29 julho 2008

Propostas governamentais para impor o cumprimento do juramento sem o habitual esventrar do Estado

Está em fase de discussão uma proposta governamental de criar um regime único de exclusividade aos médicos pertencentes ao Sistema Nacional de Saúde. Embora a ministra afirme que o País não está preparado, penso que esta medida carece de celeridade. Esta proposta, ainda um pouco abstracta e possivelmente a auscultar reacções, tem uns pontos essenciais para revitalizar o SNS e organiza-lo convenientemente. Esta proposta, a grosso modo, foca na criação de um regime de exclusividade, em que o profissional de saúde, ao escolher o SNS não poderá acumular cargos no sector privado. Visa, também, a revisão das carreiras médicas à Função Pública (regimes de mobilidade e etc.). A criação de uma carreira única para os clínicos e a intenção de pagar aos médicos consoante o desempenho.

Reformas essenciais, embora ainda em discussão e com um vaticínio de uma implementação pouco realizável (os expectáveis urros corporativistas, greves, Ordem dos Médicos, etc.), para a renovação e aperfeiçoamento do SNS, tocando num dos maiores catalisadores do enfraquecimento do SNS: a promiscuidade, dos profissionais de saúde, entre o público e o privado.

Mas, como estamos habituados, os urros corporativistas imediatamente se fizeram sentir. Na generalidade dos clínicos, consultados pelo Correio da Manhã, não questionaram a legitimidade ou a pertinência que este regime de exclusividade irá ter, mas, sim, passo a citar um deles : 'Com os salários degradados que existem, é um convite ao abandono, numa altura em que o problema é exactamente haver médicos a menos'. Não querendo generalizar, quanto às maiores preocupações destes clínicos, penso que estamos conversados. Até poderia atirar, que é esta a preocupação mestra que os guia descurando juramentos e esventrando o estado.

O bastonário da Ordem dos Médicos, qual corporativista mor, Pedro Nunes, asseverou com as mercantilistas palavras que o caracteriza, que " forçar médicos a trabalhar apenas nos serviços públicos é uma medida que "não tem qualquer possibilidade de ser viável". Traduzindo a conversa de bastonário bilderberg, ele quererá dizer que fará tudo para impedir esta reforma, altos valores se sobrepõem (sem nunca apontar soluções a não ser de aumentar os salários, pois claro). Fica aqui, para o clarificar de posições, os estatutos da Ordem dos Médicos, agora comparem com a actuação da Ordem durante estes decénios pós-vinte cinco de Abril, e verão quanta consideração teço por este órgão corporativista.

Contudo, como em tudo nesta esfera de paradoxos que é a vida, existe excepções institucionais nesta temática. A Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, apoia esta proposta governamental, e, assevera que esta proposta já deveria ter sido implementada já há muito tempo.

Em suma, a proposta, que possivelmente não aguentará (espero que aguente) as críticas e as consequências da bem estabelecida teia de influência, apresenta uma reforma que peca por tardia. Em jogo estará, mais uma vez, o SNS os utentes e os profissionais de saúde. O que pensarão deste assuntos os petizes corporativistas cá das imediações ? Possivelmente, nada dirão sobre o assunto. (like is usually, is business stupid )

6 comentários:

  1. Em minha opinião trata-se de uma medida com os olhos postos em 2009. Anuncia-se agora vai tendo ligeiras discussões que aumentarão de tom á medida que se aproxima o proposito para a qual foi criada esta "propaganda".
    Não será tomada nenhuma medida de fundo antes das eleições e depois desta nenhuma será tomada tambem. Talvez se amealhem uns votos daqueles que pensam que por ter médicos exclusivamente dedicados ao SNS se vai ter melhor serviço. Para que o serviço seja melhor temos que ter os melhores. Será que os médicos que se dedicarão em exclusivo ao SNS serão os melhores?
    Só se lhe pagarem aos médicos aquilo que pagam aos gestores de empresas do sector empresarial do estado...

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  2. Os médicos formados pelos contribuintes só pensam em ganhar dineiro, triste muito triste.

    Há excelentes excepções.

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  3. Alguns nem se empenham no seu trabalho, que é de muita responsabilidade, eu próprio já fui vítima de nigligência médica. Alguns médicos não teem competência para o ser, deviam era ser mesmo veterinários.

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  4. Boa Tarde,

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    Muito obrigado pela atenção,

    Melhores Cumprimentos,

    Stran

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  5. A medida de exclusividade é boa e necessária. Peca por tardia.

    Agora, a sua implementação estará sujeita a muitos factores, desde da classe à opinião pública. Quanto à última não penso que será o problema.

    É necessário acabar com o mito do privado. Existe o mito de melhores salários, melhores condições, sim, mas não é para todos, apenas os melhores entre os melhores.

    E o sector privado não tem capacidade para absorver todos os queiram lá entrar. Mesmo assim, penso que muitos ficarão no SNS, porque lá existem regalias difíceis de equiparar ao sector privado.

    Agora ter de pagar mais e muito mais é um argumento que está a ser provado que não melhora, apenas alimenta o ciclo vicioso da chantagem: por mais e muito mais.

    Altos valores se elevam.

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