31 outubro 2009

The singers change but the song remains the same

«Hillary Clinton adverte Irão de que "a paciência tem limites"» in [SIC]

«(...)Hillary Clinton, rejeitou a precondição palestina para negociar, ou seja, o congelamento dos colonatos israelitas.» in [TSF]

Estas declarações reavivem os velhos tiques diplomáticos da administração Bush. Hillary Clinton, membro do establishment americano, exacerba, com a sua falta de diplomacia, a atitude cínica perante o «processo nuclear» do Irão -sendo os EUA uma das ditas «potências atómicas» exige que outros (para além dos países "amigos") não possuam tal capacidade- e a intransigência sobre as necessidades palestinianas. No fundo, sem aquelas palavras diplomaticamente correctas e as «nobelizáveis» intenções, a administração Obama é, em concreto, um reflexo da anterior. De nada vale para os EUA a ética que falta perante o Irão e a promessa de ouvir os lamentos da Palestina. No fim, crivando o discurso e os espectáculos mediáticos, o que temos nas verdadeiras questões internacionais são...boas intenções recheadas de más acções.

2 comentários:

  1. O que está aqui em causa não é a continuação do legado Bush.É redutor e panfletário colocar a questão deste modo. Trata-se sim de duas visões do mundo. De um lado a diplomacia e instituições democráticas a funcionar (por vezes mal) e de outro regimes autocráticos e nepotistas cujos valores máximos muitas vezes (demasiadas)se representam por mártires bombistas, mulheres oprimidas, sociedades arcáicas e inquisidoras.
    Acredito que seja "giro" e muito "cool" defender a causa palestiniana simpatizando com o Hezbollah, tal como não deixa de ser denso e intelectualmente desconcertante, sedutor até opinar acerca das virtudes imcompreendidas de um qualquer ayatollah.
    Para a receita ser completa junte-se a isto aquele incontornável "tique" toque anti-americano et voilá o cliché-standard fica construído. O mundo livre tem destas coisas. Ainda bem.
    (ps) gostava de reenviar este comentário para um amigo meu em Teerão mas parece que a "net" lá do sitio não funciona mt bem.

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  2. Caro Anónimo,

    No concreto, a administração liderada por Obama ainda não mostrou uma mudança ao "legado" da anterior. Ou seja:
    na administração actual temos um secretário da Defesa que, veja só, era da administração de Bush, ou seja, um actor do "legado" de Bush;

    temos a sra. Hillary Clinton, secretária de Estado que, apoiou o "legado" de Bush votando ao lado dele no apoio à guerra, implementa os mesmos "tiques" diplomáticos de Bush e arrogância perante os mesmos contra a amizade (cega) perante outros.

    a guerra do Iraque continua e os soldados americanos ainda lá estão a impor o "legado" de Bush;

    a guerra no Afeganistão continua e piora a cada dia que passa, havendo a possibilidade de um reforço militar para impor o "legado" de Bush;

    A instabilidade no Paquistão aumentou devido a uma relação directa com a situação no Afeganistão, que piora a cada dia que passa devido ao "legado" de Bush;

    etc..

    O que pretendo transmitir é que, para além da diferença de discurso, neste momento não temos uma verdadeira mudança de paradigma nas relações internacionais e muito menos acções concretas que indicam o contrário.

    Aqui não se trata de uma questão (uma luta épica do bem/mal) entre a Democracia e a Autocracia. Trata-se da super potência mundial, EUA, continuar a impor a sua hegemonia, mediante os seus interesses, a tudo e a todos.

    Claro, existem aqueles que não se importam. Para eles os democráticos EUA têm sempre o bem com eles. O povo palestiniano é refém na sua própria terra, humilhado e maltratado no entanto os EUA apoiam incondicionalmente Israel e a sua política de ocupação (significa ocupar terra que sabem que não pertence a Israel) sem ceder um palmo.

    Quanto ao Irão, claro que não apoio aquele regime autocrático (disfarçado com falsas eleições). Mas irrita-me o cinismo internacional quando exigem que o Irão não se arme "nuclearmente" (naturalmente, sou contra) mas deixam que Israel, à revelia dos tratados internacionais, possua armas nucleares (claro, nunca admitido internacionalmente e muito menos fiscalizado por entidades internacionais).

    Muito havia para dizer sobre estes assuntos. Mas para isso, teria de haver disponibilidade de uma outra parte (o anónimo) que "arranca" logo com aqueles "clichés" de não-argumentar e qualificar quem opinou, deturpando a opinião dada. Mas não faz mal...

    Cara anónimo, se o "cliché" (não tenho nada contra eles) ainda não culminou deixo-o, então, com este trabalho.

    Obrigado pela atenção.

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