades de acção na política, verdade?

    Por isso, custa-me que hajam partidos políticos que centrem o seu discurso prioritário numa espécie de ataque aos mais desfavorecidos e, quando se ouve falar em mexer no sigílio bancário, na transparência económica, nas empresas com lucros astronómicos que despedem ao desbarato e mantêm funcionários anos a fio com salários de miséria, estes senhores fogem a qualquer hipótese de debate e ainda têm a lata de apelidar de demagogia. Talvez sejam mais altos interesses que se elevam.

    Está claro e é do consenso de todos que há falhas na atribuição do RSI, verdade?

    Pois então que se procure regularizar a situação com propostas e debate, em vez de virar o discurso numa espécie de inflamação social em que daqui pouco todos acham, que os benificiários do dito rendimento são uns oportunistas, uns malandros e o cancro do país.


    Há um pormenor importante a realçar no meio desta história toda. Os RSI são normalmente atribuídos por uma avaliação social que está a cargo da segurança social e das autarquias, verdade?

    Por isso é demais demagogico pensar, que é o poder central que vai resolver esta matéria sozinho, com as medidas defendidas por Paulo Portas. Já com Rui Rio a situação é diferente, mas só as resolverá à maneira dele onde ele manda, ou irá mandar, dependendo do resultado das autárquicas na cidade do Porto.
    Para além disso todos sabemos que as autarquias, no geral, usam atribuições de RSI como forma de caciquismo de votos. Outros, porém, em vez de RSI, gostam de benificiar elites com tachos e tachinhos como forma de cacique. Portanto, o estado da nação é um mal político que tem de ser resolvido, e não é culpa da ideologia A, B, ou C, mas sim da mentalidade dos políticos, que vêm tudo facil quando pretendem agradar às suas frentes.

    Quanto ao trabalho comunitário que querem para jovens benificiários, que tipo de trabalho se referem? Apenas aceito um tipo de trabalho, em que o jovem possa contribuir para o seu enriquecimento pessoal no que diz respeito a valores cívicos e educacionais e sempre sob acompanhamento e vigilância dos serviços sociais (uma espécie de segunda escola). Não concordo com trabalhos físicos forçados, nem com trabalhos que envolvam transacções monetárias, isso pode ser catastrófico para uma criança que está a estudar, e até pode ser um incentivo ao abandono escolar.



    Vamos todos pensar um pouco e reflectir sobre o que é prioritário resolver, nunca esquecendo todos os problemas um por um. Convém é não nos deixar-mos influenciar por determinados discursos, que pela sua retórica, aparentam ser solução para os problemas do país, mas que não são mais do que "tapa-buracos" de um fosso enorme, onde à superfície anda muita da elite que apregoa pseudo-solidariedade, mas que têm as continhas bancárias bem rechiadinhas de dinheiro muitas das vezes branqueado e ganho na especulação e na corrupção.


    Abram os olhos e não criem a ilusão de que o RSI é o problema maior do país. Há outros problemas bem mais graves e prioritários para resolver. O emprego é um deles, porque se houver emprego e especialmente se esse emprego for justamente remunerado, não mais há desculpa para tantos subsídios de desemprego e, para muitos RSI mal aplicados. E dessse forma, reduz-se a despesa com os subsídios, e aumenta-se a receita com os impostos deduzidos aos vencimentos dos trabalhadores, equilibrando as contas públicas e a segurança social.


    Carlos Rego

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  14. Caro Carlos Rego,

    Uma análise na qual apoio, sem tirar nem pôr.

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  15. E já me esquecia desta.

    Caro País Basto, quando refere - " Volto a referir, não está em causa o RSI em si, medida que julgo ser útil e justa mas que no entanto, devido à sua má aplicação poderá contribuir e já contribui para a criação de um País subsidio-dependente com todo o mal que isso acarreta. Veja-se a nossa agricultura por exemplo."

    Devo dizer que, regra geral, os subsídios para agricultura são aplicados segundo normativas da união europeia. O maior problema da agricultura prende-se com a baixa formação e qualificação dos agricultores, que não têm capacidade intrínseca para serem competitivos no mercado globalizado. Por outro lado, o Dr. Paulo Portas tem por hábito demonstrar grande solidariedade para com os agricultores, mas pouco ou nada de concreto demonstra para resolver o problema. Será que também lhes quer retirar o subsídio?
    É por estas e por outras que eu vos digo - abram os olhos.


    Carlos Rego

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  16. Meus caros.
    Seria um louco se pensasse sequer que o RSI é o maior dos problemas deste País, no entanto não consigo deixar de pensar que o RSI se poderá tornar num problema ou com ele trazer esses problemas quando deveria ser uma solução ou parte dela. Mantenho tudo o que disse anteriormente e custa-me a aceitar que não se possa discutir ou resolver esta questão (para o bem de todos) só porque há outros assuntos, mesmo que mais onerosos para resolver.
    Nessa linha de pensamento nunca nada se resolverá...
    Citei o exemplo da Agricultura porque é gritante a cultura do subsídio instituída sobretudo pela União Europeia que literalmente nos paga para sermos Consumidores e não produtores. Os problemas que o caro Carlos Rego identifica, são alguns dos atormentam a Agricultura do nosso País. O maior de todos é de base, nunca interessou a ninguém, nunca nada foi feito para que a Agricultura em Portugal produzisse, que fosse fonte de riqueza, criadora de postos de trabalho e geradora de qualidade de vida para os que nela se envolvam. Mas isso são outras conversas. Aqui falamos das declarações de Rui Rio e que Paulo Portas subscreve. Nesse aspecto costumo estar mais atento ao discurso que ao orador, portanto não me vinculo de forma definitiva com nenhuma das personagens, nem com essas nem com outras, vou concordando e discordando, interessando-me ou não pelas opiniões publicadas venham elas de onde vierem.

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  17. Ide buscar..... A Elisinha nem sequer chegou a dar luta. Os portuenses não se deixam iludir...

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  18. Lol, caro Carlos Silva, O Rui Rio ter ganho ou não no Porto, não aquece nem arrefece. Acho que não entendeu muito bem o objectivo deste post do Marco Gomes. Se ficou feliz com a vitória do Rui Rio, ainda bem para si. Penso também que o Marco não simpatizou em nada com a candidatura da Elisa Ferreira, por vários motivos. Neste blogue batalha-se pelo rigor e por a defesa de uma política que assente nos princípios éticos de uma democracia, e naquilo em que se acredita ser uma solução para o país, independentemente dos partidos políticos e dos seus intervenientes. Não se procura entrar por disputas partidárias mesquinhas como está a tentar fazer. Isso é ridículo, e demonstra falta de sentido democrático da sua parte, até porque este blogue não está ligado a nenhum partido político em especial, sendo ele, composto por vários autores, que do que tenho conhecimento, não estão vinculados ou fazem parte de qualquer militância político-partidária.


    Um amigo do Marco Gomes

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  19. É a futebolização da Politíca, comemoram-se vitórias e comemoram-se derrotas como de um jogo de futebol se tratasse.

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  20. Caro Carlos Silva, agradeço a sua tirada embora não gosto do discurso de Rui Rio e, também, não me agrada muito a candidata Elisa Ferreira.

    Meu amigo, obrigado pelos escritos mas se é meu amigo (mesmo que não fosse) gostaria de saber a quem me dirijo.

    País Basto, nem mais. Há que celebrar as vitórias e assumir as derrotas mas por favor não confundamos as coisas (sentimentos futebolísticos e sentimentos partidários).

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