A credibilidade profissional dos deputados está, como se sabe, pela rua da amargura. Contudo, após o lamentável episódio da reprovação do projecto do CDS-PP que visava a suspensão do modelo de Avaliação dos professores, as reacções públicas de deputados e elementos relevantes da política portuguesa, catalisaram o triste episódio das faltas de comparência dos «eleitos da Nação».
Guilherme Silva, ex-líder parlamentar do PSD, invés de combater a causa (a falta de comparência dos deputados) resolveu propor apenas minorar as consequências do problema. Como? Evitando-o. Isto é, propôs como forma de garantir assiduidade dos parlamentares «que haja plenários da Assembleia da Republica apenas à terça, quarta ou quinta-feira, para evitar o problema das faltas dos deputados que saem mais cedo para o fim-de-semana».
Na mesma linha de discurso, a deputada do PS, Marta Rebelo, desvalorizou a questão das faltas dos deputados, considerando que «o que se passa no plenário» são questões «mais importantes do que a questão das faltas, que é política com 'p' pequenino»
Em pensamento uníssono, o egrégio ex-presidente da Assembleia da República, Almeida Santos, reafirmou a necessidade de defender o fim dos plenários às sextas-feira. Apelou, indirectamente, à compreensão dos eleitores para a falta de comparência dos parlamentares, devido a eles, auferirem um salário «baixo» o que implica que possuam outras actividades remuneradas para compensar o «baixo» salário.
Nestes discursos de desculpabilização revejo o pior da carreira parlamentar e da política. Ninguém, penso eu, está na Assembleia da República obrigado. Há uma obrigação pública e pessoal perante o cargo que se assume. A exigência de assiduidade perante um cargo público é um legítimo e natural direito para o cidadão eleitor e não um "uivo" de "política com 'p' pequenino".
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