Aquilo que depreendi dos discursos concordantes e dos discordantes sobre a recente polémica na Ordem dos Advogados foi: um fala, ao seu estilo, de uma mudança necessária- embora impopular no seio da advocacia- no modelo de formação dos advogados-estagiários, e os restantes, discutem minudências protocolares e de ordem legislativa interna(da Ordem). Estes, últimos, possuem fome de mediatismo e disfarçam (sem êxito) interesses maiores.
Escrevo, sem conhecimento jurídico e com a competência de um simples cidadão. Embora, entenda a consternação dos advogados-estagiários ao serem remetidos para consultores jurídicos e a impossibilidade de, autonomamente, inscreverem-se para a intervenção em escalas e no patrocínio por nomeação ou na defesa oficiosa. Defender um caso, sim, mas com supervisão e patrocínio do patrono. E é aí que os interesses colidem. O do advogado-estagiário, o do patrono e do cidadão.
Sejamos claros, um advogado-estagiário não é efectivamente um advogado. Está, como própria definição indica, em estágio profissional. Como tal, não deverá defender com legitimidade, por exemplo, um processo oficioso (por vezes a única receita possível de um longo e desproporcionado estágio). Porque, neste âmbito, prevalece o direito do cidadão menos possidente em usufruir da melhor defesa possível, algo que a Constituição prevê.
Existem interesses em parte, já sabemos de quem, em manter o statu quo. Mas uma coisa é certa, nos processos oficiosos, é a promiscuidade que aí existe. Tanto faz, um advogado estagiário como um advogado com experiência comprovada, se qualquer um dos dois "profissionais da lei" tiver que defender um caso com acesso ao processo minutos antes do julgamento, o "veredicto", terá um desfecho previsível. Existe muito trabalho a fazer, interesses a combater. Não só a Ordem, também os seus profissionais e, complementarmente, o Estado, possuem a responsabilidade do labor a fazer.
O artigo está muito bem escrito. Há apenas um aspecto que eu gostaria de salientar. O Sr. Bastonário está totalmente correcto, quando defende que os advogados estagiários não devem defender oficiosos, ou seja à custa dos direitos, liberdades e garantias do cidadão.No entanto, a proibição que o Sr. Bastonário defende tem o objectivo essencial de retirar as únicas receitas dos estagiários e fazê-los "desistir" e "penar" ao longo de um estágio que se prolonga por 36 meses (com exame nacional incluído).Na minha opinião a solução teria de passar necessariamente pela drástica redução das vagas no curso de direito. A faculdade de Lisboa tem o curso a nível nacional com mais vagas, 510. É inadmissível. Além disso devia ser necessário fazer um exame de acesso e diminuir o tempo de estágio completamente desnecessário, um ano bastaria para os estagiários se "familiarizarem" com o exercício da profissão.
ResponderEliminarNo que respeita ás "dissidências" no interior da própria Ordem dos Advogados, estas existem porque o Sr. Bastonário quer eliminar os interesses instalados no interior das delegações e conselhos distritais. É injustificável os titulares de cargos do Concelho Distital do Porto ficarem instalados em hóteis de 5 estrelas, quando os titulares de cargos do Conselho Geral se instalam em hóteis modestos pagos do seu próprio bolso.É injustificável os formadores dos estagiários receberem quantias superiores a 120 euros por cada 50 minutos de formação leccionada na Ordem dos Advogados, bem como é indamissível existirem determinados funcionários dos Conselhos Distritais a auferirem salários superiores a 5000,00€, ou deveria dizer 6000,00€, pelo facto de exercerem funções meramente administrativas.
Andam os Advogados a sustentar os luxos desses Senhores...
Um bem haja ao Sr. Bastonário!Cumprimentos e apresento as minhas desculpas pelo "testamento":)))
O artigo está muito bem escrito. Há apenas um aspecto que eu gostaria de salientar. O Sr. Bastonário está totalmente correcto, quando defende que os advogados estagiários não devem defender oficiosos, ou seja à custa dos direitos, liberdades e garantias do cidadão.No entanto, a proibição que o Sr. Bastonário defende tem o objectivo essencial de retirar as únicas receitas dos estagiários e fazê-los "desistir" e "penar" ao longo de um estágio que se prolonga por 36 meses (com exame nacional incluído).Na minha opinião a solução teria de passar necessariamente pela drástica redução das vagas no curso de direito. A faculdade de Lisboa tem o curso a nível nacional com mais vagas, 510. É inadmissível. Além disso devia ser necessário fazer um exame de acesso e diminuir o tempo de estágio completamente desnecessário, um ano bastaria para os estagiários se "familiarizarem" com o exercício da profissão.
ResponderEliminarNo que respeita ás "dissidências" no interior da própria Ordem dos Advogados, estas existem porque o Sr. Bastonário quer eliminar os interesses instalados no interior das delegações e conselhos distritais. É injustificável os titulares de cargos do Concelho Distital do Porto ficarem instalados em hóteis de 5 estrelas, quando os titulares de cargos do Conselho Geral se instalam em hóteis modestos pagos do seu próprio bolso.É injustificável os formadores dos estagiários receberem quantias superiores a 120 euros por cada 50 minutos de formação leccionada na Ordem dos Advogados, bem como é indamissível existirem determinados funcionários dos Conselhos Distritais a auferirem salários superiores a 5000,00€, ou deveria dizer 6000,00€, pelo facto de exercerem funções meramente administrativas.
Andam os Advogados a sustentar os luxos desses Senhores...
Um bem haja ao Sr. Bastonário!Cumprimentos e apresento as minhas desculpas pelo "testamento":)))
Não precisa de desculpar, é um "testamento" pertinente e muito alusivo à realidade da advocacia.
ResponderEliminarTenho uma admiração pelo sr. Bastonário. Penso que é um homem recto e com causa (um verdadeiro advogado).
Quanto às medidas, eu como cidadão e não possidente sinto-me fragilizado com o "sistema" que reina na justiça portuguesa. A Justiça, ou os problemas da Justiça em Portugal, é o factor mais decisivo para o "statu quo" existente. Ela, implica em todos sectores económicos do nosso País e é uma área onde não há uma reforma, digna deste nome, desde da década de 30 do século passado !
Existe muito a fazer. Existe muito "privilégio aristocrático" para quebrar. Contudo, a reforma necessita o apoio de todo estrato social social português.
Pode ser que estas medidas e esta causa façam nascer outros "Marinhos Pintos" noutras ordens e áreas. Enfim, é a esperança.