12 dezembro 2007

O que são ordens? (II)

Se há atitudes que me irritem são as perpetradas por elitistas e corporativistas autistas que se esquecem de juramentos em prol da sociedade e põem nos confins dos seus egos o altruísmo e idoneidade do seu profissionalismo.

"A Ordem dos Médicos proíbe a ajuda por telefone aos enfermeiros que se desloquem nas viaturas de suporte intermédio de vida. Nestas ambulâncias (onze em funcionamento em todo o país), os enfermeiros recebem orientação médica através das telecomunicações à distância. Agora, a Ordem dos Médicos emitiu um parecer vinculativo para que não sejam permitidos actos médicos via telefone nestes casos específicos. Uma informação explicada pelo jornalista Jorge Correia."

Roubado do blog do Paulo Ferreira, O Renascer das Cinzas.

10 comentários:

  1. Caro Marco,

    Não posso concordar. O cumprimento do Juramento de Hipócrates (que farei no próximo Domingo) obriga os médicos a tomarem esta posição na defesa do interesse dos doentes.

    Nem sempre o que é mais barato é o melhor para o doente. Este é um caso óbvio.

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  2. Caro Pedro,

    O que está em causa aqui é a proibição de uma ajuda legitima de um profissional para outro.

    O projecto SIV é um excelente projecto para terras onde não existem VMERs e por conseguinte não existe assistência médica de emergência.
    Para estas terras, onde estes projectos se adaptem perfeitamente no ambiente sócio-económico, é essencial rentabilizar os meios.E usar, melhor, boicotar a assistência técnica de estas equipas de emergência (compostas por um enfermeiro e um TAE) para reivindicar possíveis empregos, é no mínimo deplorável e pouco condizente com juramento que fazem.
    Quem fica a perder é, como sempre , o mais fraco, o que precisa de ajuda.

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  3. Marco Gomes, mas as SIV estão a ser criadas onde o senhor ministro andou a fechar serviço de urgência e maternidades, ele alegou que esse serviços não tinham condições para estarem a abertos, e encerrou, devia era de equipar esses centros e dar formação a quem por lá trabalha, em vez disso mandou encerrar e substitui-los por uma ambulância.

    Uma ambulância tipo SIV pouco ou nada faz em situações graves se não existir um médico com formação na área de emergência, ainda bem que a OM foi contra o projecto, um projecto que somente serve a interesses pessoas e de classes, em nada melhora o socorro a população.

    No meu Blog tento ser um pouco mais específico

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  4. Compreendo que nestes casos, onde não haja serviço de urgência aberta, se compreenda.

    Veja o caso onde moro. No concelho de Cabeceiras de Basto o serviço de urgência está aberto e possuímos uma ambulância SIV. Não percebo a vossa relutância a este assunto. No nosso Concelho foi uma mais valia no socorro este projecto.

    E o que está em causa neste post, é o uso de medidas que restringem o socorro para reivindicar posições, e isto é horrível.

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  5. Olá Marco,

    Entendo a tua posição de utente, mas a questão infelizmente é mais complexa do que parece.
    Por um lado, e como o Paulo disse as siv estão a ser colocadas estrategicamente nos locais onde se fecharam hospitais e urgências. Por outro temos de olhar à capacidade dos Enfermeiros, e esta frase nada tem de discriminatória, nada tenho contra os Enfermeiros, eu mesma tenho parte de uma Licenciatura em Enfermagem que não terminei por opção, não é de todo discriminação, é mesmo conhecimento de causa. Posso dizer-te que os Enfermeiros saiem da faculdade sem qualquer conhecimento de emergência pré-hospitalar, e o que o Inem lhe ensina não chega. Repito, estou a falar-te com conhecimento de causa. Depois temos outro factor, os actos médicos. Não é suposto os Enfermeiros praticarem certos actos, que são considerados actos médicos. E então pergunto, como é possível que possam em determinadas situações mais graves desempenhar um papel eficaz?
    Por sua vez o Inem... Este Instituto infelizmente não faz o melhor papel, pois a maioria das suas atitudes não são em prol da boa prestação do serviço ao cidadão.

    Cumprimentos

    Luz

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  6. Obrigado luz pelo teu comentário.

    Discordo em alguns pontos.
    Primeiro definimos o que são ambulâncias SIV. São um serviço que actua no meio termo entre a ambulância de socorro e a vmer.
    Tanto o bombeiro da ambulância de socorro, como o médico da VMER são assistidos via telefónica pelo CODU, pelo um médico ou não.
    O que está aqui em causa neste post é a negação de apoio telefónico a um enfermeiro, que não substitui nem pratica actos médicos.
    Infelizmente, nem enfermeiros nem médicos acabados de saem do curso sem, sublinho, sem nenhum conhecimento em emergência pré-hospitalar e nem de Suporte Básico de Vida (o que é impressionante).

    Cumprimentos

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  7. Olá Marco,

    Pois... Eu não diria que esteja no meio-termo, mas isso são conceitos que não podem estar em discussão, pois iria entrar nas ideias de cada um.
    Sim, tantos os bombeiros, como os médicos da vmer (depende do que lá está, alguns nem telefonam), como os Tae que trabalham para o próprio Inem são "assistidos" pelo codu, mas raramente, muito raramente por médicos.
    Entendi a ideia do post, o facto de ser ridículo se estar a negar um apoio quando quem está nas siv, independentemente de ser enfermeiro, Tae ou seja o que for, está lá para socorrer. Eu entendi o teu post Marco. Há uma guerra de interesses, era aí que querias chegar com o post. Mas o que te quis dizer é que um médico poderia fazer no local bem mais que um Enfermeiro fará. E aqui deixa de ter nexo a equipa que constitui a siv. Acredito que o Paulo Ferreira também se estava a referir a isto.
    Quis dizer também, que não se pode criticar em demasia esta guerra de interesses dos médicos pois o próprio Inem é uma guerra de interesses no seu todo. Não dão qualquer ponto sem nó. E mais, não dão formação suficiente.

    É só a minha opinião... Do que vejo todo o santo dia.

    Fica bem

    Luz

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  8. A sua opinião é aceite e respeitada.

    Cumprimentos.

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  9. Perante os comentários anteriormente referidos, não podemos esquecer que os Pré-Hospitalar não são somente emergência médicas, existe as situações de trauma, onde somente 2 elementos são tecnicamente insuficientes para prestarem um socorro correctamente, nessas situações de nada vale existir acompanhamento médico por telemetria ou por imagem, existe a necessidade de mais pessoas para efectuar o socorro correctamente.

    Uma ambulância é insuficiente, e não pode-mos ter meios somente para alguns doentes, ou seja para os primeiros, e se existir outra situação ninguém sabe como é, ou seja sobra para os Bombeiros locais, que sem meios e capacidade financeira para os manterem, obrigados a responder com a mesma capacidade de intervenção, muitas das vezes suportando eles mesmo o socorro ao cidadão, porque as identidades oficiais se recusam pagar o serviço prestado, principalmente o INEM, que se recusa accionar meios de socorro, incentivando os cidadãos a ligar para as identidades “ Bombeiros, CVP” poupando milhões de euros com essa situações.

    Ter uma SIV ao perto de casa de nada garante que exista um bom socorro, porque quem a coordena muitas das vezes não a acciona nem deixa sair.

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  10. O que está em causa não é que os enfermeiros pratiquem actos médicos,é óbvio que isso não seria correcto,cabe a cada qual a realização das suas funções.No entanto, a orientação e aconselhamento via telefone de um profissional de saúde para outro tornaria,com certeza,a actuação mais eficaz por parte das equipas. Em relação às capacidades dos enfermeiros,discordo plenamente com o comentário de que os enfermeiros são menos capazes que os médicos.Penso,aliás,que há muitos mais enfermeiros bem preparados para situações de emergência do que médicos.E falo de uma realidade que conheço bem.E mais,grande parte dos cursos de primeiros socorros e emergência são leccionados por enfermeiros,mesmo em cursos de medicina.Não percebo porque é que não se impõem contra as linhas do tipo "dói dói trim trim" ou outras linhas em que são dados aconselhamentos via telefone às pessoas, que são leigas na área da saúde.

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