18 agosto 2010

A primazia do lucro

É uma notícia que anda a agitar os pilares da Internet. Há pouco tempo a Google e a Verizon (um dos grandes operadores de telecomunicações nos EUA), qual cartel cibernético, tornaram público uma proposta: acabar com a neutralidade da Internet na rede móvel, ou seja, promover uma Internet a duas velocidades. Uma velocidade para todos os utilizadores e outra para as grandes empresas do sector. O objectivo da proposta destas duas empresas dirigida ao regulador norte-americano, consiste em criar uma "auto-estrada" digital na Internet da rede móvel para empresas que a possam pagar, relegando a "estrada" normal para todos os outros.

A proposta peca em todos os sentidos. A quebra da neutralidade da Internet (ou seja, todos usufruem da mesma velocidade de acesso apenas condicionada por preceitos físicos) irá restringir o acesso (a quem possa pagar por ter um serviço de Internet mais rápida e poderoso) e a própria dinâmica comercial. As empresas que nascem e pretendem se desenvolver neste sector tecnológico estarão condicionadas, pois não poderão usufruir da mesma qualidade de acesso à Internet que as empresas concorrentes que dominam este mercado e pagam a "auto-estrada" digital. É o fim da igualdade de oportunidades para quem cria e produz serviços e produtos neste sector.

Sendo a Google uma das proponentes, mostra o cinismo que há nesta proposta. Basta recuar para o período inicial do desenvolvimento desta empresa para evidenciarmos esta afirmação. Quando a Google apresentou o seu motor de busca, outros dominavam o mercado. Caso, a proposta que hoje apresenta, estivesse estabelecida, as empresas dominantes condicionariam certamente o crescimento do seu motor de busca. E hoje, a Google, seria ,irremediavelmente, diferente.

A proposta garante os lucros das grandes e dominantes empresas na Internet. A proposta não tem o intuito de melhorar os seus produtos e satisfazer os utilizadores e clientes. Tem o objectivo de modificar o acesso a um serviço, que na minha opinião essencial e que deveria ser universal, para assim garantir os lucros para os seus accionistas.

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