14 fevereiro 2009

Reciclagem/rentabilização do meio (VII)

Energia e dependência energética têm sido apontados como uma das fragilidades maiores do nosso país.
Tive a oprtunidade de assistir ontem à conferência organizada pela Câmara Municipal de Cabeceiras de Basto, relativamente ao empreendimento da Barragem do Fridão. É de louvar estas iniciativas municipais, que contribuem para a aproximação da população à política e da política à população, enriquecendo o debate e a democracia. Algumas dúvidas ficaram esclarecidas embora outras se mantenham. Confesso que não tenho dados, não estudei nem pesquisei acerca desta temática para ter uma opinião devidamente fundamentada. Contudo, penso que todas as condicionantes devem ser colocadas na balança, para que a decisão final seja a mais vantajosa para os cidadãos dos municípios envolvidos e para todo o país.
Ao longo dos últimos anos e muito recentemente, temos vindo a pagar bem caro a nossa dependência do petróleo (combustível fóssil, portanto, esgotável e altamente poluente). O mercado liberalizado centrou a regulação dos preços das matérias-primas na premissa oferta-procura. Esta lógica de mercado globalizado, após o 11 de Setembro, teve como consequência as osciliações tendenciosamente inflaccionista da cotação do preço do crude e, o consequente aproveitamento especulativo pelas entidades de produção e distribuição. Todo o sistema económico a nível mundial ficou em alvoroço. Como era de esperar, as economias mais frágeis e dependentes desta fonte de energia ficaram estranguladas (Ex: Portugal)
Embora a cotação do petróleo tenha vindo a cair vertiginosamente face à crise financeira mundial e em consequência da diminuição da procura, uma inversão rápida desta tendência, traduzida numa nova subida vertiginosa, é possível, real, e de recear. Poderemos entrar em colapso energético, e isso será a crise a bater à porta até dos ricos e milonários. Sem energia não há nada! Com um cenário destes correríamos o risco de nem pão nem leite termos à mesa para comer. Por estes e outros motivos, Portugal e a UE (altamente dependentes do ouro negro), deverão continuar no reforço ao desenvolvimento e implementação de energias renováveis, cujas matérias-primas são inesgotáveis e ao mesmo tempo, traduzem energia menos poluente e amiga da natureza. A altura de avançar é agora, não podemos esperar mais e sustentar os caprichos do mercado capitalista.
Falou-se não há muito tempo, na possível construção de um central de energia nuclear em Portugal. Não conheço a viabilidade do empreendimento, mas matéria-prima temos no nosso país. Talvez faltem técnicos e tecnologia adequada para a construção/funcionnameno/manutenção. Para isso o Estado tem de incentivar as Universidades ao desenvolvimento destas tecnologias. Não "engulo" os ambientalistas em protesto contra a energia nuclear, porque esta é limpa, e embora o "fantasma" de Chernobyl paire na cabeça da maioria das pessoas, é bom lembrar que o desastre nuclear se deveu a erro humano, idiota e grosseiro. Desde então não me recordo de mais nenhum acidente nuclear em todo o mundo. Pela lógica ambientalista teríamos de obrigar Espanha a desactivar as suas centrais nucleares implantadas nas proximidades do nosso território. Outras formas de energia têm vindo a ser faladas, como a fotovoltaica, a geotérmica, a das marés, etc. Ontem na conferência sobre a Barragem do Fridão falou-se na incapacidade de massificação da energia fotovoltaica, por ser ainda demasiado cara e pouco rentável. Não contesto porque não sou especialista na área, mas não entendo como é que o governo central se prepara para incentivar a independência energética dos lares, através da instalação de paineis de células fotovoltaicas!? Suponhamos que todos os fogos habitacionais instalam os ditos paineis solares ficando autosuficientes do ponto de vista energético, isto não será uma massificação desta forma de energia?!
O importante será mesmo pensar numa alternativa ao petróleo. A energia tem de ser limpa e inesgotável, seja ela solar, eólica, das marés, geotérmica, hidrogénio ou outra qualquer. Os Governos e as Universidades terão de unir forças para desenvolverem novas tecnologias de produção e aproveitamento energético.
Um último factor de grande relevo passa pelo uso e rentabilização da energia. Os portugueses não sabem poupar energia nem rentabilizá-la. Novas medidas têm sido anunciadas pelo governo no sentido da poupança energética, quer pelo isolamento térmico dos lares, utilização de electrodomésticos classe A, lâmpadas económicas, até ao lembrar de apagar a luz quando não está a fazer falta. São medidas que eu aplaudo. Contudo, falta o mais importante, que é fazer chegar a mensagem às pessoas o mais rapidamente possivel. À semelhança dos ecopontos ecológicos espalhados por todo o país e que são um enorme sucesso, a meu ver, as escolas deveriam ter um papel fundamental neste sentido, que não se traduzisse apenas em campanhas, mas também, no ensino em salas de aula e actividades curriculares. As crianças adoram estas actividades e certamente seriam as primeiras a aderir e a passar a mensagem. A televisão é talvez o meio-de-comunicação mais eficaz para informar as populações. Mensagens curtas transmitidas diariamente em horário nobre, encurtanto os enfadonhos anúncios publicitários, certamente teriam grande sucesso neste sentido. Se os ecopontos foram um sucesso, a poupança e rentabilização energética também será. Eu acredito.

1 comentário:

  1. O Marco acredita e eu também mas, vai ser difícil incutir aos Portugueses poupar energia quando se vê os desperdícios por este País fora; não é muito incomum vêr em pleno dia luzes e outras coisas ligadas em lugares pùblicos.
    E sim, concordo que no futuro talvêz muito próximo não poderemos "fujir" mais ás centrais nucleares; por mim, já estavam cá.

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