29 novembro 2008

Uma tese não apresentada no XVIII Congresso do PCP

Jerónimo de Sousa, o dogmático secretário-geral comunista, asseverou a sua distância a uma possível "união" política à esquerda para as próximas legislativas, digamos, de uma forma bem peremptória.

Com a "auto-demarcação" comunista, ficamos com duas hipóteses defendidas por Fernando Marques e por José Manuel Faria, que serviriam de suporte lógico à tese: " uma união política à esquerda contra um Partido Socialista descaracterizado".

1ª hipótese: A existência desse partido [um hipotético partido criado por Manuel Alegre], em si, obrigaria o Bloco a encontrar-se e a confrontar-se com os seus propósitos fundadores, para não perder os eleitores de esquerda mais moderados e o PCP a mudar se não quiser ficar ainda mais acantonado. Logo, a esquerda toda, só tinha uma saída: entender-se.

2ª hipótese: A união entre o Bloco de Esquerda, Movimento de Alegre, Renovadores Comunistas e Independentes de Esquerda.

Na relatividade do tempo, os dias e os momentos vão "escapando" a uma ruptura democrática à esquerda. Em Março deste ano pensava assim : um desejo de concretização e uma analogia de esta possibilidade (a protelada união) se estender à política local. Agora (citando Sócrates de Antenas), só sei que nada sei.

4 comentários:

  1. Penso que Alegre não formará um partido... Legitimaria as críticas que vieram a lume quando se candidatou à Presidência da República.Apoiei activamente esse movimento. Na altura, com grande entusiasmo: enquanto cidadã e só nessa condição.Hoje, faço uma análise diferente.Dentro dessas estruturas apercebemo-nos de vícios, de algum oportunismo que desagrada.De qualquer modo, foi um movimento de cidadãos verdadeiramente extraordinário.Não havia máquina partidária, não havia meios, havia vontade...
    Ainda assim, considero que faz falta um Partido Socialista.Realmente Socialista.Seria um contributo incontornável para o debate democrático e que acrescentaria vitalidade às forças mais à esquerda: BE e PCP.
    Não me agrada particularmente a ideia de uma agregação do Bloco ao movimento que surgiu com a candidatura de Alegre e que, viabilizou a candidatura de Helena Roseta a Lisboa.É de salientar que o BE, bem como o PCP apresentaram candidaturas à Presidência da República que teriam sido decisivas se apoiassem a candidatura de Manuel Alegre.Isso não se esquece. Claro que uma convergência de posições seria muito útil no debate de questões de fundo, na aprovação e rejeição de diplomas na AR, caso esse partido viesse a ter assento parlamentar.A esquerda tem esta fragilidade.Parece que se degladia entre si, em lugar, de se unir para combater políticas das quais discorda e que tem obrigação de pugnar por mudar... (Desculpem...alonguei-me demasiado..)

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  2. Cara Joana,

    Certo é, que a candidatura de Manuel Alegre à presidência, foi algo que teve tanto de belo como de tacticismo.

    Hoje, o Manuel Alegre possui o trunfo político dos resultados eleitorais da sua investida à presidência.

    Assim, e com outras variantes, se entende o "peso" que tem dentro do aparelho do PS. Entende-se também que ele possui uma "almofada" política, que o permite "divergir" frontalmente dos ditames do aparelho.

    Penso que algo necessário à política portuguesa é o surgimento de um "entendimento" à esquerda. Durante estes anos todos de democracia, Portugal viveu e respirou políticas de direita e centro. PS, PSD e PP mostraram quão desfasados estão de um modelo político e governativo que apoie e ajude os portugueses.

    Ideologias à parte, penso que a "verdadeira" esquerda portuguesa, para além dos seus "eternos" problemas de convivência, é aquela que possui o melhor modelo político e governativo para Portugal. Pelo menos é aquela que tem uma "folha" limpa no que concerne à "parte menos boa" da governação deste País nos últimos anos. Uma convergência à esquerda iria dar um outro fulgor a um modelo político que, por variadíssimas razões, ainda não se praticou por completo em Portugal.

    Esperemos para ver.

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