O Vítor Pimenta, "melidrou-se" com este post, em que retrata a demagogia de quem argumenta o condicionamento da classe médica. Porém, e sem validar as suas afirmações prefere ironizar com as minhas posições. Assevera que eu sou um "socialista clássico", a maior parte das vezes, e um liberal de mercado quanto ao ensino de medicina. Contudo, etiqueta o seu irónico escrito com "Ódio aos médicos". Não sustento ódio, tenho muita consideração por esta classe, não admito, nem a minha humilde consciência me permite, a permissividade e anuência perante certas atitudes de "corporativismo danoso" em certas classes visando o detrimento do bem comum. Irrita-me.
Não sou sectário e tenho um pensamento suficientemente flexível para analisar todas as hipóteses e respeitar todas as posições. Ao invés do que o Vítor tenciona dizer (entre-linhas) eu compactuo com alternativas. Tanto na educação quanto na saúde, isto é, não sou contra as iniciativas privadas (pelo contrário), desde que, não interferem perniciosamente e não parasitem o sector público das ditas áreas.
Portanto, as falácias continuam, o Vítor ainda não validou o argumento da não abertura de faculdades privadas de medicina, nem refutará as outras questões que aqui levantei. Não argumentará porque não pode, poderá contradizer-se. Continua afirmar que o excesso de profissionais na saúde deve-se, exclusivamente, aos colégios de especialidade e reivindica um aumento salarial para os ditos profissionais como a escapatória (mais fácil e de resultados duvidosos) para assimetria na quantidade de profissionais especialistas. Quanto ao aumento salarial, caro Vítor, todos sabemos quão privilegiados são os salários brutos (porque poucos serão aqueles que auferem apenas o salário base, que diga-se de passagem, não é assim tão pouco) destes profissionais, as regalias que têm, os juramentos que desfazem em detrimento do monetário e o fabuloso mito do privado.
Ora, o Vítor condena a política de condicionamento dos Colégios de especialidade, mas não estará a própria ordem dos médicos a provar um pouco do seu veneno. Não é a Ordem dos Médicos que é o baluarte do condicionamento da profissão médica? Sabemos que o problema em causa é complexo e de morosa resolução. Que os colégios são condicionadores, sim, e é preciso acabar com esta horrendo estado. Contudo, necessitamos de coerência. Acabar com o condicionamento nas especialidades e o condicionamento no ensino médico.
Isto não é uma questão ideológica é uma questão de justeza e de equidade de procedimentos e concessões. Ele, o Vítor, saberá, quão horrorosa é a promiscuidade na saúde em Portugal e o, igualmente horroroso, condicionamento profissional. É preciso quebrar corporativismos e imiscuições. Uma ordem ou ordens não podem condicionar decisões políticas, nunca.
O que me entristece é ver jovens como o Vítor Pimenta, os profissionais de amanhã numa área tão sensível como a saúde, terem comportamentos anacrónicos e tão mal condizentes com as suas personalidades. Serem tão precocemente corporativistas e incentivarem o continuar da situação invés de serem eles os precedentes da mudança. Fica aqui o meu escrito, sem ironia nem hipocrisia.
Nunca escrevi ou defendi em público esta ideia que vou interiorizando nos últimos tempos.
ResponderEliminarÉ uma atitude radical e eu não o sou.
A Saúde e a Educação deveriam ser totalmente sectores públicos, muito bem pagos.
Lol. Coorporativista só porque digo que o País ainda não tem capacidade formativa de qualidade para tantos médicos? É daquilo que vejo no terreno Marco, mas tu pensas que a formação de um médico é igual à formação de qualquer outra profissão? Que basta ir às aulas de anatomia? Onde vives?
ResponderEliminarOs teus argumentos, como de muita gente, é de que os médicos querem ser poucos para receberem mais Não. Um médico que só se dedique ao sector público ganha em final de carreira tanto quanto um professor, magistrado ou o que seja na mesma posição. E todos estes profissionais são mal pagos no sector público, quer queiras quer não queiras. Daí que se apercebendo disto e não tendo solução, e com tanta gente para empregar - pelas cunhas e confusão - deixa-se o médico exercer a sua actividade privada em total perversão com a pública, para compensar o que são anos intensos de estudo, de trabalho e de responsabilidade.
Um médico que queira auferir mais tem de se dedicar ao sector privado e trabalhar imenso. Mas acontece com qualquer negócio quando visto na perspectiva de mercado.
Pergunta a um professor se acha que devia ganhar tanto quanto o contínuo da escola ou a telefonista, que, com todo o respeito, não têm as mesmas responsabilidades e avaliação da opinião pública que têm os outros.
Não é por acaso que nunca se escreve, fala ou discute em blogs a qualidade da classe dos telefonistas, dos contínuos ou das auxliares de accção médica...
Tu focas o teu discurso na base salarial e nas dificuldades de formação.
ResponderEliminarEu não quero saber dos salários de este ou daquele, simplesmente, não penso que seja pelo aumento dos salários que o problema da saúde em Portugal se resolva. É uma exigência simples e ineficaz que leverá a um ciclo vicioso. Se os médicos querem um aumento salarial, também quererão outros profissionais bem mais prejudicados e não tanto priviligiados.
Não percebo tamanha arrogância para a abertura e desconfiança na formação de novos cursos de medicina a criar. Este discurso atingiu o auge em outros anos e sobre cursos e universidades que agora provam o contrário. O que dizes disto? Qual a razão para não se abrir mais cursos e faculdades? Porquê condicionar o acesso à profissão quando estamos na iminência de um colapso? O porquê do condicionamento? O porquê do continuar dos privilégios e regalias exageradas a esta profissão? O porquê do Estado garantir a formação na especialidade e o emprego sólido no fim de curso? Para depois irem imediatamente para onde recebem mais, numa atitude mercantilista.
São estas as questões que gostaria de ser debatidas por quem defende o continuar desta situação. E não questões secundárias e ineficientes como o aumento do salário, o dinheiro é tudo? É isto que se baseia a formação de um médico, o dinheiro o "status", o apontar de um grupo elitista? É isso que querem que continue? Por favor, tal como eu, que clarifico a minha opinião, gostaria que clarificassem as vossas.
Na saúde verificamos um fenómeno muito curioso. Temos um estado a formar médicos, e vemos esses mesmos profissionais a migrar para o sector privado onde podem usufruir salários substancialmente mais elevados do que no sector público.
ResponderEliminarVemos filas de espera incriveis para problemas de rápida solução.
Vemos (caso de cabeceiras) clínicas privadas ou virar da esquina de um Centro de sáude.
Vemos uma necessidade de médicos, onde há uma grande restrição na admissão (devido ao baixo número de vagas) nesse mesmo curso.
Não concordo com médicos feitos "à pressa". Mas reconheço que não vejo difrença entre uma aluno de secundário que tem média de 18,5 e outro que tem 17.
Será que o factor "marranço" é mais importante que a aptência e vocação dessa pessoa para um determinado curso?!
Quem estuda mais, será um melhor profissional no futuro?!
Deixo aqui a minha reflexão!
E pergunto directamente ao Vitor, sector privado ao público?! Por onde passa o futuro da saúde...
O sector da saúde em Portugal está doente há longos e infindáveis anos. Isso tem culpados tanto da parte do estado como também dos profissionais da saúde... e infelizmente as questões monetárias são, muitas vezes, posicionadas em primeiro lugar.
ResponderEliminarquem possui poder económico terá sempre melhor acesso à saúde.
Pois, os comentarios sao unanimes.
ResponderEliminarSimplesmente, apenas alguns, nao compreendem ou nao querem compreender o real estado da saude em Portugal.
E no lugar de tentar solucionar, estes, reivindicam mais beneficios inves das contrapartidas que iriam benefeciar todos.Enfim.
P.S. Penso que e consensual que o Vitor nao ira responder as verdadeiras questoes.