14 setembro 2009

Cuidado: os "situacionistas" andam por aí e já começaram a uivar

No aproximar do dia da eleição legislativa (27 de Setembro), é notório o apelo directo ou indirecto de alguns para centralizar o acto de eleger os próximos representantes e governantes na escolha entre dois nomes, dois partidos, duas correntes ideológicas e um interesse. Cuidado, que a "governabilidade" do país está ameaçada. Cuidado, que a estabilidade (qual estabilidade?) do país estará ameaçada. Cuidado, não cedam à demagogia de extremistas (huuuuu!!). São os avisos disfarçados que se ouvem e lêem.

Repudio quem tenta impor as suas opções partidárias aos demais, isto é enviesar a Democracia. Repudio, ainda mais, quem tenta impor uma solução bipartida que durante trinta e cinco anos governou e desgovernou. Centralizar a eleição legislativa na escolha entre Manuela Ferreira Leite e José Sócrates, entre PS e PSD, entre esquerda e direita é menorizar o eleitor, cuspir na Democracia e apedrejar o pluripartidarismo.

Menores são aqueles que com o medo de uma mudança, com medo de existir consensos parlamentares, com medo de acabar com os interesses podres, impõem, a quem os ouve ou lê, que um dos actos maiores de uma Democracia (o acto electivo) seja em acordo com o seu mundo bipartido. Confesso que estou farto destes tipos, que de uma forma demagógica, vejam só, consideram a próxima eleição na escolha entre o mal e o pior. Cuidado: os "situacionistas" andam por aí e já começaram a uivar

6 comentários:

  1. Caro Marco
    É fácil etiquetar de "situacionista" quem quer que seja.
    No entanto, não é evidente e claro que no dia 27 de Setembro, será eleito um primeiro ministro que será oriundo ou do PS ou do PSD?
    Que vale divergir desta dicotomia?
    Perder votos em partidos que não conseguem atingir o poder e determinarão, por exclusão, uma solução não pretendida?
    A questão é simples: querem continuar com um governo liderado por Sócrates - votem no PS, no BE, na CDU ou no CDS/PP.
    Querem um governo em que não tenha o Sócrates como primeiro-ministro - votem PSD.
    Por outro lado a governabilidade do país está em causa não é pela disputa entre o PS e o PSD.
    Ela está em causa pela dinâmica eleitoral de propostas irrealistas e insustentáveis do ponto de vista da realidade.
    Por acaso podem-me dizer em que país do mundo estão a ser aplicadas, ou já o foram, as medidas propostas pelo BE?
    É que dizer mal, praguejar, falar intelectualmente muito sofisticadamente, não é sinónimo de razoabilidade, de aplicabilidade das medidas anunciadas.
    Penso que o futuro próximo nos trará um pouco mais de verdade sobre esta situação.
    Por outro lado, será que Portugal ficaria melhor governado pelo PCP?
    Admito que haja quem assim o entenda, mas se de igual modo, por todo o mundo comunista há uma inversão de políticas, como entender que aqui façamos o percurso inverso?
    Só porque somos masoquistas, ou pura e simplesmente pouco cultos, já que não aprendemos com a História (do passado).
    Agora depois disto, pode mesmo etiquetar-me de "reaccionário", "ultrapassado", "salazarista", e outros epítetos que já Sócrates vem usando para combater as ideias diferentes.
    Só que é exactamente porque há formas de vida e de encarar a governação que há liberdade, que há eleições e que o nosso futuro depende das decisões que hoje tomarmos.
    Principalmente os jovens vão ser os mais beneficiados ou os mais prejudicados das decisões que hoje se tomarão.
    Este tema daria não para um post, mas para uma noite de debate... e no fim não chegaríamos a uma conclusão definitiva, mas provavelmente veríamos a realidade com outros olhos.
    Abraço,
    ML

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  2. Não tem nada a ver com este post, mas aqui vai:

    Sábado, 19 Setembro, nos Claustros do Mosteiro S, Miguel pelas 24 h, realiza-se a 2ª edição de "Noite de Estrelas", organização da Contacto Futsal Clube.

    Dj's, música e "boa onda".

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  3. Como é que é esta?!?!?!?1

    "Perder votos em partidos que não conseguem atingir o poder e determinarão, por exclusão, uma solução não pretendida?"

    Então e que tal acabar com os outros partidos e ficar só o PS e PSD? Esta democracia está bonita! Que mentalidade tão dualista. Queres ver que agora os outros ou são fascistas ou comunistas à maneira antiga?


    "A questão é simples: querem continuar com um governo liderado por Sócrates - votem no PS, no BE, na CDU ou no CDS/PP."

    Hum... acho mais provável uma coligação entre PS e PSD, ou PSD com CDS/PP, do que PS com outro partido qualquer.


    "Ela está em causa pela dinâmica eleitoral de propostas irrealistas e insustentáveis do ponto de vista da realidade."

    Hum... irrealistas e insustentáveis com que argumentos?!? Suspeito que não tenha lido bem os programas eleitorais dos partidos mais pequenos. Os rótulos de irrealistas, de radicais e de extrema já não pegam, isso é o que os do centrão querem que os portugueses pensem. Para além disso, insustentáveis têm sido as políticas dos partidos do centro (essas sim provadas pela má governação e pelo passado recente, e presente)

    "Por acaso podem-me dizer em que país do mundo estão a ser aplicadas, ou já o foram, as medidas propostas pelo BE?"
    "Por outro lado, será que Portugal ficaria melhor governado pelo PCP?"

    De facto não conheço nenhum, mas dou o benifício da dúvida a todos os partidos que nunca foram governo em Portugal (inclusivé o CDS/PP que nunca foi governo sózinho), já dos do centro está visto que as políticas são mais do mesmo. E já agora, por acaso é necessário que as propostas dos partidos portugueses tenham de ter uma justificação de já terem sido aplicadas, de forma idêntica ou semelhante, noutros países?!?! Esta mania de andar a reboque da europa e das políticas dos vizinhos já enoja, e é típico dos partidos do centro, cujos resultados do copy-paste, não deram muito bom resultado. Que tal um pouco de inovação e de criatividade na política?!


    "Penso que o futuro próximo nos trará um pouco mais de verdade sobre esta situação"

    Não tenho dúvida nenhuma, aliás a corrupção e o trafico de influências nos partidos do centro era algo pouco conhecido até há bem pouco tempo. Mas quando um dia tivermos uma justiça eficaz muito se vai descobrir sobre a escumalha que nos tem governado nos últimos anos. Foi muito interessante vermos no debate entre Sócrates e Manuela F. Leite o tema justiça como tábu, ambos afastaram de imediato a temática para não se envergonharem um ao outro. Por que será? Interesses comuns? É que segundo me parece a justiça nestes últimos 30 anos não evoluiu nada, e nestes últimos 4 anos os escândalos, os processos públicos e mediáticos que se arrastam são tantos, que deveriam ter dado que falar no debate, mas pelo contrário preferiu-se falar no TGV, nas PME´s, no desemprego, etc. Talvez a justiça seja importante só pra alguns, esquecendo os outros, que é a base de qualquer democracia evoluída, e que contribui para um estado social estável e harmonioso.


    Carlos Rego

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  4. "Só porque somos masoquistas, ou pura e simplesmente pouco cultos, já que não aprendemos com a História (do passado)."

    Ora aqui está uma boa frase que se aplica aos partidos que nos têm governado nos últimos anos. É que há muitas maneiras de chamar e rotular o comunismo. Da ideologia à pratica vai uma distância grande. Não acredito minimamente que o PCP seja se aproxime de um comunismo como o de Cuba ou da Coreia de Norte, mas é a minha opinião. Já o modelo de governação neo-liberal aplicado por partidos sem ideologia definida (nem esquerda, nem direita) típica dos partido do centro, veio ensinar-me como se fabrica uma crise financeiro-económica a nível mundial, onde alguns enriquecem sem se perceber como, onde mercados sem regulação alguma levam ao desiquilíbrio entre entre regiões, nações e continentes, onde a banca brinca com taxas de juro, vendendo gato por lebre, onde as pessoas acham que estão mais ricas porque podem comprar bens a crédito, mas apenas se endividam mais. É o puro capitalismo que é tão nocivo como o comunismo à maneira antiga. A grande diferença é a capacidade mediática. Enquanto um procura um estado socio-económico menos desigual e mais justo (o que é um tormento para muita gente que se acha mais do que os outros e não pode descer ao nível da relé, ou tem que ter um carro e uma casa melhor que a do vizinho do lado...), o outro, ilude as pessoas com a riqueza fácil, com a especulação, promovendo a luta de classes e o afastamento da coesão social pelas desigualdades e injustiças que cria.

    Prefiro um país mais igual onde as pessoas vivam felizes e solidárias, do que um país onde a competição e os bens materiais sejam a prioridade do dia-a-dia das pessoas. Prefiro uma Nação que se desenvolva socio-economicamente e culturalmente em conjunto, pela força de uma sociedade tendencialmente mais equilibrada e equitativa, dentro das diferenças; do que uma nação que se desenvolva num modelo assente no oportunismo, na ilusão da riqueza pela oferta do crédito bancário, onde a competição entre classes leva à pouca coesão social. Se todo o mundo fosse comunista a sério, o continente africano talvez fosse o mais rico deste planeta. Mas nem todos temos os mesmos pontos de vista, nem todos nascemos para ser de esquerda ou de direita, e respeito as opiniões diferentes da minha, embora possa discordar delas.


    Carlos Rego

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  5. Caro Mário Leite,

    Acredito no pluralismo democrático e na liberdade de ideias e expressão. Ao nível político, penso que centralizar as próximas eleições numa dicotomia entre PS e PSD é uma visão ubíqua da realidade portuguesa. O voto é uma escolha pessoal e que reflecte, ao nível dos partidos, a sua noção de governação.

    Todos os partidos reflectem a sua visão de governação, segundo eles, em benefício dos governados. E, portanto, todas, por mais estranha que pareçam em comparação à pessoal visão de governação, são legítimas do ponto de vista da Democracia. Por isso, centralizar o acto democrático de votar numa escolha entre duas entidades políticas (que praticamente têm o mesmo modo e resultado de governação) é menosprezar as outras entidades logo menosprezar a Democracia.

    Quanto às suas questões, partilho das respostas do Carlos Rego. Acrescento que pedir igualdade de oportunidades, um serviço de saúde acessível e grátis para todos, uma educação acessível e grátis para todos, uma "justiça justa" e acessível e grátis para todos etc. são propostas irrealistas? Penso que não, são apenas uma visão, digamos muito humanista, de governação tão real como as outras.

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  6. "Querem um governo em que não tenha o Sócrates como primeiro-ministro - votem PSD."

    "Por acaso podem-me dizer em que país do mundo estão a ser aplicadas, ou já o foram, as medidas propostas pelo BE?"

    Não sei não, mas este sinhor é um bocado tendencioso.
    Um bocado não, é mesmo!

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