27 novembro 2010
10 maio 2010
Dias de Maio de 2010
Por: Alfredo Pinto Coelho.
Entre o final da queima (dos fígados) dos estudantes universitários e a mudança de grupo sanguíneo, de muitos campeões, para S de Sagres , a poeira de naftalina causada pelas bandeiras e cachecóis a agravar a nuvem esquisita, lá dos nórdicos, que por cá também veio parar, neste mês de Maio, do ano da graça de 2010, rumamos agora a grande velocidade para a bênção papal com bandeirinhas brancas e direito a folga para ir abanar o traseiro para o shopping,...
Na ressaca, campeões e universitários parece que vão pedir folga - à folga para ver o Papa.
Nestes dias de milagres, de capa preta ao princípio da noite, chuva de shots a arrepiar a espinha por entre a madrugada desenfreada, qual simplex , anula-se o traje, lingerie é para usar por fora, jovem que é jovem é resistente ao frio, quentes por dentro e por fora não há pêlo que trema, boca que não despeje, e siga a marinha: corpinho danone na calçada que a vida são dois dias...
Os menos dotados à aprendizagem para a vida, ao nascer do dia, divertem-se, ainda pequeninos, a tocar as campainhas nos prédios, porque o que importa é retardar até estourar (eles), e os outros chatear.
Festa rija em Portugal, enquanto aprovam a vinda do TGV que afinal vai ficar pelo Poceirão, pois a cheta não dá para chegar a Lisboa.
Deixa-os gritar: “ e quem não salta não é campeão ..”; deixa os estudantes dar o corpo ao manifesto: “são novos, não pensam ..” ; deixa andar, que estão distraídos!
Entretanto, prepara-se o corte ao 13.º mês e avisa-se que irão mesmo tornar a aumentar os impostos.
O Jesus, o treinador, já fez o milagre do ano embora conste que os milagres estão caros;
um ex-ministro das finanças, disse que a receita para resolver os problemas do país era:
ter fé!;
a nuvem de cinzas, essa, teima em nos deixar mas o Papa, parece, vai poder viajar para Portugal.
As previsões meteorológicas dizem que a 13 de Maio vai estar sol.
Para um tipo de 50 anos, do Sporting, em poupança de fígado e pobre em fé - não daquela que ainda lhe importa - que não vai ver o Papa e é alérgico a shoppings, a tolerância de ponto só poderá dar para dormir e esquecer.
01 maio 2010
De leitura aconselhável
Não tarda, o FMI estará de novo a passear por aí.
A explicação fácil é a de que o país teria hoje condições mais difíceis do que ontem para responder pelas suas obrigações.
E porquê? Porque nas últimas 24 horas produzimos menos? Não consta. Ou porque foi ao contrário? Também não sabemos. As oscilações nas taxas de juro da dívida pública não têm relação com a conjuntura económica no mesmo espaço de tempo. Têm a ver, isso sim, com os humores do tão badalado "mercado".
E o que é este "mercado"? O cidadão de Alcabideche não compra dívida pública. Quem compra obrigações dos Estados são instituições públicas e privadas de natureza financeira que, quando muito, as propõem aos seus clientes. Mais de dois terços da dívida grega está nas mãos da banca alemã. A banca nacional, por exemplo, tem 6,8 mil milhões de euros colocados em Atenas. Como decidem os bancos? Avaliando o risco. Se é elevado (taxa de juro alta), a expectativa de retorno compensa o perigo de incumprimento pelo Estado. Se é baixo (caso alemão, por exemplo) o investimento rende fraco ganho, mas é dinheiro em caixa.
Pergunta seguinte: e quem mede esse risco, quem informa o "mercado"? Aqui entram as agências de rating. Elas começaram por ser empresas que vendiam informações a potenciais compradores e vendedores de títulos de dívida. Com o tempo veio a centralização – há 4 no mundo, três norte-americanas e uma inglesa – e a sua irmã gémea, a corrupção. O termo não é meu, mas de Paul Krugman, nobel da economia. Com efeito, as firmas pagam a estas agências as notas que elas lhes dão. Este "mercado" funciona na base do princípio do emitente-pagador. Como ninguém corta a mão a quem lhe dá de comer...
As duas maiores agências encontram-se actualmente sob investigação do senado norte-americano. A "ameaça constante da perda de negócios" levou-as a "massajar" os indicadores em que se baseiam as notas. Como escreveu o nobel acima referido, elas "distribuem bilhetes de identidade falsos". Sabemos que assim é: 93 por cento dos títulos subprime classificados em 2006 como AAA são hoje lixo tóxico. Em matéria de credibilidade estamos conversados - elas subestimam o risco de quem lhes paga tanto como sobrestimam o das dívidas públicas.
Porque não se põe fim a um oligopólio que nos trama mas que foi incapaz de prever a bancarrota do Dubai e da Islândia? Porque não se criam, em substituição, agências públicas transnacionais, independentes dos interesses em jogo? A resposta é estúpida, mas não há outra: basicamente por nenhuma razão.
Mais estúpida do que ela só a constatação final: a Standard & Poor's atribuiu A– a Portugal porque este se revela incapaz de crescer... enquanto receita um PEC ainda mais recessivo. O aluno não será grande espingarda, mas o avaliador, esse é impagável.
Texto escrito por Miguel Portas.
15 março 2010
Há dias assim...
Por : Alfredo Pinto Coelho
O sol brilha mais, os nossos olhos irradiam a luz da esperança, a voz, mais alta, para quem nos quer ouvir, diz : Não !
Passado, presente e futuro.
Memória, ideal, objectivo.
13 de Março de 2010, dia de concentração de vontades, dia de união, dia de apelo à razão - com emoção, dia de contentamento, dia de liberdade , dia para dizer :Não!
Há dias em que os lobos gritam porque não têm asas para voar, em que os peixes perguntam : e depois, como vamos atravessar esses muros de betão?, as videiras reclamam porque não sabem nadar, homens perguntam se 1,6 % de energia é assim tanto para ainda mais quererem afogar? ...
Gente das águas bravas, com canoas a rodopiar gritam : deixem-nos navegar...
Há dias de solidariedade, em que o “Rio é nosso e daqueles que vieram manifestar-se ao nosso lado..” António Aires, blogue Força Fridão;
Há dias em que o Rio dança. para nos lembrar que é na dança dos rios que há vida;
Há dias assim e o povo sai à rua: movimentos cívicos pelo Tâmega, a Quercus, a Coagret, a LPN, a associação Campo Aberto, alguns presidentes de juntas de freguesia, ambientalistas, O Bloco de Esquerda e os Verdes, cidadãos republicanos, monárquicos, da esquerda, da direita, do centro e do que eles quiserem mais...
Há dias em que o “ o grito determina... “ grande Marco Gomes – blog o Remisso;
Há dias T , de Tâmega, “ em que se penduram as razões e os lamentos..” grande Vitor Pimenta, blog Mal Maior;
Há dias em que o rio se transforma e dá voz ao poeta - Mestre Zé Maravilha :
“ Eu sou o Rio
Há dias de livros, que depois de nascidos vão direitinhos para a eternidade - “corre-me um rio no peito” - de Jales de Oliveira;
Há dias de saudade, de homenagem e de revolta e todos somos o H o 2 e o O da água do Tâmega - “ o poeta morreu..” grande, grande, compadre Jales de Oliveira ;
Há dias de festa rija !
Há dias de viver, amar e agradecer a poesia ;
“Lágrima,
Há dias que são 13 de Março de 2010.
Há dias em que somos livres e podemos gritar : Viva a liberdade !
Há dias em que, com emoção, se pode gritar bem alto, pela razão !
Por um Tâmega livre, sempre!
Eu sou o ser que canta em pleno leito
e vos sussura as mensagens d`aventura,
Em mim vai um povo, meu eleito,
Nos caudais, até ao mar da desventura.”
Há dias de agradecer a Deus , pelo filhos que nos deu:
Ah! Grande Zé,
Ah! Grande Alfredo:
Este rio não é um rio,
Este rio é um fio de luz....
Uma lágrima sentida,
Uma lágrima vertida,
uma lágrima caída...”
03 fevereiro 2010
Os tempos que correm .... ( versão gastronómica)
Por : Alfredo Pinto Coelho
Ando preocupado com aquela conversa tida num restaurante, de um hotel, pelos vistos muito bem frequentado, onde estava aquela “gaja boa” que aparece na televisão. Afinal de contas, onde fica esse restaurante tão badalado?
Bom! - outras pessoas, mais insignificantes, também por lá estavam...mas isso, tanto me importa!
Afinal, o que o Sócrates diz ou disse, não vai mesmo valer de nada; o que o Crespo sentiu na pele, afinal está na ordem do dia; se os compinchas do “chefe” lá estavam, estou-me a marimbar para coisas menores...o que me importa mesmo, é saber qual a comidinha que a gaja boa comeu. Até porque, se ela lá vai, eu, quando juntar dinheirinho e for à capital, quero lá ir também, para sentir o “glamour” e o cheiro de gente importante. Espero, é poder comer bem e pagar pouco. Terei essa sorte?
15 janeiro 2010
Os tempos que correm... ( versão rápida, à velocidade do TGV)
Por: Alfredo Pinto Coelho
Depois do “Jamais”, agora o seu sucessor e detentor da pasta das Obras Públicas, falando das mais valias para o turismo que o TGV trará, aponta-nos a luz ao fundo do túnel e, com declarações que revolucionarão o turismo em Lisboa encontrou, suponho, a forma de salvar a capital, e por conseguinte Portugal, da banca rota . Segundo ele, Lisboa será a praia de Madrid.
Depois de muito reflectir, porque ao ler não atingi a ideia, acho que já percebo a coisa : com o TGV a chegar diariamente a Lisboa, repleto de hermanos banhistas (vestidinhos com bermudas vermelhas e amarelas da cor da bandeira), imbuídos numa de prainha, encherão a linha - do Cais do Sodré ao Guincho -, a apanhar sol do bom e a consumir umas bejecas e uns caracóis como só nós sabemos fazer. Dispondo de um transporte rápido, regressam por volta das 18 horas, ainda a tempo de tomarem um copo e uma tapa, na plaza mayor, antes de, queimadinhos do nosso sol, se aconchegarem ao som do Júlio Iglésias.
Também para os nossos hermanos mais desportistas, o TGV de Madrid a Lisboa vai ser uma maravilha pois poderão, segundo ele, e dadas “as nossas condições para desportos novos como o surf”, ( e agora deduzo eu ) poderem embarcar no tal super-rápido para a capital de Portugal regressando depois, alegremente, só que um pouco mais tarde, por volta das 20 horas.
Claro que os nossos hermanos “da crista da onda”, já não vão a tempo, como os outros, do copo e da tapa na plaza mayor, mas a vida é assim mesmo: quem quer vida saudável não tem tempo para alegrar o fígado ... Assim, está bem! Até a mim já me apetece ir à praia de TGV !
09 janeiro 2010
Os tempos que correm...( versão colorida)
Por: Alfredo Pinto Coelho
Agora, que não se fala doutra coisa, que não seja do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da disciplina de voto imposta pelo Sócrates, da necessidade de aprovação do orçamento de Estado e do discurso do Cavaco de final de ano, apetece-me, confesso, ver a vida mais colorida. È que estas coisas de ser (ou tentar parecer) sempre, que somos gente muito séria, muito preocupada e sempre, sempre, com opinião formada sobre tudo, cansa !
Portanto, para desanuviar, “os tempos que correm” também nos trazem notícias mais despreocupadas, mais soltas, diria, mais coloridas.
Grande notícia, confesso, e que se arrisca a ganhar o 1.º lugar do ranking das coisas boas para homens, é esta:
Maryse Vaillant, psicóloga francesa e autora do livro - Les Hommes, Làmour, La Fidélité, - concluiu, e após ter levado 10 anos a estudar o assunto ( supra e em francês), que os homens praticam o adultério por uma questão de identidade e que precisam dessa liberdade para não sufocarem ( revista Visão, n.º 879 de 7 a 13 de Janeiro / 10).
Mais brilhante mesmo, é que a autora ainda refere, em jeito de “ cereja em cima do bolo” que as mulheres não deveriam sofrer tanto por os parceiros as “enganarem” e que tal facto deveria mesmo ser, para as mulheres, também libertador - para elas saberem que o amor que eles lhes devotam não está, nesse acto, em causa. Melhor ainda , é que, no seu livro anterior ( Como as Mulheres Amam), ela explica que no caso delas ( mulheres), elas concentram-se, sobretudo, em construir e sustentar o crescimento dos seus homens.
Pois claro!...
Brilhante!, digo eu.
E porque mais cor é precisa, nesta vida ( cinzenta) de crise, aprendi, ao ler um artigo - Figura Sushi no feminino - também da revista Visão, da mesma data, que no Japão, suponho que os japoneses, não aceitam que as mulheres cozinhem peixe cru ( confeccionem Sushi) porque a teoria em vigor é que as mãos das mulheres são mais quentes que as dos homens.
Claro que se está sempre a aprender e que de uma só vez aprendi duas coisas: que o Sushi (então isto, afinal não é peixe cru ? ) se cozinha e que as mãos das mulheres são mais quentes.
Também digno de registo é ter ouvido uma locutora da televisão explicar que investigadores conceituados afirmam que o “ ponto G”, essa zona erógena tão procurada pelos espécimes do meu sexo, não passa de uma fantasia, sem confirmação científica. Fico mais sossegado !, digo eu.
Para terminar em apoteose, Francisco Van Zeller, presidente da CIP, in Diário Económico diz: “ Não consigo imaginar-me a viver com 450 € por mês”.
Pois !...
09 dezembro 2009
Os tempos que correm...
Um texto escrito por: Alfredo Pinto Coelho
Obras de rico: novo aeroporto, novas auto estradas, TGV..., grandes obras para um país de pobres: o aumento aos pensionistas com pensões mais baixas é de 17cêntimos / dia . Mais de 50% dos trabalhadores por conta de outrem em situação legal, recebem um vencimento líquido inferior a 650 euros.
Não, obrigado!
A malta acha que o aperto do cinto tem que ser para todos.
A crise não afecta os lucros da banca: os cinco maiores bancos a operar no país tiveram, nos primeiros 9 meses do ano, cerca de 5,1 milhões de euros de lucro por dia. Leu bem, 5,1 milhões por dia, o equivalente a mais 4% do que em 2008.
Não, obrigado!
A malta acha que não será preciso ganhar tanto, quando tanta população ( activa) se vê e deseja para conseguir pagar os encargos com os empréstimos contraídos para habitação própria.
Mais de 500.000 mil desempregados, número onde nem sequer entram aqueles desempregados de longa duração que, por nunca terem conseguido arranjar emprego, lhes chamam agora de inactivos.
Os “maus da fita” tipo FMI, dizem que Portugal tem que cortar nos salários sociais, nos benefícios fiscais e aumentar os impostos. O “nosso primeiro” diz que basta o relançamento da economia para ficar tudo nos eixos !.
Neste Portugal de “ fio dental “, com um défice superior a 8 %, continuamos para bingo enquanto uns políticos: o “nosso” primeiro, mais o “nosso” primeiro e mais o “nosso” primeiro , dizem que Portugal está bem e recomenda-se pois o crescimento da economia está à vista! e outros, que Portugal já nem dinheiro para a tanga tem.
No país de recibos verdes, da precariedade do emprego em que ficamos, afinal?
Enquanto a taxa de divórcios aumentou em 89 % em 10 anos, os do mesmo sexo querem, urgentemente, casar. Os do “não” são defensores do “conceito tradicional” do casamento. Os do “sim”, defendem direitos de pessoas.
Também no meu país, Basto country, há quem se queira casar: o padre de Carvalho fugiu com a sua amada de 18 anos; história bonita de vida, digo eu, apesar da minha opinião poder não interessar para ninguém, ou nada, que não seja a minha liberdade de pensamento.
Querem afogar 17 Km da linha ferroviária do Tua, obra prima do património ferroviário português e parte integrante do património da humanidade do Alto Douro Vinhateiro classificado pela UNESCO. Há quem lute pela sua (re) utilização para o fim que merece. Quem se deu ao trabalho de me ler até aqui, também pode ajudar ( htpp://www.peticao.com.pt/vale-do-tua ).
Enquanto isso, a água do Tâmega continua a correr para a foz, bem lá para Entre os Rios, apeadeiro final da sua liberdade. Por um Tâmega livre, sempre!
30 outubro 2009
The dark side of the democracia ( made in Portugal)
O caminho já percorrido (e repetido) tantas vezes por ilustres políticos deste país com o sais do governo, ou de altos cargos partidários, e entras para gestor - da banca ou empresas públicas - está manchado de exemplos obscuros que competem, fortemente, com outros lados escuros da nossa democracia.
Cada vez mais e com mais frequência, aquela coisa que os políticos deste país tanto gostam de fazer, que é “ reformarem-se da política” e ir acabar de encher os seus próprios cofres para as instituições “ mais ricas” deste Portugal dá, frequentemente, em tráfico de influências, em negócios pouco claros, em prejuízo para os contribuintes, em casos por explicar...
Tantas preocupações com o RSI e como toda a gente sabe, à excepção daqueles que não lhes convém reconhecer, o drama deste país não está no dinheiro gasto com quem precisa ( salvo excepções, como é próprio da regra ), mas antes com aquele que é gasto com quem dele menos precisa.
Pouca gente se preocupa com as reformas chorudas que alguns políticos obtêm após estágio intermédio ou de final de percurso político, em organismos públicos e similares, por lá terem trabalhado alguns meses ou poucos anos.
Tanta preocupação com o ladrão da esquina ( que não é de somenos importância num país que se pretende seguro) mas parece ninguém se importar por, efectivamente, combater e punir os criminosos de colarinho branco.
Tantos casos de corrupção ao mais alto nível e tão poucas as penas conhecidas.
Tanta preocupação, estudos e dúvidas sobre as razões que promovem a abstenção dos portugueses nas eleições, e a resposta tão perto de todos nós : a insatisfação com o funcionamento da democracia é generalizada.
Ninguém aceita que um qualquer árbitro da 5.ª liga seja visto a tomar café com uns dirigentes de um qualquer clube de bairro pois, “ aqui-del-rei”, que é corrupção e são todos uns gatunos e uns corruptos. E, no entanto, parece que ninguém se inconforma, efectivamente, com a “ naturalização da corrupção” ao alto nível da nossa sociedade.
Está visto.
O povo é sereno ! e continua a cantar : “ estou na lua, não me chateiem que eu agora estou na lua”.
Escrito por Alfredo Pinto Coelho.
03 outubro 2009
Leis e as suas lógicas, ou ilógicas
07 setembro 2009
Apontamento certeiro sobre o ruído após o debate entre Manuela Ferreira Leite e Francisco Louçã
«Nos comentários que se seguiram nas televisões, SIC-Notícias, TVI24 e RTPN, todos os comentadores viram o contrário. Não podendo evitar a excelência da prestação de Louçã e incapazes de o contraditar, falam em propostas inviáveis sem contudo concretizarem esta afirmação. E elogiam Manuela Ferreira Leite apenas porque as perspectivas à partida eram baixas. Não há pachorra! A propósito não há comentadores de esquerda nas televisões? No fim de debate fica a interrogação: quem era o candidato a primeiro-ministro?» Fernando Marques in Incoerências
Para quem queira acabar com as dúvidas, não há nada como ver o debate aqui.
08 junho 2009
Cuidado o "Papão" vem aí
No "rescaldo" das eleições europeias os órgãos de comunicação, em geral, estão pejados com opiniões e opinadores que barafustam adjectivos em relação aos partidos à esquerda do PS. Apelidam-nos como a extrema-esquerda. O intuito é claro (por parte de quem profere estes adjectivos): intimidar quem lê ou vê estes adjectivos, facilmente atribuídos, para suscitar velhas memórias e incutir o medo fácil da mudança. Se atribuem este adjectivo pelo facto que estes partidos situam-se à esquerda da geografia política do PS, o que dirão sobre o PP? Este partido situa-se no espaço à direita do PSD, por isso, segundo este tolo critério, também poderão poderão apelidar o CDS-PP como extrema-direita. Pois, à extremos e extremos.
31 maio 2009
Basto (também) quer o TGV
Depois de a região ter sido presenteada com o plano nacional de barragens de elevado potencial hidroeléctrico que, em troca do nosso rio Tâmega, segundo os interessados, trará desenvolvimento turístico, comercial e industrial, emprego, a possibilidade de controle de cheias e secas, o abastecimento de água para consumo e rega, e um espelho de água limpinho, através da purificação milagrosa das Etars a construir, nós, gente de Basto, como bons portugueses que somos, devotos aos mandatários deste país, acreditamos também que viremos a ser beneficiados com a passagem do TGV.
É que esta coisa de ficarmos com muita água a nossos pés, com iates e barcos de pesca nas marinas fluviais, lojas de top com venda de roupas de marca, resorts tipo 6 estrelas, peixinhos e peixões exóticos altamente apreciados pelos amantes da pesca em águas paradas, provas de motonáutica remo e afins, vai-nos trazer tanta gente cá que importa que cheguem depressa.
E a solução a propor a quem manda, pois agora é a nossa vez de dizer – de baixo para cima – o que queremos para as nossas terras é fácil:
(re)activa-se a linha ferroviária do Tâmega, alargando-se um bocadinho a existente e o TGV vem até nós. De notar que a solução Light -Alfa, que por acaso já é bem rápida, inovadora e com muito menos custos para o País não nos convence, pois queremos ser como os espanhóis e os franceses. O que os outros países evoluídos utilizam em termos de transportes ferroviários não nos interessa.
Assim, expressamente de TGV para Basto:
A malta que chega ao Porto, de Madrid e de Lisboa, continua viagem até à Livração e pronto! – vem cá tudo parar e deixa cá ficar os patacos prometidos para nos fazer esquecer essa coisa do nosso rio, que não é mais do que um sentimentalismo bacoco, conservador, ultrapassado e que não dá dinheiro a ninguém.
O TGV passará pelo Marco de Canavezes e Amarante a alta velocidade, pois não convém que os turistas vejam a albufeira do Torrão, não vá o diabo tecê-las e quais ignorantes, pensarem que a albufeira de Fridão será igual e quererem voltar para trás;
Depois, na passagem por Codeçoso, poderão visualizar a inodora estação de tratamento de resíduos sólidos (em dias sem vento) e rapidamente estarão em Celorico, concelho que merece o TGV, porque ao aferir pela ausência de protestos e quase nulo número de subscritores na petição anti-barragem, indicia que são grandes apoiantes do propalado desenvolvimento provocado pelo investimento público, em mega projectos, mesmo que para a sua execução nos destruam a nossa identidade regional que tem como “veia cava”, precisamente, o tal rio Tâmega;
Segue-se rapidamente a viagem e num instantinho chega-se a Mondim, o meu canto de Basto, que vai ter, além da tal água limpinha a seus pés, uma grandessíssima prenda que é uma magnifica ponte, ultra moderna, que possibilitará a ligação entre Mondim e Celorico pela estrada nacional para que, nós, os de cá, os transmontanos, possamos com os nossos Mercedes, à velocidade de gente evoluída, sair deste desterro.
Claro que a futura ponte que nos vão oferecer para passarmos de carrinho, irá ter um tabuleiro especial com linha ferroviária para o TGV pois cá essa coisa de automotoras, como antigamente, já não se usa.
O tabuleiro com linha ferroviária ficará lá bem no alto, do tipo à altura da Sr.ª da Piedade, para que possa haver visibilidade suficiente, não vá os críticos da barragem terem razão e o nevoeiro que afectará Mondim ser tanto que o maquinista do TGV não consiga guiar o tal bicho!...
Os mondinenses, onde me incluo, irão pela primeira vez na história, ter estação para embarque e desembarque dentro da vila, pois, antigamente tínhamos que sair em Veade e vir a penantes para cima (ou na auto mondinense, quando esta fazia a ligação à vila);
Nova corrida e nova viagem, TGV de marcha atrás até Veade, e siga a marinha até ao Arco de Baúlhe, epicentro de Basto, onde os turistas poderão visitar de borla, pois incluído no preço do bilhete do TGV, o museu ferroviário lá existente.
Durante a viagem até à região, exigiremos que sejam servidos aos passageiros os nossos magníficos vinhos verdes, oferta limitada aos stocks existentes, produzidos nas ex-encostas do Tâmega, enquanto as nossas melhores vinhas de Veade e Canedo são transferidas para o Ladário, de Atei para a Sr.ª da Graça, e de Cavez para Vilar de Cunhas…
Até lá, a melhor estadia possível, até o desenvolvimento chegar!
post scriptum: Ribeira de Pena não será beneficiada com o TGV pois, segundo dizem, não vai precisar de turistas nem dos seus patacos, pois sendo accionista na exploração da água do Tâmega dispensa outras receitas extraordinárias.
Escrito por Alfredo Pinto Coelho
12 abril 2009
"In dubio pro reo"
Alexandre Vaz, ilustre cidadão cabeceirense, elaborou um texto que descrevia, com a precisão que a ironia e a realidade nos proporcionam, o statu quo do ser e viver nesta terra.
Contudo, estes escritos, como em voga está, foram considerados "impróprios" pelo poder local. De referir, que um político ou entidade política possui uma "blindagem" legislativa que promove a liberdade de expressão e de actuação do eleito local. É compreensível e defensável esta situação, pois, por vezes, os eleitos no exercício das suas funções têm que enfrentar poderes, interesses e interesseiros em muito superiores à sua personalidade política.
Para compreenderemos bem a situação (nesta e em outras terras), basta analisarmos o texto em causa e reflectirmos se há ou não matéria injuriosa. De realçar, que a relação de forças entre o cidadão que opina e o poder local que se ofende é extremamente desproporcional. Pois, o cidadão comum não está legalmente "blindado" e contra si ocorre um poder económico, politico e de influência incomensuravelmente superior. Por vezes, o processo é a sentença.
Na senda para uma plena democracia, a opinião livre, responsável e não só, terá que inserir-se no conceito democrático. Restringir ou tentar intimidar a livre opinião é atentar contra o bem democrático. E isto é atentar contra os valores basilares da nossa existência, ou seja, atacar todo o cidadão, sem excepção.
05 abril 2009
"Ver José Sócrates apelar à moral na política é tão convincente quanto a defesa da monogamia por parte de Cicciolina."

O nosso primeiro-ministro, José Sócrates, apresentou uma queixa-crime ao colunista do Diário de Notícias João Miguel Tavares. Em causa, está um artigo escrito por João Miguel Tavares que José Sócrates considerou como "ofensivo". Um artigo pejado com frases (como a que serve de título a este post) pouco abonatórias à "áurea" política e ética de José Sócrates. Há quem afirme que isto é um gesto politicamente néscio e juridicamente inócuo. Contudo, lá, como cá, a técnica não é singular, já se viu e o objectivo é claro. Por vezes, o maquiavélico plano não torna o resultado da sentença como um fim mas sim o processo que leva até ao resultado.
07 março 2009
"Going deep"
«Então se o negócio das barragens —um verdadeiro cartel ilegal à luz da lei comunitária— não serve realmente para aumentar a nossa independência energética, nem para criar emprego duradouro, para que serve? Pois bem, serve para duas coisas simples e escondidas do olhar do público: para retro-alimentar e compensar o flop das eólicas (que não produzem o que a EDP prometeu aos accionistas, devido à natureza temperamental dos nossos ventos); e para privatizar paulatinamente o direito público da água e das margens dos rios e albufeiras. Este é que é o grande negócio secreto da EDP e dos poderosos lóbis que se movem em seu redor como morcegos.» in António Maria
Mais um interessante apontamento de António Cerveira Pinto, sobre o que pauta o (sub)desenvolvimento que tanto nos apregoam.
27 fevereiro 2009
O outro lado da "janelas"
«Microsoft despede milhares de trabalhadores ou colaboradores como hoje são chamados. Fica a dúvida se os despediu apenas para manter ou subir os lucros, ou se os despediu por incompetência. Aquela bela bosta de merda que é o Vista ou Me2 é um bom exemplo disso. Outro exemplo é a total incapacidade da MIcrosoft de conseguir produzir um sistema operativo minimamente seguro, coisa que os últimos ataques de vírus o demonstraram. Pior mesmo é a estúpida atitude da Microsoft em anunciar prémios monetários pela caça aos programadores desses vírus em vez de procurarem melhorar os seus programas para evitar mais casos destes. Como diria o gajo dos Contemporâneos, "Vão mas é trabalhar seus vagabundos de merda!". Andam por esse mundo fora a chular a sociedade e a impingir-lhes produtos podres...»
Esta e outras "sentenças" in Tux Vermelho
24 fevereiro 2009
Eu também não vendo, e tu?
De recomendável leitura, um artigo de Alfredo Pinto Coelho: «Eu não vendo o meu Rio e o meu Vale!»
18 fevereiro 2009
Barragens e afins
«Na região, ou nalgum dos seus concelhos afectados, tentar o debate sobre a problemática de qualquer uma das cinco barragens projectadas e programadas para a bacia do Tâmega com base nos argumentos das eléctricas (EDP ou IBERDROLA) ou em algum dos argumentos que temos ouvido do ministro do Ambiente e do Primeiro-ministro, seja o da “criação de emprego”, o das “energias renováveis”, do “cumprimento de Quioto”, de “combate às alterações climáticas”, da “independência nacional”, do “desenvolvimento do interior”, e agora como a chave para “dinamizar a economia nacional em tempo de crise”, é condescender com a tentativa de intoxicação da opinião pública e não de promover o seu esclarecimento, é seguir na via estreita, dogmática e sectária, de alienar patrimónios multigeracionais em que o Governo enveredou, é ceder ao facilitismo de argumentos brumosos, infundados e irresponsáveis, de possuir uma opinião sem ter de a construir a partir de fundamentos credíveis, válidos, actuais e escorreitos.» José Emanuel Queirós
«Fridão toca o concelho de Cabeceiras de raspão, daí ser legítimo questionar-se a oportunidade desta conferência[13 de Fevereiro]. Legitimidade, que também a têm, deve aceitar-se de todos quantos sentirão de facto, de uma forma ou de outra, os efeitos da barragem e, aos argumentos que sustentam as suas posições, devem contrapor-se argumentos. Tornou-se claro, a partir de certo momento, que o interesse da Câmara Municipal era defender o Plano Nacional de Barragens, obviamente, porque resulta de uma opção governamental, logo, democraticamente inquestionável.» Ílidio dos Santos