19 junho 2010

As mortes que não o são!

Sou um desconhecedor da obra literária de José Saramago, não por incuriosidade pois já folheei alguns dos seus livros, mas antes porque a minha vida me levou a procurar outro tipo de literatura e outro tipo de leituras. Mas ainda vou muito a tempo, penso eu. Por isto não tenho nem posso fazer grandes juízos sobre a escrita de um Nóbel da Literatura, mas posso apreciar a sua personalidade e postura enquanto tal.

Já dizia o ditado que - "Santos da terra não fazem milagres". Por isso é que Dan Brown´s vendem tanto e são tão famosos no nosso Portugal, com um teor de escrita igualmente crítico com a religião quando comparados com Saramago. São as modas e as modinhas dos floreados e romances. Valem mais os que dão uns toques na bola e que nada produzem de concreto, do que aqueles que escrevem sobre a vida e o mundo e nos dão conhecer outras formas de pensar, abrindo horizontes. É este um Portugal que ignora a capacidade da língua portuguesa e, a riqueza da sua obra literária e dos seus escritores.

Saramago foi um crítico inconformista e são os inconformistas que fazem o mundo evoluir, aqueles que quebram os paradigmas, aqueles que contrariam a norma com a qual as maiorias concordam, aqueles que têm as suas convicções devidamente argumentadas e as defendem. Quase todos incompreendidos nas suas épocas como reza a história de: Jesus Cristo, Galileu, Mozart, Darwin, etc... Saramago tinha esse génio, o de uma personalidade bem marcada, de ideais e convicções inabaláveis, dotado de uma postura por vezes arrogante por que era vítima da própria arrogância daqueles que sempre acham que são os supra-sumos da inteligência e sabedoria, num país pouco habituado à auto-crítica e à dureza e crueza da verdade, e às vozes que contradigam os grandes senhores do poder instituído.

Ele será na minha opinião lembrado como Pessoa, como Eça, Bocage, Garrett ou Camões, etc. É sem dúvida um marco na literatura portuguesa, por ter sido capaz de criticar todo um modelo social e religioso de forma irreverente e literariamente rica, com a mesma genialidade dos seus antecessores. A ele dedico este meu texto, porque acredito que a vida e a morte são as coisas mais importantes da consciência humana.

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