De há uns tempos para cá a minha preocupação com o estado da Nação tem vindo a exacerbar-se. Tenho lido blogues, jornais, comentários e, também tenho visto noticiários, entrevistas e debates, que nos últimos tempos enchem a web e os canais televisivos. O que mais me preocupa não é apenas o governo Sócrates ou a débil oposição que o confronta. Neste momento, começo a desacreditar num futuro melhor para este país, muito por culpa da sociedade que temos. É com enorme tristeza que vejo todos os dias muitas intervenções sem qualquer tipo de fundamento, que demonstram que a opinião e sentido crítico são baseados numa completa ausência de informação, na crítica fácil, na crítica da moda, na crítica do "bota abaixo", ou na crítica que fica bem, porque o vizinho do lado também a faz. A sociedade cívica portuguesa está obsoleta. Parece que só acorda para a realidade quando rebentam as crises, as guerras, quando sai uma lei mais castradora e menos populista, ou nas vésperas de eleições. Por esta altura todos "gritam", ou melhor, "berram" por aumentos salarias, por mais direitos, por subsídios... Durante o resto do tempo anda tudo a dormir. São poucos os que se preocupam com o quotidiano: continua-se a gozar férias de luxo no estrangeiro (sem se conhecer Portugal), a comprar-se automóveis topo de gama (quase sempre a crédito), a não se lutar por uma revolução do sistema laboral (gritando-se apenas por aumentos salariais. E aqui aponto o dedo às estruturas sindicais), a não se investir na formação profissional com vista ao melhoramento da produtividade e inovação, etc. À juventude oferecem-se programas e roupas/acessórios "morangos-com-açúcar" em vez de livros, ou em vez de a preparar e educar para o mundo dos adultos... Sabe melhor trabalhar pouco e ganhar muito, sabe melhor ficar a ver a bola e beber uma "jola". Não se gasta tempo a procurar formas de rentabilizar as nossas potencialidades, não se investe na cultura cívica e social... Temos sido individualistas e corporativistas, esquecendo que o país é de todos. Não quero aqui, de forma alguma, desculpabilizar os nossos governantes pelo marasmo em que vivemos, porque sem dúvida, são eles os grandes culpados. Contudo, penso que os portugueses têm de acordar para a realidade e, perceber que para além de um país pequeno, não somos um país rico. Criámos no pós-25 de Abril metas e estilos de vida insustentáveis para o nosso orçamento, e agora estamos a pagar as favas. É bom que nos habituemos a viver com menos, até porque os nossos pais e avós também já viveram com muito menos que nós. Um futuro melhor para o país passa e muito pelo esforço de toda a sociedade, pela luta dia-dia, pela educação da nossa juventude, pela formulação de opiniões e intervenções socio-políticas bem fundamentadas..., e não pensarmos que, deitados no sofá em casa, as soluções vão cair do tecto ou apenas se resumam a desenhar a cruz no PSD, no PS, PCP, BE, CDS/PP, Verdes, Nova Democracia, ou outro partido qualquer.
Sem comentários:
Enviar um comentário