28 abril 2010

Os Paliativos do Costume. Quem vai pagar o défice?

Hoje o líder do Governo e o líder do principal partido da oposição reuniram para discutir políticas e soluções para o futuro [in público]. Achei muito nobre que ambos se tivessem reunido, porque a Nação deve estar a cima dos partidos e das diferenças ideológicas, pena é que se tivessem esquecido também dos representantes dos outros partidos. Ainda assim, parece que o bom senso e a coragem não imperaram por aqueles lados. As declarações de ambos à comunicação social pareciam uma peça bem ensaiada mas, as suas vozes estiveram por vezes tão trémulas e hesitantes que não conseguiram disfarçar a insegurança e, talvez, a impotência e a vergonha que sentiram por dentro. Da primeira reunião apenas se lembraram de sacrificar os mesmos estratos sociais de sempre, como se isso fosse salvar Portugal do "naufrágio", como se a grande maioria dos desempregados o sejam de livre e espontanea vontade, e como se isso fosse resolver o estrutural problema económico do país.

Ainda que isso possa ajudar na redução do défice e, ainda que não discorde em absoluto com o que foi anunciado, porque há que criar um sentido de responsabilização de todos não devendo ninguém permanecer subsidiado quando lhe é oferecida uma solução de emprego, havendo também uma necessidade de melhor fiscalização das situações sociais, acho porém, que essas medidas quando vistas e aplicadas de forma isolada, assim como a redução do subsídio, são injustas, são insuficientes, são as pinceladas do costume. É que o esforço de "todos" parece ser muito dúbio na cabeça daquelas duas alminhas. Esqueceram-se de outros, esqueceram-se deles próprios, esqueceram-se primeiro de reduzir o despesismo do Estado, sobretudo nos caprichos da politiquice, de primeiro resolver a vergonha dos prémios de gestores públicos, de tributar mais justamente o grande capital e a banca, e de muitas outras coisas.

Não podem ser só alguns a remar e a tirar o barco das águas tempestuosas, sobretudo quando esses "alguns" são os mais desfavorecidos e aqueles que se encontram em situação de maior fragilidade.

Que belo exemplo Sr. Sócrates e Sr. Coelho.

Até já estou a adivinhar o que virá nas próximas reuniões - subida de impostos para a classe média, congelamento de salários, congelamento de progressão nas carreiras..., ou seja, o mesmo de sempre, a mesma merda de sempre.

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