O jornal «Ecos de Basto» tem como notícia de capa uma entrevista com um administrador da EDP. Interessante a entrevista, com perguntas bem colocadas e com respostas, como não poderia de ser, bem calculadas. O título da entrevista é sintomático: «Barragem de Fridão apresenta-se como oportunidade de desenvolvimento». Convém, relembrar, que todo o «desenvolvimento» que uma barragem poderá trazer (com efeitos prolongados) é quase nulo. Isto é, por si só, uma barragem (empreendimento físico) não trará qualquer desenvolvimento para a terra que a acolhe. Contudo, o «desenvolvimento» é impulsionado com projectos à parte da construção da barragem. Estes mesmos projectos (de índole turística) seriam grandemente valorizados se fossem implementados sem a construção da barragem e sem a implosão do ecossistema do Tâmega.
É assim, o conjunto de governantes e políticos (e a população, para bem da verdade) só pensam (ou exigem) projectos e promessas de desenvolvimento em troca de algo que não se troca. Estamos na iminência de vender o Tâmega por meia dúzia de tostões, falsas promessas e com o aval dos políticos e governantes locais como, também, da desinformada e desinteressada população.
Sobre o resto gostaria de frisar que este jornal nunca expôs, nem uma linha, os contras dos empreendimentos destinados a arruinar o Tâmega. E foi notificado para tal mas, tal como as notícias do desagrado e incómodas, ficam relegadas às reuniões de direcção e para escárnio interno. Sem dúvida, um jornalismo de causas.
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