«Em entrevista ao Semanário Sol, o Ministro do Ambiente diz que a água em Portugal é muito barata e que a breve trecho o preço das tarifas deve aumentar 15 vezes para "valores consentâneos com o resto dos países da OCDE". Nunes Correia adiantou também que o governo "não tem qualquer tabu com a privatização da água".»
Certamente, Nunes Correia (ministro do Ambiente para quem não conhece a peça) tem-se comportado como um ministro do Ambiente dos governos PS e PSD. Pouco se sabe sobre o seu trabalho e, como consequência, o Ambiente ressente-se. Não é necessário relembrar as diabruras que o seu ministério (e respectivos apêndices) tem feito com o tópico das barragens. Desta vez, o ministro afirma que o preço das tarifas deve aumentar 15 vezes e que a privatização (o que de um certo modo é o que acontece com o negócio das barragens) não é nenhum tabu. Pois não, está a vista a consideração que tem sobre um bem comum, cada vez mais escasso (daí a apetência em ganhar algum com a água seguindo a área lei do mercado oferta/procura) e essencial à vida.Segundo esta lógica, qualquer dia privatizarão o ar- nunca se sabe. Porém, neste artigo exposto no Esquerda.net é salientado algumas incoerências nos argumentos do ministro para este aumento, e passo a citar:
«O facto de existirem numerosas famílias com dificuldades para pagar as facturas da água, situação que se agravou com a crise económica e com o aumento da precariedade, não parece preocupar o Ministro.
Por outro lado, de acordo com um estudo desenvolvido pelo IRAR (Instituto de Águas e Resíduos), relativo aos tarifários em vigor em 2007, o encargo médio com o abastecimento e com serviços de saneamento de água, para um cliente doméstico, rondava os 157 euros anuais, ou seja, cerca de 13 euros mensais, perto de 2% do salário médio em Portugal (cerca de 700 euros). E se dúvidas existisse, este gráfico do Programa das Nações Unidas para o Ambiente mostra que em Portugal se paga mais pela água do que em Espanha e Itália. São dados que desmentem as contas do Ministro do Ambiente.
O Bloco de Esquerda já reagiu, em comunicado, a este anúncio do Ministro: "É inaceitável que num país com 2 milhões de pobres, 500 mil desempregados, uma média salarial das mais baixas da Europa e um alarmante nível de endividamento familiar, a preocupação do Governo seja aumentar as tarifas da água, um recurso vital e necessário ao bem-estar das populações." Quanto a uma eventual futura privatização da água, Nunes Correia afirmou ao Diário Económico que "neste momento, não existe nenhuma intenção de privatizar a Águas de Portugal". "Optámos por privatizar ramos da AdP, como a Aquapor, a Luságua ou a Recigroup", disse o ministro, assegurando que o governo não tem "nenhum tabu com a privatização, mas daqui a uns anos não seremos nós a decidir". »
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