via [Arrastão].
Sempre que há intenção de aumentar, em concreto, o salário mínimo nacional (SMN) inquietam-se (quase instantaneamente) as confederações e agremiados de empresários e industriais suportados por algumas forças políticas. Sabendo que outrora "aceitaram" o aumento do SMN até 450 euros para 2009 -em sede de concertação social no ano de 2006-, agora, afirmam que: «não pode ser bem assim, a crise e tal não permite (...)». Apontam, também, a irresponsabilidade do Estado em implementar um aumento de 5,6% ao salário mínimo nacional, ameaçando-o com a retrógrada (mas sempre útil) proposição: um aumento desta envergadura do SMN (em concreto e não apenas estatístico) infere (assim sem mais nem menos) numa perda de emprego.
Poderá, sim, inferir numa perda de emprego naquelas actividades económicas onde o baixo salário do trabalhador é um factor dominante na competitividade da empresa. Naquelas empresas que, de facto, não devem e não podem ser a base empresarial para a economia portuguesa que ser quer inovadora, moderna e qualitativa.
Depois da "libertação"do salário mínimo nacional como referência indexante para várias prestações sociais; depois de uma constante perda de poder de compra (repara-se no gráfico acima postado) dos trabalhadores; e sabendo que 400 euros é o limiar da pobreza na Europa, espanta-me que haja mentes que não aceitam a subida (que está acordada anteriormente) do salário mínimo nacional que vai abranger cerca de 300 mil trabalhadores.
Façamos o seguinte exercício:
ResponderEliminarAUMENTO SALARIO 450-426=24*14 meses=336/11 meses de trabalho=30,55 euros mensais por trabalhador
AUMENTO ENCARGOS SOCIAIS 30,55 euros * 24,75% = 7,56 euros mensais por trabalhador
AUMENTO SEGURO A. TRABALHO 30,55 euros * 3,5% = 1,07 euros mensais por trabalhador
TOTAL = 30,55 + 7,56 + 1,07 = 39,18 euros mensais por trabalhador
É multiplicar por 300 mil trabalhadores.
O anunciado aumento de 5,6% é afinal de 9,2% nos custos com o pessoal, uma das principais rubricas dos custos das empresas. Enquanto TOC conheço a realidade das PME's e estas estão já estranguladas pela exagerada carga fiscal e com enormes quebras na procura. Não é previsível um aumento da procura e com as margens estranguladas pela concorrência com um aumento nos custos muitas PME'S poderão ter que fechar as portas.
É muito importante aumentar os salarios reais das famílias até para relançar a economia mas faze-lo sem por exemplo desagravar a carga fiscal ás PME's geradoras de emprego e riqueza vai sem duvida criar dificuldades a muitas empresas.
Concordo.
ResponderEliminarAs PME'S são o "motor" e o futuro deste país.
Deveriam ser melhor atendidas pelo Estado.
As políticas fiscais deveriam valorizá-las e não restringi-las.
Ao contrário de certos sectores económicos e "grandes" empresas deste país e estrangeiras que constantemente são beneficiadas com isenções fiscais e subsídios astronómicos e desproporcionais.
Veja-se este caso, onde o Estado subsidia uma "garantia já garantida" com isenções fiscais e com um subsídio de cerca de 23,4 milhões de euros.
O caso do sector bancário (já com a "bolsa de ar" de 20 mil milhões de euros) que paga, em regra, uma taxa de IRC que é metade dos restantes sectores, e este ano (como nos anos anteriores) pagarão menos 145 milhões de euros em impostos, é paradigmático de como funciona a política fiscal dos sucessivos governos.
A medida proposta por alguns partidos, que se baseava num alargamento do prazo de pagamento do IVA para apenas depois do momento de as empresas receberem, aparentava ser uma boa proposta. Mas o calculismo político impera.
Mas, também, temos de reconhecer que um dos problemas da nossa economia são os baixos salários e o peso que estes têm na competitividade das empresas.
Temos de ter em atenção também que os vários anos a falta de aumentos reais de salários foram beneficiadas as empresas em geral. Contudo, nisso tanto as PME'S como as "grandes empresas" foram as grandes beneficiárias porque tiveram, teoricamente, a mesma produtividade mas rendimentos superiores (porque os preços subiram com a inflação mas a despesa salarial diminui porque não subiu em igual ou superior proporção).