O voto de condenação à França sobre a expulsão indiscriminada de ciganos, proposto pelo BE, foi rejeitada no Parlamento. Embora houvesse algumas declarações de voto, abstenções e um voto a favor da condenação, no essencial PS, PSD e CDS-PP rejeitaram o voto de condenação da França pela atitude discriminatória em relação aos ciganos.
Nem o facto de ter sido encontrada uma "circular administrativa" do governo francês a determinar a eliminação de acampamentos ilegais, mas "prioritariamente os ciganos", deportando os "ilegais", nem as condenações de várias instâncias internacionais a condenar o atropelo aos mais fundamentais direitos humanos, ecoou na consciência dos parlamentares do PS, PSD e CDS.
De facto, os deputados eleitos no Partido Socialista para o Parlamento Europeu, dias antes votaram favoravelmente a uma condenação desta política discriminatória em França. Os congéneres portugueses, votaram em sentido contrário.
O que se passa na França é algo recorrente na história. O objectivo de classificar certas comunidades como bode expiatório dos problemas incómodos para os populares políticos é uma técnica conhecida. Em Portugal, nota-se. Os populistas que governam o CDS-PP elegeram os cidadãos que recebem o RSI como uma comunidade problemática e sobre a qual todos os problemas circundam. Sarkozy e associados, os ciganos.
Claro, há sempre quem sobre estas questões as desvalorizam. Dizem, os doutos, que nos tempos que correm, com a crise a desenvolver, os nossos parlamentares se ocuparem com estas e outras questões "menores" é insultuoso. A predominância económica é evidente naquelas mentes. Mas, como a história nos ensina, quando os mais fundamentais direitos estão a serem postos em causa num qualquer país distante, a resposta tem de ser globalmanente condenatória.
Comparativamente, à década de trinta do século passado, isto foi evidente. As políticas segregacionistas praticadas pelos nacionais-socialistas alemães eram, de uma forma passiva, desconsideradas pela maioria dos cidadãos da Alemanha. Os principais problemas eram a inflação galopante, o desemprego e a asfixiante crise económica. Não se preocuparam com aquelas minorias, já secularmente discriminadas. Depois, foi história e a história, por variadas vezes, foi uma profeta do futuro.
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