O nosso mui estimável Presidente da República, na legitimidade que o cargo lhe confere e unido com a liberdade de opinião e de pensar, resolveu, no ver de alguns, assumir o papel (para sempre seu) de baluarte do conservadorismo e de opositor político à política vigente.
Cavaco Silva, no alto dos seus poderes políticos, veta (politicamente), o novo regime jurídico do divórcio. Alega, legitimamente, uma maior "cobertura" legislativa para a parte mais fraca de uma união. Embora, seja discutível o que é a "parte mais fraca" e em que valores se insere. Contudo, sabemos, sem descurar as preocupações presidenciais, que altos valores se impõe neste veto. Existe uma preocupação conservadora sobre certas matérias que, segundo "eles", têm a consequência de "fracturar" a sociedade e ameaçar os valores e a conduta imposta. Esta, o divórcio, é apenas uma das matérias "fracturantes". Na típica dança das posições, o presidente da república, avança e afirma a sua posição conservadora. Algo que não aparece na argumentação do veto presidencial mas que lá está implicitamente entrelinhado.
O partido socialista irá, juntamente com o apoio ideológico da esquerda política, recusar as "ponderações" do presidente da república. Em causa, para o partido socialista, estará o "bater do pé" perante as recentes "investidas" políticas do PR à maioria parlamentar e à política governamental. Para complementar, estará em jogo a tentativa (que está em movimento em diversas frentes, Vítor Ramalho, Manuel Alegre etc.) do partido socialista em reconverter para a sua causa os seus cépticos de esquerda. O apoio da esquerda parlamentar é natural e compreensível, a matéria é "fracturante" e o actual detractor é um conservador exímio e com contas para ajustar.
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