13 novembro 2008

O enfermo SNS

«Um relatório divulgado esta quinta feira pela organização "Health Consumer Powerhouse" coloca Portugal na 26ª posição entre 31 países europeus em relação à qualidade dos serviços de saúde prestados.(...)

Segundo o estudo, em Portugal "o acesso aos cuidados de saúde é um dos piores da Europa". Nas apresentação dos resultados, o director da pesquisa esclareceu que "Portugal ainda não conseguiu resolver o seu problema de acesso e de tempo de espera de tratamento, o que tem graves implicações para os pacientes e a capacidade do sistema em prestar cuidados"» via [Esquerda.net]

Ao contrário do que pensam algumas iluminadas almas que rejubilam com a "saúde" que temos e afirmam que Portugal está bem no contexto internacional (na área da Saúde), este estudo confirma a preocupante perda de qualidade na prestação de serviços de saúde prestados. Eu defendo o nosso Sistema de Saúde. Portanto, tenho um sincero intuito crítico sobre este. Defendo a universalidade e a gratuitidade dos serviços prestados pelo SNS, predominando sempre a qualidade nos seus serviços. A qualidade dos serviços prestados por esta entidade pública é determinante, daí a pertinência deste estudo, para a viabilidade do seu conceito de instituição pública. Logo, o apontar de erros é necessário (no contexto da crítica construtiva) e pertinente. Identificar os erros e, principalmente, assumi-los, é um passo importante para a sua correcção. Como instituição pública que é o SNS, infere a nós a responsabilidade de exigir um SNS com qualidade, universal e gratuito.

3 comentários:

  1. Não entendo: Ana Jorge passa por entre os pingos de chuva e não se molha.

    E Correia de Campos continua a dar conselhos ao Ministério da Saúde. Sim, é verdade.

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  2. Ana Jorge, provavelmente, estará a "segurar as pontas" até ao fim do mandato deste governo.

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  3. À semelhança de outros sectores da função pública, o SNS está doente. Vou dar alguns exemplos:
    PONTO 1 - Demasiadamente burocrático - é inadmissivel no século XXI algumas instituíçoes terem o papel como principal suporte de informação e armazenamento de dados. É ridiculo quando existem computadores, e depois não existem programas para os profissionais de saúde efectuarem os seus registos e articularem os mesmos entre si. Eu como enfermeiro, em todos os turnos perco por vezes 1 hora a escrever registos com papel e caneta;
    PONTO 2 - Défice de articulação entre cuidados de saúde primários com secundários e terciários -entre centros de saúde, hospitais bem como unidades de convalescença ou outras, a informação perde-se e dá ideia que estes pilares do SNS não fazem parte do mesmo;
    PONTO 3 - Má distribuição de recursos humanos e de mão-de-obra qualificada - penso que já não é novidade, e todos sabemos da falta de médicos e de enfermeiros em determinadas regiões do país, bem como dentro das próprias instituições, que inevitavelmente leva a desigualdades no que diz respeito à cobertura e ganhos em saúde;
    Ponto 4 - Saúde como um lobby - Infelizmente a ética profissional de alguns intervenientes do SNS é um conceito do além - o desvio de utentes do SNS do público para o privado tb não é novidade; os lobbys com as clínicas de exames de diagnóstico, laboratórios e a indústria farmacêutica e o sempre problema dos genéricos; as listas de espera de anos no serviço público e a inexistência das mesmas no serviço privado;
    Ponto 5 - Infraestructuras por vezes escassas ou degradadas - É tb ridículo existirem prisões(Afinal o crime compensa) e estádios de futebol com melhores condições que algumas instituições de saúde. Quero com isto dizer que as condições de trabalho nem sempre são as melhores e que não só influenciam negativamente os profissionais de saúde como tb os utentes.
    PONTO 6 - Má articulação entre profissionais de saúde - por muito que me custe dizer porque é de certa forma vergonhoso, existe por vezes, no seio dos serviços de saúde pouco trabalho de equipa. Entre médicos, enfermeiros, auxiliares de acção-médica, fisiopterapeutas, farmacêuticos, administrativos, etc, o trabalho é tendencialmente muito individualista. A velha guerra de classes ainda existe. E mais grave ainda é a falta de cooperação e o individualismo entre profissionais dentro das prórpias classes, muitas vezes por preguiça ou competição.
    Ponto 7 - Pouca aposta nos Cuidados de saude primários - Ainda se investe muitas energias e dinheiro no tratamento das doenças em vez de se investir na prevenção das mesmas, acabando por se gastar o dobro, o triplo ou mais.
    Ponto 8 - Cultura da sociedade - Desde a má utilização dos serviços de saúde por parte dos utentes, à pouca preocupação com a saúde por parte da sociedade enquanto saudável. Isto é, só nos lembrarmos da doença quando estamos realmente doentes.
    E podia estar aqui um dia inteiro a divagar, mas acho que já fiz uma radiografia resumida de alguns problemas de base, que levam inevitavelmente à vergonhosa posição que ocupamos neste ranking.

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