16 setembro 2009

Ele é português, não é?

«A ex-embaixadora Ana Gomes foi a única socialista portuguesa a abster-se na votação de um segundo mandato de Barroso, assim como fizeram os socialistas europeus. PSD e CDS-PP votaram a favor, assim como seis dos sete eurodeputados socialistas lusos. Os deputados de PCP e Bloco votaram contra.» in [Renascença]

Na votação para "legitimar" Durão Barroso como presidente da Comissão Europeia a eurodeputada Ana Gomes absteve-se. Respeitou a ordem do seu grupo parlamentar (Partido Socialista Europeu, que aconselhara os seus membros a abster-se da votação) e contrariou o "sentido de voto" dos seus congéneres socialistas portugueses e espanhóis. Instantaneamente, fora "atacada" pela direita portuguesa por ser a única deputada portuguesa (fora os eurodeputados do BE e da CDU que votaram contra) a retirar-se (ao abster-se) do processo de legitimação de Durão Barroso. Invocaram o "patriotismo" ou, nas palavras de Paulo Rangel, o "sentido patriótico" como argumento-mor para aceitar e legitimar a presidência de Durão Barroso.

Penso que é um contra-senso votar num parlamento multinacional, para "legitimar" um presidente e uma presidência com um carácter multinacional com uma política europeia, tendo como um dos principais critérios (pois a crítica a Ana Gomes não era por ela não aceitar a política europeia de Durão Barroso mas sim por abster-se de eleger um português para a presidência da Comissão Europeia) o "sentido patriótico".

Uma situação reflexiva de um certo modo de pensar que ainda persiste na classe política portuguesa (não é uma exclusividade portuguesa, para o desagrado dos mais acérrimos patriotas). Um patriotismo bacoco num mundo cada vez mais plural e extra-nacional não pode ser critério para definir futuro de uma Europa plural. Não foi esse o espírito fundador da instituição multi-nacional que é a União Europeia, pelo contrário, foi contra este tipo de patriotismo bacoco (ou sentido patriótico) que se criou esta e outras entidades multi-nacionais.

2 comentários:

  1. Até eu que pouco sei destas coisas disse o mesmo há uns tempos no blogue, desde quando é que a nacionalidade é argumento válido para o quer que seja?

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  2. Oh Dr., há razões que a nacionalidade desconhece...
    :)

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