14 dezembro 2009

Convém ouvir e atender ao que se diz nesta reportagem

O Rio Bessa nasce em Montalegre e atravessa o nosso concelho desde Gondiães, até Cavez, passando por Vilar de Cunhas e desaguando no Tâmega. As paisagens que atravessa são raras e de extraordinária beleza com a mais-valia de possuir um ecossistema quase virgem. Contudo, um dos empreendimentos previstos no PNBEPH determinará a mudança radical da qualidade da água, das paisagens e do próprio caudal deste belo afluente do rio Tâmega. É consensual entre os especialistas que a população encontrada desta espécie rara de mexilhão (mexilhão-de-rio do norte) dificilmente poderá ser transferida para outro sítio. Como, esta espécie, só consegue viver e reproduzir em águas límpidas, pouco eutróficas, bem oxigenadas e em pouca profundidade (o que é o oposto -citando uma passagem da reportagem- do que acontece às águas após a construção de uma barragem) a barragem de Padroselos (se a legislação for cumprida) não poderá ser construída.

No entanto, outro pormenor se evidencia. Ao não construir a barragem o Estado tem pelo menos duas hipóteses: ou reembolsará a Iberdrola (empresa detentora dos direitos de exploração) no valor acordado (76 milhões de euros) ou dará o aval para o aumento da capacidade de produção nos outros três empreendimentos na bacia do Tâmega -em que a Iberdrola possui os direitos de exploração. Porém, esta segunda hipótese embate no estudo de avaliação do PNBEPH, encomendado pela União Europeia, que aconselha o Estado a diminuir em cerca de um terço a capacidade de produção de energia (com o objectivo de preservar o Ambiente, a qualidade da água e fazer cumprir a legislação portuguesa e europeia) nestes mesmos três empreendimentos.

A máxima continua: «Se a lei for cumprida nenhuma barragem na bacia do Tâmega será construída».

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