02 fevereiro 2011

Honestidade e Cavaco

Durante a campanha eleitoral para as eleições presidenciais, houve, recorrentemente, a emersão de várias notícias que questionavam o principal atributo -elevado a este estatuto pelo próprio "presidente-candidato" e demais correlegionários- de Cavaco Silva: a honestidade. Houveram meios de comunicação que salientaram estas notícias, outros que as relativizaram. Porém, Cavaco Silva foi reeleito.

Das notícias retratas naquele período eleitoral houve uma (a permuta das casas de férias), em particular, em que a resposta do "presidente-candidato", às questões levantadas por esta notícia, foi relegada para o fim do processo eleitoral. Findado o escrutínio, a resposta tornou-se pública pelo sítio da Presidência da República. Mais uma vez, o comunicado é assinado pela "Presidência da República" e, assim, o presidente Cavaco Silva responde por intermédio do uso da terceira pessoa. Estilos de discurso à parte, passemos ao conteúdo. O que este comunicado confirmou foram as suspeitas que serviram de base para a publicação destas notícias. O cidadão Cavaco Silva foi favorecido (coloquialmente, trocou uma "casinha" por um "casarão" pelo mesmo preço) com o negócio e que tentou não pagar o imposto SISA. Em concreto, Cavaco Silva foi favorecido no negócio porque obteve, pela troca da sua antiga casa, uma mais valia significativa ficando, a outra parte, uma empresa "controlada" por um homem "forte" da SLN, com a menos valia do negócio. As razões, poucos as saberão. Entretanto, a permuta que permitiu este bom negócio não teve em conta a discrepância dos valores em causa. O que não se consubstanciou no pagamento de SISA. Cavaco pagou, realmente, a SISA. Porém só o fez após uma notificação das Finanças que o notificava da irregularidade da avaliação das casas permutadas e o exortava a pagar o imposto devido. Cavaco tentou não pagar o imposto mas pagou-o, após a detecção de um enorme diferencial entre os valores que estavam nos papéis da permuta e a realidade.

Cavaco fez um bom negócio e pagou o imposto devido. Contudo, este caso incomoda, indiscutivelmente, a áurea propagandeada de um homem honesto. Convém, relembrar, que houve casos semelhantes mas com desfechos diferentes. António Vitorino saiu do Governo de Guterres devido a um caso idêntico como, também, Morteira Nabo. Esta história teve um relevo especial devido ao exagerado destaque dado pelo próprio presidente ao seu carácter honesto. O que, na minha opinião e com os factos publicados, não é a melhor definição do seu carácter. Pelo contrário.

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