31 março 2010

Acontece em Serralves

A história é simples e curta. Trabalhadores (recepcionistas) da Fundação Serralves, alguns com cinco anos de trabalho, tentaram acordar um vínculo laboral mais estável (contrato de trabalho) com esta fundação, pois se encontravam algum tempo a prestar um serviço indispensável à fundação e queriam o vínculo que este tipo de condições impõe. A fundação recusou e aconselhou esses trabalhadores a criar uma empresa de prestação de serviços. Não aceitaram. Posteriormente, a fundação criou uma empresa de prestação de serviços e convidou esses trabalhadores a participar -mas como as condições de trabalho eram piores do que anteriormente, recusaram liminarmente. Sendo assim, a Fundação Serralves dispensou (não renovou o precário contrato) os trabalhadores que já lá trabalhavam e que não quiseram ser ainda mais precários e mal pagos. Neste momento a fundação irá contratar uma empresa de "prestação de serviços" para colmatar a saída desses trabalhadores. Para finalizar, a fundação defende-se e diz que não despediu esses trabalhadores (o que na terminologia actual tem o pomposo nome de colaboradores) pois esses não estão ligados contratualmente a Serralves. Heterónimos à parte, pois neste contexto despedir é igual a dispensar, os responsáveis pela situação têm algum humor negro. Sem dúvida.

Este é apenas mais um exemplo da chantagem laboral que existe e que impunemente persiste em Portugal. Portugal tem-se "precarizado" na relação laboral, perante as exigências das grandes entidades patronais que querem tornar o trabalho em Portugal tão sério e competitivo como na China. Não se questiona a necessidade de haver vínculos laborais mais flexíveis, claro que não. Contudo, devem existir em situações onde se justifique e que sejam bem fiscalizadas. Uma conclusão óbvia que não se torna numa "regra" no trabalho em Portugal porque compensa ter trabalhadores precários (de acordo ou não com as leis laborais).

2 comentários:

  1. Marco, infelizmente acontece um pouco por todo o lado e não só em Serralves. Dentro do próprio "Estado" há inúmeras situações de falsos recibos verdes. A sociedade moderna está refém de umas quantas prestações ao banco e sujeita-se a tudo o que aparece ao pondo de achar normal que se "deixem cair" uns quantos direitos.

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  2. Paulo, o Estado tornou-se o maior empregador de "prestadores de serviços" e, consequentemente, o maior promotor de falsos recibos verdes. E isto é inadmissível, principalmente se temos um governo que, segundo ele, declarou uma guerra aos falsos recibos verdes e o que temos visto é o aumento deste tipo de contrato.

    Claro que a conjuntura actual da nossa sociedade determina que certas obrigações estejam à frente de direitos essenciais. Não nos esqueçamos, que a sociedade molda-se com a sociedade. Somo nós que temos de mudar, pelo menos a mentalidade, e os outros -governantes e afins- (como sempre) virão a reboque.

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