08 setembro 2008

O sempre solidário Estado, que dirão os adeptos do "Mercado livre" americano quando o seu paradigma económico trai a ideologia em troca do bem comum

«O governo dos Estados Unidos da América decidiu assumir o controlo das empresas Fannie Mae e Freddie Mac, as duas gigantes do crédito imobiliário, para evitar a sua falência. O plano governamental prevê o investimento até 200.000 milhões de dólares nas duas empresas, tornando-se na maior intervenção de sempre do Estado norte-americano no sector financeiro.» in [esquerda.net]

10 comentários:

  1. Nacionalização ( socialismo!) nos EUA.

    Os capitalistas norte-americanos a "pedir" o Estado. E depois a gestão estatal é sempre má!

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  2. É A confirmação do conceito: Quando a conjuntura económica está favorável o papel do Estado é criticado e a liberdade do mercado é algo essencial e dinamizador. Quando o mercado "está mal" o papel de "salvação" económica do mercado, pelo Estado, é, também, essencial para estabilização do mercado.

    Portanto, incoerências capazes de abalar ideais.

    Contudo, poderíamos, para variar, assistir, invés de uma nacionalização dos prejuízos, a uma nacionalização dos lucros.

    Imagine só, caro JMF, como seria criticado o Estado se alguma vez acontecesse isto.

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  3. Na sua génese, o liberalismo era uma doutrina que se baseava na defesa das liberdades individuais em diversos campos, como por exemplo na economia, política, religião e no âmbito intelectual, afastando-se assim das coerções do poder estatal. Esta concepção foi ultrapassada (em parte devido ao crash da bolsa de Nova Iorque), admitindo-se uma espécie de paternalismo por parte do Estado, ou seja, um Estado regulador e assistencialista. O Liberalismo, na actualidade, defende a absoluta liberdade de mercado e uma restrição à intervenção estatal sobre a economia, só devendo esta ocorrer em sectores imprescindíveis e ainda assim num grau mínimo. Penso que, neste momento, nos EUA, se verifica este último situação. Nada tem a ver com Estado, Estado, Estado...

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  4. O neoliberalismo, sim, porque é isto que estamos discutir, teve a sua génese após o excelente crescimento económico (onde o paradigma económico assentava no relativo intervencionismo estatal) do "30 gloriosos anos" após a segunda guerra mundial.

    Na crise seguinte a estes "30 gloriosos anos" surgiu a filosofia do liberalismo económico similar ao liberalismo antes da crise dos anos 1930, ao qual intitulamos de neoliberalismo.

    Estabelecido por Reagan, Tatcher, e Kohl este paradigma económico se se implementou, com algum sucesso, à custa de certos direitos laborais, cortes da despesa pública e em investimentos estatais. Uma nova época que singrou muito à "pala" do consumismo mais até do que aos fundamentos do livre mercado que esta ideologia apregoa. Porque é este o evangelho do capitalismo (o consumismo).

    Contudo, o resultado destas políticas foi a criação de uma grande desigualdade entre a distribuição da riqueza (os números não enganam) só atenuada por uma evidente melhoria de vida global.

    Agora, especificamente neste caso, repara, sendo o consumismo o motor do capitalismo actual e estas empresas americanas responsáveis por mais de metade dos créditos imobiliários dos EUA, é óbvio que para manter o próprio capitalismo viável, e o neoliberalismo vigente nos EUA, a administração Bush teria que 'pontapear' a sua ideologia económica.

    Não critico a intervenção do Estado americano, até pelo contrário. A sua actuação foi de prevenção no que seria uma catástrofe económica.

    Crítico, sim, quem defende a absoluta liberalização do mercado e a entrega da sua regulação ao próprio mercado. Isto, sim, uma ideologia (a meu ver) falhada, como a história e a "história recente" prova.

    O papel do Estado, como em tudo na vida, exagerado é contraproducente.
    Contudo, defendo que em certas áreas vitais para o desenvolvimento e progresso de um país seja da resposabilidade de todos, isto é, do Estado. Áreas tão importantes como a Saúde, Educação, Defesa Nacional, Segurança etc deve estar sobre a tutela e a administração do Estado. E, praticar indiscutivelmente, o papel de regulador máximo.

    Mesmo no âmbito económico, o Estado deverá ser intervencionista. Nem falo no papel de reabilitar a economia através da doutrina keynesiana, falo em ter um papel regulador e em certos casos específicos o papel de agente económico.

    Agora, caro Bruno, em jeito de provocação, não achas que se o Estado deve intervir, em nome do bem comum, ao nacionalizar algo que esteja em falência, não poderá ele, também para salvaguardar o bem comum, nacionalizar algo que seja extremamente lucrativo ?

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  5. Em Portugal e para os lados da Europa de leste não deu bom resultado!

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  6. Outros tempos, outras vontades. E nem tudo correu mal.

    Em título de exemplo, estas empresas americanas era estatais, que depois se tornaram privadas e agora nacionalizadas.

    Repara o que aconteceu com Northern Bank, uma situação idêntica.

    Situações como estas dá, pelo menos a meu ver, para repensar ou pensar os paradigmas económicos actuais.

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  7. "Outros tempos" - foi o falhanço de um modelo, modelo este que assentava numa doutrina que é uma utopia.

    Não nos podemos esquecer que a Freddie Mac e a Fannie Mae foram empresas estatais criadas em 1930. Um desvio ao modelo liberal. Se não tivessem sido criadas pelo estado, não estavam agora a ser nacionalizadas.

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  8. Tens toda a razão.

    Foi o falhanço de um modelo socialista, o modelo do socialismo real (irreal na minha opinião). Poderíamos discutir os imensos erros e atropelos ao socialismo que o comunismo (que penso que é o que pretendes referir) efectuou. Estes erros, servem de lição. Lição, em que alguns estão reticentes em apreender.

    Agora, descurar a doutrina utópica é relativo. No meu ver, a política deveria ser a acção de governação que tentasse aproximar a realidade da utopia. É um conceito pessoal. Poderia ser mais pragmático menos utópico. Mas não sou. Acredito em algo, mais, acredito que o socialismo é mais que um fim utópico é um caminho a construir.
    O socialismo é o caminho que aproxima a utopia, não é, ele, a utopia em si.

    Caro Bruno, o que é social-democracia se não a tentativa democrática de alcançar a utopia? Será apenas um dos vários caminhos para aproximar a utopia?

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  9. A ideologia social democrata defende uma gradual reforma legislativa do sistema capitalista a fim de torná-lo numa sociedade socialista. Actualmente, o PSD nada tem a ver com esta ideologia, nem o próprio Partido Socialista.

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