30 junho 2010

A7 e as SCUT

O Governo propôs, recentemente, a isenção dos valores a cobrar nas futuras portagens (físicas, ou não, a ver vamos) das sete SCUT, a quarenta e seis municípios. Para isso, e mais uma vez, utilizou o critério do índice de poder de compra concelhio (outrora, um critério predominante na atribuição de categoria de SCUT a uma estrada), isentando os concelhos que possuem um índice de poder de compra concelhio inferior a 80% da média nacional. Assim sendo, o que dirão os responsáveis e os governantes políticos (locais e nacionais) sobre os pagamentos de portagens (com custos para o utlizador) da Auto-Estrada número sete (A7) que atravessa o interior das Terras de Basto?

Segundo os mesmos dados em que o governo se baseou para propor esta futura isenção (o relatório de 2007 do INE sobre o PDC), à excepção do concelho de Vila Nova de Famalicão, todos os concelhos que são atravessados pela A7 cumprem este critério de isenção. Vejamos,

  • Guimarães: 78,92 % da média nacional do índice de poder de compra concelhio;
  • Fafe: 63,73 % da média nacional do índice de poder de compra concelhio;
  • Cabeceiras de Basto: 51,83 % da média nacional do índice de poder de compra concelhio;
  • Celorico de Basto: 47,55 % da média nacional do índice de poder de compra concelhio;
  • Ribeira de Pena: 46,34 % da média nacional do índice de poder de compra concelhio;
  • Vila Pouca de Aguiar: 52,46% da média nacional do índice de poder de compra concelhio.

Em resumo se conclui que estas terras apresentam indicadores económicos piores que muitos dos concelhos abrangidos pelas SCUT. Tendo, o agravante, de serem concelhos do interior desertificado e injustiçado.

Mais uma vez, a justiça impõe-se. Estes concelhos já usufruem de isenção no pagamento de portagens e poderão continuar a tê-la. Nada contra. Porém, a justiça impõe que onde haja, e baseado nas mesmos critérios, os mesmos problemas económicos se implemente as mesmas medidas. Não há uma razão lógica que explique que exista isenções no pagamento de portagens com determinados critérios e, onde, estes critérios são satisfeitos, não as haja. O que me incomoda é que durante estes anos todos, governantes, partidos, políticos e agentes locais não tenham exigido a justa isenção para estas terras do interior. O princípio é simples: a haver isenções no pagamento de portagens, que as haja nos sítios certos.

7 comentários:

  1. É uma autêntica palhaçada e chego a considerar esta polémica como circo! As pessoas da Região de Basto ganham em média muito menos que as do Litoral Norte ou Grande Porto mas pagam que se fo***. Que pague toda a gente que isto já me enerva. Na região de Basto há pouca gente e não chega para fazer pressão eleitoral, esse é que é o principal problema...

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  2. De acordo.
    Mas há um pormenor. A A7 é uma auto-estrada, não é uma scut.
    Eu sei, é um pormenor de linguagem, é uma minudência burocrática, mas a beleza do mundo reside nos pormenores...

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  3. Dario, tens razão. Embora as SCUT sejam auto-estadas sem custo para utilizador (que é uma treta, porque todos pagamos indirectamente ao Estado e o Estado à concessionária) na realidade elas não são auto-estradas. Aproximando-se, algumas, mais de vias rápidas.

    Porém, acho que é uma questão de justiça ao, a ver vamos, cumprir-se as palavras do primeiro-ministro (de isentar os moradores e empresas dos municípios que cumprirem estes requisitos) sobre a passagem das SCUT a auto-estradas "a pagar", então que se isente aqueles municípios em iguais e piores condições que também são atravessados por auto-estradas, não SCUTS, mas que pagam diabolicamente.

    Carlos, ou de duas uma: ou pagam todos ou não paga ninguém.

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  4. Exactamente Marco! E isso do nome é só mesmo do nome! Não vejo a diferença entre a A28, a A41 e a A7! E olha que já passei muitas vezes em todas. Talvez a A28 tenha um número de saídas superior ao normal, de resto não há diferenças...

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  5. Já que estamos a comparar o poder de compra, seria interessante comparar os valores de pagamento em causa nas diferentes auto-estradas nacionais e receio que a A7, utilizada em grande parte por pessoas residentes em concelhos com pouco poder de compra,seja uma das mais caras no país. Fica o desafio.

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  6. Pode ser o fim do apartheid das auto-estradas,pagam todos ou não paga nenhum, mas realmente o que o governo quer juntamente com os conssecionários é acabar com as portagens.
    Em Portugal paga-se tudo e mais alguma coisa .

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  7. não faz sentido o preço desta portagem - A7 - tão pouco faz sentido pagá-la, senão vejamos:

    -caso esta fosse grátis, as transportadoras e os privados que a utilizam frequentemenente para se deslocar para trabalho teriam ganhos consideráveis no orçamento.talvez até nem tivessem que sair do concelho de residencia, o que seria óptimo para não se perder constantemente jovens cabeceirenses e ainda as transportadores veriam as despesas baixar o que daria para criar 2/3 postos de trabalho por cada empresa.


    - a via do infante, algarve, encontra-se numa região riquíssima, onde o poder de compra é enorme, onde o turismo é enorme e onde os que nela circulam são pessoas de enorme poder financeiro, a começar pelos carros que usam.

    onde está a justiça?este, Marco, deveria ser o tema de capa do próximo jornal obasto.isto é um roubo.ROUBO.aiqumbertosofre

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