Nos últimos anos o planeta inteiro viu o seu desenvolvimento económico centrar-se no mercado do crédito. O dinheiro foi o principal produto mercantilizado pelas sociedades globalizadas. E aqui residiu o erro. Entristece-me ver países económicamente fortes que agora estão na banca rota financeira, como é o caso da Islândia. Um pouco por toda a Europa o cenário é semelhante. Portugal desde os anos 90 até aos dias de hoje viu o seu crescimento económico basear-se no crédito ao consumo. A fácil acessibilidade a empréstimos, as reduzidas taxas de juro e a "febre" do consumismo, levaram milhares de cidadãos a contraírem dívidas. Um dos problemas que poucos sabíam é que muito do dinheiro que nos estavam a emprestar era dinheiro estrangeiro, e dinheiro virtual, isto é, dinheiro que ainda nem sequer existia (especulação). Dinheiro virtual atrás de dinheiro virtual, obrigou os bancos centrais a subirem as taxas de juro, sugando o orçamento das famílias portuguesas que inocentemente foram contraíndo dívidas à banca, pensando que tinham orçamento para as liquidar. Mais tarde ou mais cedo a crise teria de bater à porta. O panorama agora é um pouco diferente, as taxas de juro desceram mas muitos cidadãos não têm dinheiro para saldar as dívidas. Uns porque contraíram créditos em demasia e outros porque estão desempregados e não têm fontes de rendimento.
Por sua vez, as ajudas do Estado à banca foi outra temática fortemente badalada na comunicação social. A generalidade dos economistas afirmou que as injecções de capital nos bancos por parte do Estado, eram essenciais para salvar o sistema financeiro. Contudo, o caso BPN e outros, alteraram profundamente a visão que tínhamos da banca e, lançou o rastilho para que os avales do Estado fossem fortemente criticados. Como referi no post anterior, não sou economista nem especialista em finanças, apenas espero, como a generalidade dos portugueses esperam, que as ajudas do Estado à banca se traduzam em ajudas para as empresas e para toda a população em geral.
Penso que a sociedade tem de procurar poupar dinheiro e também recursos. Não faz sentido vivermos uma vida inteira usufruindo de bens materiais à custa de créditos. Se não temos dinheiro para suportar luxos, então não tenhamos luxos. Se quisermos luxos, devemos poupar para os ter, e não contrair dívida. A acessibilidade aos créditos deverá ser apertada e rigorosa. E os mesmos deverão ser reservados a bens essenciais ao nosso quotidiano e ao investimento sustentável.
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