24 abril 2008

Já não me surpreende, apenas me incomoda

Médicos e grupos querem SNS no privado

Bastonário quer utentes do SNS a poder escolher entre público e privado O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu ontem em audiência com o Presidente da República que o Estado convencione com o sector privado a prestação de serviços de saúde, desde consultas a cirurgias, de modo a alargar o acesso dos utentes do Serviço Nacional de Saúde.

Trata-se (...) de permitir que os utentes do Serviço Nacional de Saúde possam ir a consultas ou fazer cirurgias em unidades privadas, serviços que seriam praticados a um preço fixo convencionado com o Estado.

Para o bastonário, este modelo não só permitiria melhorar o acesso dos utentes ao sistema de saúde, como os médicos poderiam baixar os preços, na medida em que teriam uma escala diferente. Por outro lado, defende, "é a única maneira eficaz de combater as listas de espera nas cirurgias, pois o sistema actual, de contratos à base de pacotes de doentes, não só é complicado como absurdo".

Também a administradora executiva da Espírito Santo Saúde - um dos maiores grupos do sector -, vê com bons olhos um sistema semelhante.

O bastonário da Ordem dos Médicos preconiza um sistema de incentivo e de rentabilização ao sector privado de Saúde ( defeitos e virtudes podem ser comparados com o famoso << cheque-ensino >> ). O bastonário esquece o intuito da Ordem de defender os utentes e torna-se, como é óbvio, um arauto do sector privado de Saúde. Invés, de propor alternativas, optimizações, resoluções para o Serviço Nacional de Saúde, promove a semi-privatização do Serviço.

Os grupos de interesse singular, como eu gosto de os apelidar, são a representação mais evidente do atraso social do nosso País. Haja coragem, bom senso e responsabilidade para os acusar e os impedir que "minem" este País com os seus interesses.

3 comentários:

  1. É triste ver que cada vez mais as condições de saúde se tornam meras questôes de interesse,como não podia deixar de ser,monetário.A saude como igualdade é agora uma miragem,e os sedentos doutores cegos pela ambição fazem com que a saúde de qualidade seja um oasis só atingivel para pessoas de certas classes sociais.E o fosso vai aumentando....

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  2. Tens toda a razão meu Caro Marco. É triste verificar como os interesses corporativos se sobrepõem aos verdeiros e reais interesses das pessoas. não nos bastava a gradual destruição do Serviço Nacional de saúde, com a perda de direitos básicos instituídos pelo Ministro do governo Soares António Arnaut, (que foi o pai do serviço nacional de saúde) agora somos confrontados com esta ofensiva corporativista por parte do bastonário. São estes senhores que andam com carros topos de gama, e têm casas de campo e de praia, e participam em conferências em paraísos tropicais financiados por laboratorios, que mais beneficiam da ADSE. O estado é para estes senhores uma vaca leiteira, que por falta de fiscalização das consultas financiadas pela AdSE, ameaça dar o "estouro". No fim o pobre é que paga. Em Cabeceiras há médicos que têm ordenados mensais com prestação no público e privado a rondar os 25 mil euros, 5 mil contos em moeda antiga. Agora o bastonário quer incentivar o privado. Quem paga somos todos nós. Que saudades eu tenho Marco, da Social-democracia europeia. Morreu. Está enterrada. Estamos a ser invadidos por um neoliberalismo selvagem que suprime os direitos essenciais como o direito à saúde. Para onde caminhamos, 34 anos após Abril?

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  3. A última palavra é nossa.


    Enquanto não atingirmos a plenitude dos ideais, haverá sempre um inconformado aliado a um desprotegido a lutar.

    Bom dia da Liberdade.

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