Depois de a região ter sido presenteada com o plano nacional de barragens de elevado potencial hidroeléctrico que, em troca do nosso rio Tâmega, segundo os interessados, trará desenvolvimento turístico, comercial e industrial, emprego, a possibilidade de controle de cheias e secas, o abastecimento de água para consumo e rega, e um espelho de água limpinho, através da purificação milagrosa das Etars a construir, nós, gente de Basto, como bons portugueses que somos, devotos aos mandatários deste país, acreditamos também que viremos a ser beneficiados com a passagem do TGV.
É que esta coisa de ficarmos com muita água a nossos pés, com iates e barcos de pesca nas marinas fluviais, lojas de top com venda de roupas de marca, resorts tipo 6 estrelas, peixinhos e peixões exóticos altamente apreciados pelos amantes da pesca em águas paradas, provas de motonáutica remo e afins, vai-nos trazer tanta gente cá que importa que cheguem depressa.
E a solução a propor a quem manda, pois agora é a nossa vez de dizer – de baixo para cima – o que queremos para as nossas terras é fácil:
(re)activa-se a linha ferroviária do Tâmega, alargando-se um bocadinho a existente e o TGV vem até nós. De notar que a solução Light -Alfa, que por acaso já é bem rápida, inovadora e com muito menos custos para o País não nos convence, pois queremos ser como os espanhóis e os franceses. O que os outros países evoluídos utilizam em termos de transportes ferroviários não nos interessa.
Assim, expressamente de TGV para Basto:
A malta que chega ao Porto, de Madrid e de Lisboa, continua viagem até à Livração e pronto! – vem cá tudo parar e deixa cá ficar os patacos prometidos para nos fazer esquecer essa coisa do nosso rio, que não é mais do que um sentimentalismo bacoco, conservador, ultrapassado e que não dá dinheiro a ninguém.
O TGV passará pelo Marco de Canavezes e Amarante a alta velocidade, pois não convém que os turistas vejam a albufeira do Torrão, não vá o diabo tecê-las e quais ignorantes, pensarem que a albufeira de Fridão será igual e quererem voltar para trás;
Depois, na passagem por Codeçoso, poderão visualizar a inodora estação de tratamento de resíduos sólidos (em dias sem vento) e rapidamente estarão em Celorico, concelho que merece o TGV, porque ao aferir pela ausência de protestos e quase nulo número de subscritores na petição anti-barragem, indicia que são grandes apoiantes do propalado desenvolvimento provocado pelo investimento público, em mega projectos, mesmo que para a sua execução nos destruam a nossa identidade regional que tem como “veia cava”, precisamente, o tal rio Tâmega;
Segue-se rapidamente a viagem e num instantinho chega-se a Mondim, o meu canto de Basto, que vai ter, além da tal água limpinha a seus pés, uma grandessíssima prenda que é uma magnifica ponte, ultra moderna, que possibilitará a ligação entre Mondim e Celorico pela estrada nacional para que, nós, os de cá, os transmontanos, possamos com os nossos Mercedes, à velocidade de gente evoluída, sair deste desterro.
Claro que a futura ponte que nos vão oferecer para passarmos de carrinho, irá ter um tabuleiro especial com linha ferroviária para o TGV pois cá essa coisa de automotoras, como antigamente, já não se usa.
O tabuleiro com linha ferroviária ficará lá bem no alto, do tipo à altura da Sr.ª da Piedade, para que possa haver visibilidade suficiente, não vá os críticos da barragem terem razão e o nevoeiro que afectará Mondim ser tanto que o maquinista do TGV não consiga guiar o tal bicho!...
Os mondinenses, onde me incluo, irão pela primeira vez na história, ter estação para embarque e desembarque dentro da vila, pois, antigamente tínhamos que sair em Veade e vir a penantes para cima (ou na auto mondinense, quando esta fazia a ligação à vila);
Nova corrida e nova viagem, TGV de marcha atrás até Veade, e siga a marinha até ao Arco de Baúlhe, epicentro de Basto, onde os turistas poderão visitar de borla, pois incluído no preço do bilhete do TGV, o museu ferroviário lá existente.
Durante a viagem até à região, exigiremos que sejam servidos aos passageiros os nossos magníficos vinhos verdes, oferta limitada aos stocks existentes, produzidos nas ex-encostas do Tâmega, enquanto as nossas melhores vinhas de Veade e Canedo são transferidas para o Ladário, de Atei para a Sr.ª da Graça, e de Cavez para Vilar de Cunhas…
Até lá, a melhor estadia possível, até o desenvolvimento chegar!
post scriptum: Ribeira de Pena não será beneficiada com o TGV pois, segundo dizem, não vai precisar de turistas nem dos seus patacos, pois sendo accionista na exploração da água do Tâmega dispensa outras receitas extraordinárias.
Escrito por Alfredo Pinto Coelho
A estação seria o teu cu
ResponderEliminarÓ amigo vá dar uma volta
ResponderEliminarÓ anónimo porque não te identificas?
ResponderEliminarTens receio de algo? Ou será que tens as costas quentes?
Parece-me que sim!!!
Ana Lopes Vieira
(Lisboeta, com costeleta transmontano)
Quando não há domínio sobre a perversidade da mente, é sempre preferível o recurso ao silêncio do que fazer do anonimato o refúgio de impulsos que têm correcção.
ResponderEliminarJosé Emanuel Queirós
Volta e meia aparecem cá uns anónimos sem educação nenhuma!
ResponderEliminarMas que caralho vem a ser isto?
ResponderEliminarputha qhue pahriu ......y m inglish so soier................................................................................................................................................godbye
ResponderEliminarCostela transmontana?
ResponderEliminarJá provas-te a chouriça?