17 junho 2008

A << consciência social >> do Vale do Ave

A empresa Teviz -Têxtil Vizela, localizada em Moreira de Cónegos, concelho de Guimarães, apresentou um processo de insolvência, justificado com dívidas de 27 milhões de euros, que pode levar ao despedimento de 270 trabalhadores(...)

"Há três anos que o subsídio de Natal e o subsídio de férias estão a ser pagos em duodécimos divididos pelos doze meses do ano", frisou Manuel Sousa. Sem salários em atraso, a administração da Teviz - Têxtil Vizela, está a pagar os ordenados em "prestações". Do mês de Maio, a empresa pagou apenas 50 por cento do salário, faltando ainda pagar o restante.(...)

Com um passivo de 27 milhões de euros, os trabalhadores temem que a viabilização da fábrica passe pelo despedimento. "Nunca aceitaremos qualquer processo de viabilização que passe pela redução dos postos de trabalho", referiu o dirigente do Sindicato Têxtil. "Para os trabalhadores, é muito difícil de perceber como é que, havendo tanto trabalho e tantas encomendas que até obrigam a que se façam horas extras, a empresa apresente um passivo tão grande", disse Manuel Sousa.

Com o plenário realizado:

Os 270 funcionários da empresa têxtil Teviz, de Vizela, voltaram ontem ao trabalho, depois de um plenário em que decidiram assumir-se junto do tribunal como "credores da empresa". "Os trabalhadores vão reclamar os seus créditos", assumiu fonte sindical.

Provavelmente o passivo incompreensível, estratégias económicas difusas e pouco sustentáveis, negligente auscultação financeira, mal gestão, e, principalmente, mal formação e orientação do quadro administrativo levam ao inevitável encerramento. Claro, com um processo de insolvência a empresa aproxima-se inevitavelmente do seu encerramento. Tenta-se o diálogo entre fornecedores, credores, trabalhadores e governo. Algo salienta-se deste e de outros casos de falência no Vale do Ave, a incompetência de quem gere e o desprezo pelo trabalhador. Onde está a << consciência social >> que tanto apregoam ?

2 comentários:

  1. O interesse na saúde da empresa deveria ser dos 2 lados. Em muitos casos não é assim.

    Por isso a questão da luta de classes está para durar.

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  2. Aí está o cerne da questão.

    Em Portugal, as empresas ou melhor certos empresários, não têm consciência social. Para eles os trabalhadores são números e nada mais para além disso. Enquanto este tipo de pensamento perdurar, veremos casos como este, tristemente, a acontecer.

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