Penso que a maioria dos cidadãos percebe que o estado económico actual em Portugal é preocupante. Bastaria olhar para as estatísticas oficiais sobre o desemprego para termos a percepção que o nível elevado da taxa de desemprego na população activa é, inevitavelmente, um indicador que ilustra o mau estado económico do país. É um facto.
Temos a percepção, também, de que se há desemprego é porque o tecido económico não fornece trabalho suficiente para fornecer um emprego a todos os que queiram e têm que trabalhar. As causas são diversas mas a principal é o estado "estagnado" da nossa economia.
Temos mais de seiscentos mil desempregados (estatística oficial) e as "bolsas de emprego" disponibilizam apenas trinta mil empregos. Logo, numa conta aritmética simples, veríamos que se todos os "oficialmente" desempregados desejassem os empregos "oficiais" disponibilizados pelas "bolsas de emprego", teríamos, a grosso modo, cerca de vinte desempregados a concorrer para um emprego.
Posto isto, a actual ministra que tutela a Segurança Social, Helena André, afirma que o corte no subsídio de desemprego tem como objectivo o rápido regresso dos desempregados ao mercado de trabalho. Ora, como o mercado de trabalho não tem o número de empregos necessários para absorver o número de desempregados "oficiais" (um emprego para vinte desempregados) é óbvio que esta medida (corte no subsídio de desemprego) nada tem de estimulante para o regresso dos desempregados ao mercado de trabalho. É imediato que esta medida foi feita para "poupar" algum dinheiro à custa dos que menos podem e, que aliás convém referir, estão a aceder a um direito para o qual descontaram.
Se querem o rápido regresso dos desempregados ao mercado de trabalho têm, como é óbvio, de estimular a economia que produzirá trabalho e consequentemente emprego. Mais emprego menos desempregados. Fórmulas simples de promover e que estes governantes não o fazem e, para agravar, iludem-nos com medidas social e eticamente censuráveis.
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