23 março 2008

Tibete, um país de interesses superiores

No Tibete existe um genocídio cultural, repressão e um ambiente de hostilidade fundados numa ocupação territorial e anímica pela China. A comunidade internacional divide-se nas opiniões sobre este território. Pelo direito de comparação, o Kosovo, uma nação que recentemente proclamou a independência unilateral, legítima na essência, que foi apoiada na sua determinação como nação por algumas potências mundiais baseadas em critérios, inequivocamente, menos rebustos do que os existentes no Tibete. Interesses superiores.

O Presidente do Parlamento europeu, Hans Gert Pöttering, afirmou que defende "medidas de boicote" aos Jogos Olímpicos se a R.P. da China não enveredar pelo caminho do diálogo com o Dalai Lama.

Na minha opinião não fez mais do que devia. Evidencio este comentário devido à falta de outros similares por parte das altas esferas europeias. Alguns países europeus reafirmaram de imediato, mesmo que aconteça algo terrível e inumano, que não boicotariam os Jogos Olímpicos. Interesses superiores.

O nosso Presidente da República, Cavaco Silva, por motivos de agenda não estará presente na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos. Consta-se que tal declínio, do convite por parte do Comité Olímpico, indirecto, por parte do P.R., deve-se aos apelos provenientes do parlamento Europeu e ao aumento da repressão chinesa no Tibete.

Quero salientar as infelizes declarações do secretário-geral do Partido Comunista Português, Jerónimo de Sousa, sintomáticas da desactualizada ortodoxia que vive aquele Partido. As declarações, com a evidente marca do compadrio cego entre camaradas, são no mínimo aterradoras para um partido que defende a liberdade e a defesa dos direitos humanos.

Jerónimo de Sousa diz: "(...)não haver precipitação no julgamento dos factos(...) face a "notícias contraditórias".(...)Sempre defendemos o diálogo, o respeito pelo direito internacional, designadamente o Tibete como parte integrante da China. Está cada vez mais claro que estes incidentes têm como objectivo político comprometer os Jogos Olímpicos" Mais uma declaração onde o compadrio ideológico sobrepõe a razão. Nada de original.

Mas intenção de boicotar os Jogos Olímpicos é legítima. Onde estão os ideais Olímpicos que deveriam suportar espiritualmente o lugar físico onde se realiza os Jogos Olímpicos? O ideal Olímpico foi destruído por interesses políticos, ideológicos e capitalistas. Jerónimo de Sousa, veemente, afirma que, pelo respeito ao direito internacional, o Tibete é parte integrante da China. Será? A ocupação agressiva e ilegal por parte da China é legal perante o direito internacional?

Leituras aconselhadas sobre o assunto:

Um Jerónimo de Sousa reaccionário no blog Sentido Único.

Palhaçada do ano no blog Uma Terra sem Amos.

Diz-me quem defendes...dir-te-ei quem és! no blog Troll Urbano.

5 comentários:

  1. Agora não se deve haver boicote aos JO Pequim, não se deve misturar política e futebol.

    E nos anos 80: Moscovo(80), Los angeles (84), como foi?

    Hipocrisia.

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  2. OS JO actualmente estão muito politizados e com uma envolvência monetária que esquece os princípios todos.

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  3. Não concordo com a afirmação de que os comentários do Jerónimo foram infelizes. São apenas e muito simplesmente, os comentários possíveis para quem está daquele lado da barricada.
    José Manuel Faria diz que não se deve misturar o que sempre, desde o Império Romano ("panis et circensis"), esteve misturado?
    Cumprimentos.

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  4. A frase está mal construida e tinha um sentido irónico. Há mistura, claro.

    A hipocrisia é que os jogos olímpicos nos anos 80 foram boicotados por motivos plíticos, e estes não o podem ser!

    Não, está em "jogo" 1/5 da humanidade e um potencial económico monstruoso.

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  5. Os provas desportivas sempre têm e tiveram um cariz extra-desportiva a "comandar".

    Quanto ao comentário de Jerónimo de Sousa, considero infeliz, não pelo facto de não apoiar ou apoiar o boicote, mas sim pela simpatia "compadradre" pelo regime chinês, implícito no comentário.

    Aparentemente, continuará a actuação dos regimes a "pão e circo" para sustentar e distrair as massas, o único meio de sustentabilizar e prolongar o regime

    Cumprimentos.

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