22 outubro 2010

O Buraco sem fundo

O Estado vai enterrar mais 400 milhões no BPN. Directa ou indirectamente, pode chegar aos cinco mil milhões. O mesmo valor das medidas de austeridade. Mas quase todos os responsáveis passeiam-se sem problemas de maior.

Ficámos ontem a saber que o Estado vai enterrar mais 400 milhões de euros no BPN, através de um aumento de capital antes da reprivatização. Vale a pena recordar que não houve interessados para a venda da rede de balcões, por 180 milhões. Com este aumento de capital, o Estado já enfiou naquele buraco sem fundo, directa e indirectamente, cinco mil milhões de euros. Mais coisa menos coisa o mesmo que vai arrecadar com o plano de austeridade que vai destruir a economia do país, já que a CGD já lá injectou, com o aval do Estado, 4.600 milhões.

As perplexidades que tudo isto provoca a qualquer cidadão cumpridor das suas obrigações são evidentes.

A primeira: foi para salvar a banca das suas próprias aventuras que toda a Europa rebentou com as finanças públicas. É para se financiarem junto da banca, para sair deste buraco, que muitos países europeus continuamos a cortar nas despesas do Estado. E ainda há quem tenha a suprema lata de nos vender que só estamos dependentes da banca porque lhes pedimos emprestado. Esquecendo que, ao que parece, a banca não se sente em dívida connosco por lhe termos salvo a pele em tantos países.

A segunda: uma fraude que leva a este descalabro financeiro e que afectará os contribuintes resulta em apenas um cidadão na prisão. Todos os restantes envolvidos nos negócios da SLN passeiam-se alegremente, gozando os seus proventos. E entre eles estão ex-governantes. Fosse um pilha-galinhas, já estaria atrás das grades. E já estaria o CDS irado com a falta de autoridade do Estado, o PSD a falar do laxismo socialista, Cavaco Silva a comunicar a sua preocupação com a falta de ordem e o Governo a prometer um reforço do contingente policial.

Como é coisa que todos, mais tarde ou mais cedo, vão pagar com os seus impostos e com os seus empregos, nada de especial há a dizer. Os ladrões, já se sabe, são os beneficiários do Rendimento Social de Inserção. É com os 80 euros que podem receber por mês que nos devemos preocupar.

Daniel Oliveira in Expresso.

1 comentário:

  1. Não são 400, são mesmo 500 e não vai ser o estado directamente mas sim o Banco Publico, mais umas obrigações a sair do forno e mais instabilidade para o Banco de capital publico e tudo devido à gestão danosa que alguns senhores politicos que mais nao fizeram que passarem mtos e mtos anos a meterem para o bolso (ex. Dias Loureiro, Armando Vara) e assim continuamos, os senhores parecem ke tem cada vez mais dinheiro para o que querem especialmente para fins politicos. E quem sofre são as "Formigas", que são as suas obreiras e sem elas não obtinham os lucros que têm conseguido, mas agora ke é preciso cortar para manter os lucros então quem sofre é o zé povinho que trabalha todos os dias muito para alem do horário sem qualquer recompensa monetaria. Aumentos não! aceito redução nos grandes ordenados! mas agora quererem reduzir ordenados em mais de 10% a quem pouco ganha isso não é reduzir, isso é roubar.

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