25 novembro 2008

"A verdade de um nem sempre é a verdade do outro ,por isso, verdade não é realidade , mas sim como uma pessoa vê o mundo"

A verdade que não é a realidade:

« Para crescer Portugal precisa de mais licenciados "em todas as áreas". Antes da conferência, à Rádio Renascença, o ministro[Mariano Gago] voltou a defender que quase não há desemprego para os licenciados.»

A realidade que é a verdade:

«Nos últimos cinco anos houve um aumento de 9,1% no número de desempregados com formação superior [Há 33 473 formados sem um emprego, mais 9,1% do que em 2003]. Segundo o índice de empregabilidade, há cursos em que mais de metade dos licenciados ainda não tem trabalho.»

6 comentários:

  1. Essa afirmação do sr. Ministro só demonstra que não conhece o país nem a pasta que governa. É que muitos ministros parece só conhecerem o país que lhes interessa (tipo grandes urbes como Lisboa, Porto...), onde grande parte dos problemas não existem. A "cegueira" governativa é muito triste e a mentira é um desrespeito para com os cidadãos.

    Os candidatos a PM e os seus compinchas quando andam em campanha eleitoral deviam fazer um levantamento dos reais problemas do país, para que, na possibilidade de serem eleitos governarem em condições. Mas, pelo contrário "vendem o peixe" e fazem promessas demagógicas para subirem ao "poleiro". E a consequência é o desgoverno, a injustiça e as desigualdades sociais.

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  2. A responsabilidade dos licenciados desempregados é dos executivos que ao longo dos anos regularam a abertura de escolas e cursos superiores. Muitos dos licenciados desempregados são de áreas que o mercado de trabalho já não consegue absorver. As licenciaturas vocacionadas para o ensino são exemplo disso. Acredito que haja algumas áreas que sejam deficitárias de licenciados mas daquilo que vemos todos os dias na comunicação social não serão muitas. Parece-me que os jovens que se preparam hoje ingressar no ensino superior têm uma tarefa complicada quanto toca a escolher um curso.

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  3. Impõe-se uma visão do ensino, e em particular, do ensino superior.

    O Ensino Superior deve, tal como nos outros níveis do sistema educativo português, disponibilizar o direito à educação.

    Isto é, não deverá este (tal como nos outros níveis) condicionar a "entrada" de alunos, que por direito devem ter um acesso universal à educação.

    Tenta-se impingir (e na prática é o que acontece) um condicionamento ao acesso à educação. São os numurus clausus, as propinas e o, pior, a "mercantilização" do Ensino Superior.

    O que quero dizer com a "mercantilização" do Ensino Superior. Para mim, toda esta história de se criar, aumentar, suprir os numurus clausus em função, imaginem a deturpação do conceito educação, do grau de empregabilidade de um "curso superior", é um atentado ao Ensino.

    Pautar o direito à educação pelo grau de empregabilidade que poderá existir num curso, para mim, é horrível. Porquê? Existem várias razões. Uma delas a mais básica:

    1.Todos têm o direito à educação sem qualquer tipo de entraves, ao não ser as suas capacidades intelectuais.

    2.Condicionar os "cursos superiores" ao grau de empregabilidade deste, é "mercantilizá-lo". O está a acontecer é indexar o curso em função das necessidades e desejos da Economia do país, ou seja, se a economia precisar (por exemplo) de muitos advogados aumenta-se, cria-se muitos cursos e lugares nas Escolas. Quando a necessidade destes profissionais acabar, fecha-se e diminui-se os lugares e os cursos. Ora, onde fica o meu direito à educação e ao conhecimento. Posso querer possuir um conhecimento de um advogado, mas não exercer a profissão deste. Então, como fico? Dependente das necessidades da "sacro-santa" Economia?

    Penso que o Ensino é algo mais que isto. É, superficialmente, uma transmissão de conhecimento e educação, que serve para nos enriquecer como seres pensantes. E, não apenas, "treinar-nos" para uma profissão.

    Quanto ao excesso de licenciados? Os rankings internacionais dizem-nos que temos uma população activa com poucas habilitações "superiores". O que acontece é que certas "profissões" se retraírem -em função dos desejos da Economia e com a relutância dos patrões deste país em contratar mão-de-obra qualificada.

    Por isso, quem pensar que o Ensino serve para "treinar" mentes para uma profissão, então, o pensamento actual (o tal que nos diz para irmos "tirar" este ou aquele curso só porque tem "saída") encaixa-se no modelo em que se está a tornar o Ensino Superior.

    Quem, como eu, que pense que o Ensino é algo muito superior a somente "treinar-nos" para um emprego, então há muita coisa que está mal neste sistema educativo vigente. E isto ninguém discute nos púlpitos e salas ministeriais. Não convém.

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  4. "Posso querer possuir um conhecimento de um advogado, mas não exercer a profissão deste"

    O conhecimento de nada serve se não pudermos fazer nada com ele. De que serve o conhecimento adquirido na formação superior se não puder ser transmitido a outros, aplicado, utilizado?
    O canal para essa transmissão, utilização ou aplicação dos conhecimento é o mercado de trabalho. De nada serve formar as pessoas para depois estas se inscreverem nos Centros de Emprego. Não vale a pena sonhar que vivemos num mundo diferente pois o ensino é um mercado enorme e é o mercado que vai "escolher" quais os cursos a realizar mediante a procura. É aqui que eu acho que uma entidade reguladora devia intervir e não tenho receio de afirmar que sim deve condicionar o acesso a determinados cursos quando as ofertas de emprego sejam demasiado limitadas.

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  5. eu tenho o 12º ano e trabalho num super mercado, quem quiser tirar um curso superior nestes tempos tem de pensar duas vezes, porque não há trabalho no mercado para todos os licenciados

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  6. Caro Paulo, são visões diferentes. Educação pode ser apenas para o enriquecimento pessoal.

    Infelizmente quem quer somente receber "educação" tem de possuir um "aforro" financeiro que o mantenha. O mainstream do sistema educativo é "educar" para trabalhar. O que para o conceito de «Educação» é um atropelo.

    Caro anónimo esta visão também se aplica a si.

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