Tenho escrito muito sobre o meio que nos rodeia e o ser-se social. Contudo, não posso omitir um factor fundamental para ultrapassar a crise - a saúde geral, e a de cada um. Sendo eu da área, seria negligente da minha parte não abordar esta temática.
As crises podem trazer graves problemas à saúde global. Poderão surgir movimentos populacionais migratórios que traduzem dificuldades de integração/socialização/aculturação, susceptibilidade à transmissão de doenças até então "isoladas" geográficamente, bem como os conflitos referidos no post anterior. Os escassos recursos económicos e falta de expectativas/esperanças poderão ser responsáveis por perturbações mentais, como depressões e comportamento delirantes/psicóticos. Por outro lado a desnutrição (pela escassez de bens alimentares), pobreza extrema, défice de condições sanitárias, epidemias/pandemias, e dificuldades de acessibilidade aos serviços de saúde, são uma ameaça a ter em conta.
Se a crise é grave, mais grave é os protagonistas de uma possível inversão da mesma, adoecerem. Sem saúde não se consegue nada. É bom que cada um reflicta sobre a sua condição de saúde e, não apenas lembrar-se dela quando a doença já se instalou. Contra a natureza iremos ter uma luta permanente, porque não conseguimos eliminar os vírus, as bactérias, nem os outros agentes patogénicos presentes no ecossistema. Podemos até irradicar uns, mas depressa surgem outros. Depois há as doenças inevitáveis, umas surgem pelo envelhecimento natural e pela genética de cada um, e outras alheias a faixas etárias, surgem de forma silenciosa, e por vezes sem razão aparente. Como podemos constatar a doença é inevitável ao longo do ciclo de vida. No entanto, a adopção de estilos de vida saudáveis, contribui em larga escala para reforçar o sistema imunitário de cada um, diminuindo desta forma a susceptibilidade à doença, bem como, a melhor convivência e convalescença com a mesma. Maus hábitos alimentares, sedentarismo, consumo de drogas (e aqui incluo no mesmo pacote álcool e tabaco), stress, falta de descanço, isolamento... entre outros, são responsáveis pela morbilidade em todo o mundo.
Esqueçam as dietas milagrosas dos sítios e das revistas mágicas. Ainda que haja boa literatura sobre dietas, o que mais se lê por aí são barbaridades que podem pôr gravemente em risco a saúde de quem as segue. Se desejam emagrecer ou saber comer, procurem ajuda profissional (nutricionistas e médicos não faltam), lembrem-se de comer bem (qualidade versus quantidade) todo o ano, em vez de o fazer apenas quando o calor bate à porta e as roupas de cortes justos mostram o "pneuzinho" e a celulite.
Levantem os rabinhos do sofá e façam exercício físico. É o melhor aliado da saúde e a melhor forma de ligar o corpo à mente. Não desanimem à primeira, há tantos desportos que o importante é variar até se encontrar aquele que melhor se adapta à anátomo-fisiologia e condição de cada um (ex: andar a pé é simples, pouco cansativo e ao mesmo tempo excelente para a saúde). Se não forem experientes e quiserem optar por desportos mais exigentes, o melhor é procurar ajuda de profissionais ligados à área desportiva, passando préviamente por uma avaliação médica. E atenção, não criem expectativas elevadas, o exercício físico requer treino e adaptação do organismo graduais. Não pensem que estando em baixo de forma podem correr meia maratona tipo toiros. Isso apenas trará malefícios à vossa saúde.
Evitem o consumo de drogas. Estas representam substâncias tóxicas para o organismo que degradam as células e diminuem a sua capacidade de regeneração, para não falar do risco de dependência de consumo. As consequências não são novidade, envelhecimento precoce e as mais variadíssimas doenças associadas, bem como, a morte. Não quero dizer que não se possa fumar e beber esporadicamente, mas há que ser-se equilibrado.
Procurem relaxar, não vivam obcecados pelo trabalho e por fazer tudo o que está à vossa volta. O corpo e a mente precisam de momentos de calma que não se resumem apenas às horas de sono. Também é importante descansar acordado, fugir dos ambientes barulhentos e agitados, refugiando-se em locais calmos como as aldeias, as montanhas, à beira-mar, ou mesmo em casa a ouvir música, a ver um filme ou a ler um livro. É bom e ajuda à reflexão e auto-reflexão.
Não negligenciem a cama, durmam entre 7-8 horas por dia. Dormir a mais também não é saudável. O sono é fundamental para regenerar as células de todo o organismo.
Não se isolem, convivam em sociedade, saiam com os amigos, conversem com as pessoas, namorem, tenham uma vida sexual satisfatória, façam actividades em grupo... O reforço das relações inter-pessoais é nuclear para o equilíbrio mental e para a saúde em geral. O ser humano é um ser social.
Por fim não esperem pela doença. Procurem acompanhamento médico ao longo de todo o ciclo de vida. Muitos problemas de saúde futuros podem ser atenuados, controlados, e até evitados, se procurarem consultas de rastreio/promoção de saúde/prevenção da doença.
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