25 dezembro 2009

«Oficialmente»

«É um dos grandes paradoxos da História, um povo oficialmente crente em Deus não reconhece Deus que o visita.» dixit D. José Policarpo (cardeal patriarca de Lisboa) in [Expresso]

D. José Policarpo afirma que nós somos «um povo oficialmente crente em Deus». Gostaria que, algo ou alguém, iluminasse-me com a explicação ou a razão para o cardeal considerar-nos um povo oficialmente crente em Deus. O que é isto de sermos «oficialmente» crentes em Deus? Quem ou que dados oficializaram esta sentença? Ao que parece o clérigo Policarpo gosta de sentenciar algo tão subjectivo e abstracto como as crenças (ou a falta delas) alheias, como se fossem «oficialmente» semelhantes às suas. Pois, mas não são.

Policarpo ao afirmar que somos «oficialmente crentes em Deus» faz relembrar outros tempos. Tempos em que a religião era algo «oficial» nos ditames da República ou da ditadura, como queiram. Tempos em que a tríade Religião-Família-Estado era-nos imposta. Felizmente, a tríade foi quebrada.

Em conclusão, não há «crenças oficiais» de um povo. São objectos tão pessoais como o próprio ser, é algo intransmissível e é um abuso generalizar para os demais a crença de um ou de um grupo de uns. Cuidado com aqueles que durante o tempo determinaram como «crença» e «pensamento» oficial as suas crenças e pensamentos. Na falta de provas e factos o passo mais fácil é assumir como inquestionável, verdadeiro e universal o que não se consegue explicar.

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